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Ser turco em Jerusalém



Um dos únicos repórteres da Turquia atuando hoje em dia em Israel, Ediz Tiyansan, da TV estatal turca, diz que sua vida piorou muito depois do incidente com a chamada “Flotilha da Liberdade”, no dia 31 de maio passado. Naquele dia, a marinha israelense interceptou o navio Mavi Marmara, parte de uma flotilha de barcos que tentava furar o bloqueio marítimo à Faixa de Gaza, e, em meio a um confronto a bordo, nove ativistas turcos morreram.
Tiyansan conta que muita gente torce o nariz para ele toda vez que perguntam de onde ele é.

- Já fui até expulso de algumas lojas em Jerusalém. Os comerciantes dizem que não tem “nada para vender para turcos”.



O comentário do jornalista me lembrou vários relatos que ouvi de israelenses, que também já foram expulsos de lojas em Istambul por comerciantes pouco ou nada simpáticos a Israel. Um israelense me disse ter visto uma placa, certa vez, do lado de fora de uma loja com o dizer “proibido animais e israelenses”.

Em seu blog, Ediz Tiyansan, que mora há seis meses em Jerusalém, conta que até mesmo seus amigos jornalistas começaram a tratá-lo de forma diferente depois do incidente da flotilha.



“No mesmo dia, de volta no estúdio, eu estava conversando com meus colegas israelenses, que são, na verdade, ótimas pessoas, mas desde o primeiro dia da crise, não deixei de notar que a atitude deles mudou. Vejo que eles estão um pouco temerosos em relação ao governo turco e totalmente desapontados com todas as condenações pelo mundo”.



Se tivesse sido deslocado para Israel há dois ou três anos, o jornalista viveriam um clima bem mais amigável em relação à Turquia. Os israelenses nutriam até mesmo admiração pelo país de maioria muçulmana que mantinha um ótimo relacionamento diplomático com o Estado Judeu. O turismo israelense na Turquia estava florescendo, assim como a cooperação militar.



Mas o relacionamento entre os dois países, hoje, é de frieza e desconfiança.



O mal-estar começou na época da ofensiva israelense à Faixa de Gaza, há quase dois anos. Na época, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan chegou a bater boca com o presidente israelense Shimon Peres na conferência de Davos, dizendo que “quando se trata de matar, vocês (os israelenses) sabem muito bem como matar”.



Erdogan voltou a criticar duramente Israel nos meses seguintes, numa mudança diplomática clara em relação a Jerusalém e a Washington, e sinalizando com uma aproximação entre a Turquia e o mundo islâmico (principalmente Síria e Irã).



A assinatura do ”Acordo de Teerã”, com participação do Brasil, não ajudou em nada a dissipar o clima.

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