Criar e procriar

Criar e procriar

magal53
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B”H

Encontramos no Zohar [III:148b], ParashĆ” BehaalotechĆ” que:

“‘Fala a Aharon, e dize-lhe: Quando acenderes as lĆ¢mpadas, as sete lĆ¢mpadas iluminarĆ£o o espaƧo em frente da menorĆ”. E Aharon fez assim: Acendeu as lĆ¢mpadas da menorĆ”’ (BaMidbar [8:2-3]). R' YehudĆ” discursou sobre o verso: ‘O qual Ć© como um noivo que sai do seu leito conjugal’ (Tehillim [19:6]). ‘Feliz Ć© a porĆ§Ć£o de Yisrael’, ele disse, ‘na qual o Sagrado, abenƧoado seja ele, deleita-Se e para qual Ele deu a TorĆ” da verdade, a Ɓrvore da Vida, da qual aquele que se une a ela alcanƧa vida Neste mundo e no mundo vindouro’”

As sete lĆ¢mpadas representam a manifestaĆ§Ć£o fĆ­sica dos partsufim de Ze’ir Anpin e Nukva[1], e simbolizam tambĆ©m os trĆŖs ramos ou ‘colunas’ da menorĆ”: o esquerdo, o direito, e o central. Agora, o brilho Divino que flui atravĆ©s das middot (e portanto, das lĆ¢mpadas), toma forma e entra em um estado de mĆ”xima atividade potencial na s’firĆ” de Yesod (‘fundaĆ§Ć£o, ou na base da menorĆ”’) que Ć© conectada no grau mundano com os Ć³rgĆ£os reprodutores humanos[2].

Isso ocorre pois, Ć© atravĆ©s dos Ć³rgĆ£os reprodutores, correlacionados com a s’firĆ” de Yesod, que o ato de uniĆ£o faz passar pelo brit (‘a alianƧa sagrada’) todas as ‘forƧas concentradas’ do corpo, dando inicio a o processo (pro)criador — como uma “semente [que] estĆ” nela”[3] mesma, um corpo possui a capacidade de gerar noutro, atravĆ©s de suas ‘sementes’, e se houver brachĆ” (‘benĆ§Ć£o’), um novo ser.

No entanto, este ‘potencial criativo’ (que Ć© pura energia) Ć© algo que a sitra achra (‘o outro lado’) fortemente deseja se apossar para se alimentar; e isso ocorre na medida em que o homem tem sua forƧa vital diminuĆ­da, o que implica na diminuiĆ§Ć£o tambĆ©m de sua forƧa espiritual.

E Ć© de fato desta maneira que a sitra achra impeli a pessoa ao ‘gasto a esmo’ desta energia sexual criadora pois, quando esta energia nĆ£o encontra um k’eli (‘recipiente’) apropriado ela se perde, por assim dizer, e se degenera, tornando-se o oposto de sua origim, que Ć© a destruiĆ§Ć£o e a morte[4], e assim como estĆ” escrito, “se a mulher de um homem nĆ£o pode conceber um filho, mesmo assim, ele deve orar para que D’us provenha para ele um recipiente de acordo, para que suas sementes nĆ£o se estraguem.

Pois aquele que descarrega sua semente em um recipiente que nĆ£o Ć© apropriado, ‘corrompe e deteriora’ sua semente”[5]. Esta destruiĆ§Ć£o significa um acrĆ©scimo, D’us nĆ£o permita, das chitzonim (‘forƧas estranhas’) que se vivificam na separaĆ§Ć£o e afastamento da Santidade. Isso Ć© assim pois a origem do poder de Yesod Ć© a s’firĆ” de Da’at (‘conhecimento’), o que significa que o desejo e ato sexual se iniciam na mente da pessoa, que Ć© onde reside o esplendor d’alma; e assim como Ć© sabido, “a moradia d’alma divina encontra-se no cĆ©rebro que estĆ” na cabeƧa ”[6].

No entanto, este conhecimento ligado Ć  Da’at Ć© aprofundado e de qualidade espiritual, de forma a integrar o conhecimento espiritual em todos os seus graus e nĆ­veis. Assim, como o mal Ć© simplesmente o fĆ­sico engrossado, i.e, que apenas recebe e nĆ£o tem luz prĆ³pria[7], vemos que todo este mal fortemente deseja esta energia brilhante de criaĆ§Ć£o a qual Ć© ligada diretamente Ć  origem Santa, pois o mal Ć© desprovido desta vitalidade especial.

A partir do intelecto da pessoa, ela precisa decidir se a energia sexual serĆ” usada para a ‘ascenĆ§Ć£o espiritual’ (o que implica na purifiĆ§Ć£o de sua mente e resguardo da energia vital) ou para a criaĆ§Ć£o (i.e., a ‘descensĆ£o espiritual’[8]); mas de fato e como Ć© conhecido pelos adeptos da CabalĆ”, o cĆ³digo para esta decisĆ£o Ć© o grau esotĆ©rico de “nĆ£o tocareis para que nĆ£o morrais”[9] — assim, se o homem ‘nĆ£o tocar’ em uma mulher ele pode ascender, se tocar, ele pode criar mas perde energia fĆ­sica e espiritual, e desta maneira ele morre um pouco nos dois nĆ­veis, que D’us nĆ£o permita; querendo dizer tambĆ©m que a aĆ§Ć£o elicta de fato uma resposta fĆ­sica (‘a consumaĆ§Ć£o do ato de uniĆ£o’) e espiritual (i.e., na geraĆ§Ć£o de um novo ser investido de uma alma), mais implica em desgaste no mundo fĆ­sico e em uma mancha no espiritual (caso o kavanĆ” [‘intenĆ§Ć£o’] sobre o ato nĆ£o for positivo).

