Na década de 1960 o jovem rabino Rabbi Adin Steinsaltz embarcou na enorme tarefa de traduzir os antigos textos judaicos do Talmude (livro das leis e doutrinas judaicas) para o hebraico moderno e, mais ainda, oferecer seus comentários lado a lado dos clássicos sábios.
O gigantesco trabalho levou 45 anos. Mas em novembro, em sua cidade-natal, Jerusalém, Steinsaltz, hoje com 73 anos, marcou o fim da tarefa quando o último dos 45 volumes de sua edição do Talmude Babilônico, originalmente concluído há 1.500 anos, saiu para impressão.
Steinsaltz, fraco após uma doença recente, selou seu feito no dia 7 de novembro com uma modesta cerimônia de encerramento na prefeitura da cidade e um vídeo ao vivo conectando 360 comunidades judaicas em 48 países num dia em que judeus do mundo todo aprenderam o espírito do Talmude. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, enviou cumprimentos por vídeo.
O Talmude, uma compilação e análise de leis orais e éticas judaicas que governam tudo, das relações conjugais à agricultura, é escrito como um fluido discurso rabínico. No entanto, seu estilo obscuro e condensado o tornou amplamente incompreensível para as pessoas, com exceção de sérios estudiosos. Ao acrescentar marcações de vogais e pontuação ao texto antigo, uma tradução para hebraico moderno que preenche os vazios, e interpretações contemporâneas, a edição de Steinsaltz pretende tornar o Talmude acessível a todos.
A diferença das traduções que circulam hoje e são relativamente modernas do início do século 20, baseadas na versão em inlgês conhecida por "Sonsino", é que este dedicado rabino retraduziu a versão completa em aramaico para o hebraico moderno.
Entre as 6.000 páginas de grande formato do trabalho, os trechos mais importantes também foram traduzidos do aramaico para inglês, francês, espanhol, alemão e russo. É o grande trabalho talmúdico de nossa era e vai nortear o judaísmo daqui para frente. (Foto de divulgação)
