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Livro afirma que Wiesenthal trabalhou para agência de espionagem de Israel



Biografia revela segredos sobre o sobrevivente do Holocausto que ganhou fama mundial por décadas como caçador de nazistas solitário 



The New York Times

Simon Wiesenthal na sua casa em Vienna, Austria – 1975 (GOESS/SIPA) 

Obra também sugere a necessidade de reavaliar o visão de que o governo israelense não tinha interesse em perseguir nazistas até a captura, em 1960, de Adolf Eichmann na Argentina
Simon Wiesenthal, o sobrevivente do Holocausto que ganhou fama mundial por décadas como caçador de nazistas solitário era, na verdade, sustentado pela Mossad, a agência israelense de espionagem, afirma uma nova biografia. 

A afirmação, com base em numerosos documentos e entrevistas com três pessoas, destrói a crença amplamente aceita sobre como ele operava. Além disso, também sugere a necessidade de reavaliar o visão de que o governo israelense não tinha interesse em perseguir nazistas até a captura, em 1960, de Adolf Eichmann na Argentina. Wiesenthal morreu em 2005, aos 96 anos, em sua casa em Viena.

"Isso nos obriga a adaptar de alguma forma nossa visão de história", disse Tom Segev, o autor do novo livro Simon Wiesenthal: The Life and Legends, que será publicado esta semana nos Estados Unidos e em outros seis países.
Segev, que é israelense e colunista do jornal Haaretz, é autor de meia dúzia de outros livros, principalmente sobre a história de Israel. Em entrevista, disse que teve acesso irrestrito a documentos de Wiesenthal – cerca de 300 mil, antes fechados ao público – graças a filha de Wiesenthal, Paulinka Kreisberg.

Ao ler a correspondência de Wiesenthal, Segev deparou-se com nomes que não reconheceu e descobriu que eram agentes e operadores da Mossad. Ele entrevistou três deles e deu nome a dois no livro. Segev disse que Wiesenthal foi empregado pela primeira vez pelo departamento político do Ministério de Relações Exteriores de Israel, precursor da Mossad, e mais tarde pela própria agência. Ela financiou seu primeiro escritório em Viena em 1960, pagou-lhe um salário mensal e ofereceu a ele um passaporte israelense, diz a biografia. O nome-código de Wiesenthal era Theocrat.

Eichmann - Sua principal tarefa era ajudar a localizar os criminosos nazistas, incluindo Eichmann, um dos arquitetos da Solução Final, e especialmente observar neonazistas e fornecer informações sobre as atividades de ex-nazistas em países árabes. O livro também informa que Wiesenthal fez parte de uma tentativa, em grande parte desconhecida até agora, de prender Eichmann na Áustria, nos últimos dias de 1949.

Segundo a obra, um agente israelense que auxiliava Wiesenthal pode ter sido a causa do fracasso da operação, ao revelar a companheiros em bares locais, durante o Ano Novo, histórias sobre a guerra recém-concluída da independência de Israel. A notícia da presença de um israelense se espalhou e a planejada visita de Eichmann para ver a esposa e o filho foi abruptamente cancelada, diz o livro.

A operação foi iniciada por Asher Ben Natan, mais tarde o primeiro embaixador israelense na Alemanha, que falou sobre isso com Segev. O relatório da operação, tornado público há pouco tempo, também é citado. Segev disse que enviou seu manuscrito para a censura militar israelense, ação exigida para qualquer obra sobre questões relacionadas à segurança em Israel. 

O papel de Wiesenthal na captura de Eichmann em 1960 é o centro de uma disputa. Isser Harel, ex-chefe da Mossad, agora morto, alegava que o caçador de nazistas não merecia crédito. Mas o livro afirma que Weisenthal, financiado pela embaixada israelense em Viena, disse ao Mossad, em 1953, que Eichmann estava escondido na Argentina, o que levou à sua captura pela agência. O julgamento televisionado de Eichmann em Israel foi um marco na moderna consciência do Holocausto. Ele foi condenado e enforcado em 1962.

Wiesenthal, uma figura complexa e muitas vezes controversa, se opôs à execução, segundo apurou Segev  por meio da análise da correspondência. A oposição à pena de morte não era moral, mas baseada na crença de que Eichmann ainda não havia dito tudo o que sabia e que seu testemunho poderia ser útil no futuro. 

O livro mostra que Wiesenthal ajudou discretamente a Kurt Waldheim, o ex-secretário-geral das Nações Unidas e presidente da Áustria, quando ele foi acusado por grupos judaicos de ter mentido sobre sua passagem no Exército alemão. As suspeitas mais graves contra Waldheim sobre crimes de guerra nunca foram provadas e o papel de Weisenthal foi a de atuar como consultor nos bastidores para seu colega austríaco. 

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