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Coisas Judaicas |
O dia de Yom Kipur, literalmente, "O Dia do Perdão" é o dia mais sagrado do ano. É o dia em que o Sumo Sacerdote costumava entrar no “Sagrado dos Sagrados” e D’us torna mais fácil para todos fazer Teshuvá: 'Voltar' para ele.
Teshuvá, ao contrário do arrependimento, que só pode corrigir o futuro, pode voltar e corrigir o passado, ou, na língua do Talmud, "pecados se transformam em mérito."
Isso acontece porque no dia do Yom Kipur cada judeu sente o "Sagrado dos Sagrados”, que é pura Divindade, onde passado, presente e futuro são um só, e podem até mesmo transformar um passado ruim em bom.
Aqui estão duas histórias que vão ajudar a ilustrar este conceito.
1) Uma vez havia dois judeus que tinham uma discussão muito acalorada sobre a fronteira que separava suas propriedades vizinhas. Eles foram ao rabino Chaim de Velozin, um dos maiores especialistas de todos os tempos da Torá, para decidir seu caso. O rabino conseguiu acalmá-los o suficiente para ouvir o que eles estavam discutindo e, em seguida, insistiu que eles continuassem o caso no lugar real do terreno em questão.
Meia hora depois eles estavam de pé sobre o território disputado e o rabino deu a cada um deles a permissão para reivindicar o seu caso enquanto o outro faria silêncio. Quando cada um tinha feito seu pedido o rabino pensou por um minuto como se estivesse digerindo os dois argumentos e, em seguida, tirou o chapéu, colocou um lenço sobre o solo, se debruçou sobre o pano e colocou o ouvido na terra.
Os dois litigantes olharam para ele com perplexidade enquanto ouvia atentamente por um minuto alguma mensagem subterrânea, em seguida, levantou-se e se limpou.
"Bom!" O rabino anunciou, percebendo os olhares interrogativos. "Eu ouvi as suas reivindicações, mas eu queria ouvir o que a terra tinha a dizer." Cada um pensou que talvez o rabino fosse abençoado com algum tipo de percepção extra-sensorial até que o rabino interrompeu seus pensamentos.
Virou-se para um e disse: "Você diz que a terra pertence a você", em seguida, virou-se para o outro "e você diz que o terreno pertence a você. Mas a terra também disse alguma coisa. Ela disse que daqui a 30 ou 40 anos, vocês dois pertencerão a ela! Agora, vocês ainda estão interessados em atuar como egoístas?"
O rabino tinha colocado as coisas na perspectiva correta, lembrando-lhes de uma realidade maior, e enfraquecendo seu egoísmo. Eles olharam timidamente um para o outro, apertaram as mãos e fizeram um acordo.
2) A segunda história é sobre o sexto Rebe de Chabad, Rebe Yossef Yitschac. Quando ele era jovem, seus pais estavam procurando uma noiva adequada para ele e não foi fácil. Quem não queria esse rapaz talentoso, sagrado e importante para genro? Ofertas choveram de todos os cantos da Rússia e da Europa.
A avó do Rebe, a Rabanit Rivca (que tinha sido a quarta esposa do Rebe Shmuel) era uma mulher prática. Ela queria que a noiva, além de ser justa, solidária, positiva, etc., também fosse rica. Ela queria que o neto não passasse pelos sacrifícios financeiros que seu filho passou, e pudesse ficar livre para ajudar os outros.
Porém, seu filho, o Rebe Rashab, e sua esposa, favoreceram uma menina que tinha todas as boas qualidades que sua mãe queria... exceto o dinheiro.
Então todos eles foram ao noivo pedir sua opinião e ele ficou do lado dos pais e não da sua avó e ficou noivo de sua futura esposa: Nechama Dina.
Mas o Rebe Rashab, sentiu-se culpado, que ele e todos tinham ido contra a vontade da Rabanit Rivca e na primeira oportunidade, que foi poucas horas antes de Yom Kipur daquele ano, ele lhe pediu perdão.
Ela respondeu, dizendo que queria lhe contar uma história. Sentaram-se e disse:
"Era uma vez um judeu que vivia numa cidade pequena e tinha uma grande família. Antes do Yom Kipur ele decidiu que ao invés de passar o dia mais sagrado do ano em sua pequena cidade, em sua pequena sinagoga, todos iriam viajar para a cidade grande mais próxima, distante cerca de quatro horas de carro e passariam as festas com os parentes numa sinagoga grande com centenas de outros judeus.
O plano era que eles iriam partir para seu destino logo no início da manhã antes de Yom Kipur, de modo a chegar bem antes das festas, mas as coisas não correram como planejadas. Ele acordou cedo e estava pronto para ir às oito da manhã, mas sua família atrasou e uma hora depois ninguem ainda tinha sequer se vestido. Assim, ele anunciou que partiria antes deles com seu carro e que iriam alcançá-los com outro carro depois, achando que isso iria acelerá-los.
Ele dirigiu lentamente durante cerca de duas horas e quando viu que eles ainda não o tinham alcançado, foi para o lado da estrada, sob a sombra de uma árvore, e esperou por eles, tirando um cochilo.
Mas, infelizmente, sua família ficou tão envolvida com a arrumação das malas e preparação da viagem, que esqueceram completamente dos planos de seu pai, pegaram outro caminho e chegaram na cidade sem ele.