Em um outro nĆ­vel, a prĆ³pria criaĆ§Ć£o intelectual tambĆ©m passa pela s’firĆ” de Yesod, pois uma idĆ©ia ou a compreensĆ£o em geral sĆ£o luzes que descendem tambĆ©m do grau espiritual, sempre em acordo com os atributos naturais da pessoa e sua posiĆ§Ć£o espiritual . De fato, Ć© em Yesod que no momento que antecede o ‘nascimento’ desta luz (i.e., a expressĆ£o da idĆ©ia sob o ponto de vista mundano), que ela, antropomorficamente falando, ‘cresce, se desenvolve, se alimenta, e se forma em um estĆ”gio final’ a tal ponto de impelir sua manifestaĆ§Ć£o completa e esplendor mĆ”ximo na descida final para Malchut; que Ć© Este mundo aqui de aĆ§Ć£o que recebe e demonstra toda a expressĆ£o deste shefa (‘fluxo’).

Este processo da constante luz Divina que descende para graus inferiores atĆ© o nosso mundo, sempre passa pelo canal de Yesod como Ćŗltimo estĆ”gio anterior a qualquer manifestaĆ§Ć£o mundana. Sob o ponto de vista psicolĆ³gico, este processo ocorre de mesma forma.

O amor, por exemplo, que Ć© expressado por todo o sistema emocional, Ć© originĆ”rio no intelecto (BinĆ”) pois esta parte ‘decompƵe’ em estrutura o flash de compreensĆ£o do intelecto (ChochmĆ”), e assim elicita uma resposta emocional no indivĆ­duo. No entanto, o intelecto tem caracterĆ­sticas muito particulares de auto-referĆŖncia e orientaĆ§Ć£o que demandam a constante adaptaĆ§Ć£o da realidade ao intelecto (e nĆ£o ao contrĆ”rio com se suporia).

Este Ć­mpeto de transformaĆ§Ć£o da realidade provĆ©m do Yesod de BinĆ” (i.e., a fundaĆ§Ć£o da compreensĆ£o), que prepara o pensamento no instante imediatamente precedente da emoĆ§Ć£o que corresponderĆ” Ć  idĆ©ia. Ou seja, Ć© da natureza do pensamento impelir a realidade com o nascimento da idĆ©ia que assim se expande nas emoƧƵes. Este processo de iluminaĆ§Ć£o do intelecto e das emoƧƵes subseqĆ¼entes, se conectado como a santidade do estudo da TorĆ” e das mitzvot, leva a maturaĆ§Ć£o e a elevaĆ§Ć£o do Ze’ir Anpin (das middot), digo, assim como o dibbur (a fala ou a verbalizaĆ§Ć£o da reza) aumenta o kavanĆ” (‘intenĆ§Ć£o’) de uma t’filĆ” (oraĆ§Ć£o), pois “atravĆ©s da voz, a pessoa desperta a intenĆ§Ć£o de seu coraĆ§Ć£o e mente”[10], a expressĆ£o do intelecto purificado nas emoƧƵes, amadurece o carĆ”ter do indivĆ­duo, como ensina a Chassidut.

Os trĆŖs ramos da menorĆ” representam a subdivisĆ£o do Ze’ir Anpin no lado de ChochmĆ” (direito) com as s’firot de Chesed e Netzach, no lado de BinĆ” (esquerdo) com as s’firot de GevurĆ” e Hod, e no centro atravĆ©s de Keter, com as s’firot de Da’at, Tiferet, Yesod e Malchut. Com o desejo de expressĆ£o emocional (Yesod) de um intelecto ligado ao Divino, a configuraĆ§Ć£o (partsuf) amadurece, pois a expressĆ£o leva o individuo a novos graus de intenĆ§Ć£o (Keter do Ze’ir Anpin , ou seja, a ‘base do carĆ”ter’) que por sua vez recaem sobre o intelecto desejando por fim se manifestar, ou seja, se auto-validar em um processo de constante regeneraĆ§Ć£o.

Assim, em acendendo as lĆ¢mpadas da menorĆ”, Aharon representa o caminho em que o fluxo de Ze’ir Anpin (o qual tem como principal emoĆ§Ć£o o amor[11]) favorece o amadurecimento destas middot. A caracterĆ­stica bĆ”sica de Aharon era o amor, pois como sabemos: “Seja um aluno de Aharon, amando a paz e perseguindo a paz, amando as criaturas e se aproximando da TorĆ””[12], mas quando o Moshiach chegar, e que seja logo, nĆ£o mais serĆ” necessĆ”rio perseguirmos a paz, pois graƧas a retificaĆ§Ć£o das middot, a iluminaĆ§Ć£o da menorĆ” que representa cada pessoa ligada Ć  TorĆ”, brilharĆ” pela eternidade e alĆ©m.

