Hot Widget

Type Here to Get Search Results !

Apoio do Canadá a Israel pode-lhe ter custado lugar no Conselho de Segurança

A derrota do Canadá face a Portugal na corrida a um dos assentos não-permanentes do Conselho de Segurança da ONU está a provocar especulações na imprensa canadiana. Vários jornais e comentadores afirmam que a aproximação do Governo conservador a Israel poderá ter levado os países islâmicos a moverem uma oposição concertada à pretensão canadiana para "castigar" a política de Ottawa.

Foi a primeira vez na história que os esforços canadianos para obter um lugar no prestigioso Conselho de Segurança não foram coroados de sucesso. Desde a criação da organização, em 1948, o Canadá já participou seis vezes no Conselho.

Domingo o jornal israelita
Haaretz fez eco das especulações surgidas recentemente a este respeito na imprensa do Canadá. Longe de atribuírem a derrota aos méritos da candidatura portuguesa, os canadianos especulam que a mesma pode ser um reflexo da recente política externa de Ottawa no que respeita ao Médio Oriente.

Apesar de o voto para os dez lugares não-permanentes do Conselho de Segurança ser secreto, sabe-se que, historicamente, a Organização da Conferência Islâmica, que representa 56 países na assembleia geral da ONU, tem votado em bloco para influenciar o resultado de votações das organização no sentido de censurar Israel pelo tratamento dado aos palestinianos.


Alguns analistas concluem que o mesmo poderá ter sucedido agora. Apontam o facto de o actual primeiro-ministro canadiano, Stephen Harper, ter vindo a realizar uma decidida aproximação a Israel, ao mesmo tempo que o relacionamento entre o Canadá e a Autoridade Palestiniana tem vindo a arrefecer consideravelmente.

Um aliado próximoEntre os factos citados para sustentar esta tese contam-se os seguintes: Harper foi eleito em Fevereiro de 2006, após 13 anos consecutivos de Governo do Partido Liberal. O jornal The Economist refere que sob a chefia deste primeiro-ministro o Governo canadiano abandonou a tradicional postura de diplomacia multilateral, que Harper classificava de "estratégia de nação fraca".

A
Canadian Broadcasting Corporation (CBC), lembra que pouco depois de o Hamas ter saído vitorioso nas eleições para o parlamento palestiniano, o Governo conservador do Canadá rompeu todos os contactos com o grupo e cortou a assistência financeira à Autoridade Palestiniana que anteriormente ascendia a 7 milhões de dólares anuais.

Ao visitar o Canadá em Julho 2009, o ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Avigdor Lieberman, conhecido por pelas suas posições ultra-conservadoras, elogiou o Governo de Harper pela sua solidariedade diplomática para com o Estado judaico: "O Canadá é tão amigável, que não há necessidade de convencer ou explicar seja o que for a ninguém. Precisamos de aliados como este na arena internacional", disse então o Lieberman, citado pelo jornal judaico
The Jewish Tribune.

Em Janeiro de 2010 o Canadá foi o único país das Nações Unidas a reduzir as suas contribuições as para a UNRWA, a agência da ONU que fornece educação, cuidados de saúde e ajuda de emergência aos refugiados palestinianos na Cisjordânia e em Gaza, tendo efectuado um corte de 18 milhões de dólares em ajuda financeira.


No dia anterior ao da votação para o Conselho de Segurança o ministro do Comercio Internacional canadiano visitou Israel e anunciou o incremento das relações comerciais entre os dois países. O jornal canadiano
The National Post especula que esse poderá ter sido o último prego no caixão das aspirações canadianas ao Conselho de Segurança.
Outras interpretações culpam alheamento governamentalNo entanto esta interpretação não é unânime. Outros jornais e comentadores consideram que a derrota da candidatura do Canadá face à de Portugal pode ter tido mais a ver com a falta de empenhamento do Governo conservador no que respeita ás Nações Unidas e aos acordos internacionais em geral.

"A retirada unilateral do Canadá do tratado legalmente vinculativo sobre as alterações climáticas (protocolo de Quioto) pode ter tido um papel importante na derrota da candidatura canadiana" especula o director-executivo do grupo ambientalista Sierra Club Canad citado pela CBC.


O jornal nacional canadiano
The Globe and Mail recorda o facto de, em Setembro de 2009, o primeiro-ministro Stephen Harper ter saído a meio de um discurso de Barack Obama na Assembleia-geral da ONU, para ir inaugurar uma fábrica de "doughnuts" canadiana.

"Este é um Governo que ao longo de quatro anos basicamente ignorou as Nações Unidas e agora aparece subitamente a dizer: Olá, Ponham-nos no Conselho" comentou o líder do Partido Liberal Canadiano Michael Ignatieff.


"Não me interpretem mal", disse o líder dos liberais canadianos à CBC "Eu sei como é importante obter um assento no Concelho de Segurança, mas os canadianos têm de pôr a si próprios uma questão difícil: Será que este Governo fez algo para ganhar esse lugar? Não estamos convencidos de que o tenha feito!", disse Ignatieff.

Postar um comentário

0 Comentários
* Please Don't Spam Here. All the Comments are Reviewed by Admin.

Top Post Ad

Below Post Ad

Ads Section