Horas depois, ele acordou e percebeu que tinha dormido muito! O sol estava se pondo e em menos de uma hora estaria escuro! É proibido viajar em Yom Kipur, e ele não tinha tempo suficiente para chegar à cidade ou voltar para casa. Ele teria que passar o dia sagrado sozinho na floresta! Sua família o abandonara.
Então, ele levantou as mãos para o céu e disse: "D’us Todo-Poderoso! Meus filhos se esqueceram de mim! Eles me deixaram! Mas, você sabe D'us? Eu lhes perdôo completamente! Agora eu quero que o senhor faça a mesma coisa: mesmo apesar de seus filhos, os judeus, terem se esquecido de você e até mesmo abandonado você... Os perdoe, com um coração completo como eu perdoei os meus filhos."
A Rabanit Rivca sorriu e disse: "Então? Em apenas algumas horas será Yom Kipur. Espero que D’us perdoe o seu povo com um coração tão completo quanto eu te perdôo por não me escutar!"
Ela transformou ‘pecados' em ‘méritos’ para todos os judeus.
Esta é a Teshuvá do Yom Kipur: primeiro nós colocamos nossas vidas na perspectiva correta (como na primeira história), segundo nós perdoamos as falhas dos outros e oramos por misericórdia, não apenas para nós, mas para todos (como na segunda história) e terceiro fazemos uma resolução para fazer todo o possível para ajudar o mundo inteiro.
COM OS MELHORES DESEJOS PARA UMA CHATIMÁ TOVÁ – COM UM ANO NOVO FELIZ, SAUDÁVEL E PRÓSPERO. QUE TODAS AS SUAS PRECES E DESEJOS POSSAM SER CUMPRIDOS COMPLETAMENTE. E QUE O ANO DE 5771 POSSA SER CHEIO DE BÊNÇÃOS E A VINDA DO JUSTO MASHIACH. AMÉN.
LEIS E COSTUMES PARA OBSERVAR
* Kaparot – um ritual muito antigo; são utilizados galos e galinhas (brancos, se possível) por cada homem e mulher, respectivamente. Gira-se as aves sobre a cabeça enquanto recitam-se versículos e passagens. O objetivo dessa prática é sensibilizar a pessoa que, ao observar a ave sendo abatida, conscientiza-se que, pelos seus méritos, talvez este destino estivesse estipulado para ela. E assim, arrepende-se de suas falhas e pede a D’us que a sua má sorte seja substituída pela ave.
O costume é de ofertar o valor das aves para Tsedacá, ou as aves para as famílias pobres. Na impossibilidade de realizar as Kaparot com aves, procede-se o mesmo ritual utilizando-se dinheiro, que é destinado à Tsedacá. No Domingo dia 12/set ou se possível na sexta, dia 17/set.
* Arrependimento-retorno, oração-conexão e caridade-justiça anulam um decreto ruim. Assim, em Yom Kipur, nós nos arrependemos e rezamos mais que o nosso hábito. Já que nós não podemos dar caridade no feriado, nós fazemos essa Mitzvá dando muita caridade em Erev (véspera de) Yom Kipur. Nossa clemência para outros invoca a clemência de Hashem por nós. É comum colocar caixinhas de Tsedacá na sinagoga. Na Sexta dia 17/set.
* Também há um costume de pedir-se um bolo doce, de mel (Leikach) em Erev Yom Kipur, dia anterior a Yom Kipur. A razão é que se, D'us nos livre, foi decretado que nós tenhamos que implorar por ajuda este ano, nós rezamos para que o pedido por um bolo de mel em Erev Yom Kipur seja o suficiente para que nós tenhamos um ano doce, de mel. Na sexta, dia 17/set.
* Em Erev Yom Kipur, é mitsvá comermos uma refeição festiva, para demonstrar nossa fé e confiança na misericórdia Divina. É costume comer panquecas enchidas de carne (Kreplach). A razão é que no serviço de Yom Kipur nós citamos o profeta Isaías (1:18), "Se seus pecados são tão vermelhos quanto a linha escarlate, eles ficarão tão brancos quanto neve." Nós simbolizamos esta profecia comendo "Kreplach" que consiste em carne vermelha coberta com massa branca. Na sexta dia 17/set.
* Em Erev Yom Kipur, se acende uma vela memorial de yahrzeit (por ente falecido) e uma vela da vida (por família - velas de no mínimo 24 Hs acesas antes de Yom Kipur)
* Outro belo costume para este dia é que os pais abençoem seus filhos e filhas com a Benção Sacerdotal (além de todas as bençãos de saúde, sustento, bom casamento, etc. que desejam para os filho(a)s):
"Que D'us te abençoe e te guarde... Que D'us faça brilhar Sua Face sobre você e seja favorável a ti... Que D'us vire Sua face em sua direção, e lhe conceda paz."
* Cinco Proibições
Yom Kipur começa no pôr-do-sol de SEXTA, 17/SET (JEJUM de 17:42 até 18:38 em SP e 17:27 até 18:24 no RIO) e termina após o anoitecer na SÁBADO. Além de todas as atividades proibidas em Shabat, existem cinco atividades particularmente proibidas em Yom Kipur: comer e beber, usar cremes e perfumes, relações conjugais, se banhar (por prazer) e usar calçados de couro (ou camurça).
Até Yom Kipur recitamos capítulos de Tehilim (Salmos) adicionais em seqüência (além da porção diária). No Yom Kipur serão os seguintes Salmos (terminando todo o Livro!):