[1] O partsuf de Ze’ir Anpin Ć© o ‘corpo’ simbĆ³lico, como uma personalidade espiritual constituĆ­da pelas seis s’firot de Chesed, GevurĆ”, Tiferet, Netzach, Hod, e Yesod, e que nesta personalidade compreendem as middot (i.e., os atributos emocionais Divinos), um aspecto masculino dentro da infraestrutura metafĆ­sica da CabalĆ”. O partsuf de Nukva (ou a s’firĆ” de Malchut), Ć© o aspecto feminino de Ze’ir Anpin. Assim, Malchut urge em se reunir com Ze’ir Anpin, e isso ocorre atravĆ©s do avodat Hashem (‘do trabalho de D’us’) do homem aqui Neste mundo, o que inclui a retifiĆ§Ć£o de suas emoƧƵes, literalmente, o seu amadurecimento.



[2] Afinal, Ć© atravĆ©s deles que a fundaĆ§Ć£o do mundo, as geraƧƵes dos homens, sĆ£o perpetuadas.

[3] Bereshit [1:11], aludindo ao potencial gerador da semente de um fruto que existe jĆ” dentro da prĆ³pria semente.

[4] O que faz deste homem um perverso, pois como estĆ” escrito que, “um homem Ć© chamado [e assim ligado a]o rĆ” (‘mal’) se ele corrompe seu caminho e mancha a si prĆ³prio e a terra [derramando suas sementes em vĆ£o, e assim como que] dĆ” forƧas ao espĆ­rito impuro o qual Ć© [de fato] chamado de rĆ”; donde Ć© dito, ‘todos os seus pensamentos...para o mal [rĆ”]’ (Tehillim [56:6]). Este, nunca entrarĆ” no palĆ”cio celestial e nem fitarĆ” a Shechinah, pois por este pecado a Shechinah Ć© repelida do mundo” (Zohar [I:57a], ParashĆ” Bereshit).

[5] Zohar [III:90a], ParashĆ” Emor. Note que a sitra achra se aproveita e alimenta tanto no descarregar desta forƧa espiritual e vital do homem, como no prĆ³prio resultado do descarrego a esmo, como explicado. Em uma outra consideraĆ§Ć£o, Ć© sabido que o Rebe, de abenƧoada memĆ³ria, nĆ£o era favorĆ”vel (Cf. Igrot Kodesh) a qualquer separaĆ§Ć£o matrimonial; mesmo se a mulher nĆ£o pudesse conceber. Isso contraria em tese este posuk do Zohar, mas a determinaĆ§Ć£o do Rebe (e a HalachĆ”), sempre prevalecem. Esta atitude do Rebe representa sua visĆ£o superior, sempre a favor do achdut (‘uniĆ£o’).

[6] Tanya, Likkutei Amarim §9.

[7] Portanto, nada oferece, assim categorizando o mal como sendo a ausĆŖncia pura do oferecimento (o egoĆ­smo per si).

[8] Esta expressĆ£o siginifica algo muito elevado, pois de fato, D’us criou o mundo para que nele fosse feito uma dirĆ” b’tachtonim (‘uma moradia para Ele no mundo inferior e fĆ­sico’), e assim, tudo que aqui existe, e em particular, com cada alma que desce do mundo espiritual e Ć© assim trazida para este nĆ­vel de realidade material, esta moradia torna-se mais prĆ³xima de ser construĆ­da de forma santificada; obra que se completarĆ” com a vinda de Moshiach, e que seja muito em breve.

[9] Bereshit [3:3], aqui em uma referencia alegĆ³rica do “fruto da Ć”rvore que estĆ” no meio do jardim” Ć  mulher. Cf. a admoestaĆ§Ć£o do grande cabalista R’ Yosef Della Reina (Sefer B’hadrat Kodesh, pĆ”g. 245), que afirmou para os seus alunos que para que eles conseguissem um grau superior de compreensĆ£o e assim, elevaĆ§Ć£o espiritual, eles precisavam ‘nĆ£o tocar em uma mulher’; se purificando, digo, contendo a sua energia sexual (e evitando que ela convergisse para baixo, e para fora de seus corpos) para que eles pudessem estar em ‘mĆ”xima potĆŖncia’ para conseguir estas elevaƧƵes espirituais, bem como em prevenindo o contato com a tumĆ” (‘impureza’) da mulher durante o seu ciclo menstrual.

[10] Tanya, Likkutei Amarim §44, que explica esta tĆ©cnica fundamental da auto-cura da insensibilidades da pessoa, pois a vestimenta da fala, em tenho seu aspecto particular, verdadeiramente afeta o coraĆ§Ć£o e mente da pessoa que ouvi e escuta sua prĆ³pria lĆ­ngua e voz articularem e soarem palavras sagradas. Desta maneira, uma pessoa que se vĆŖ em um estado de tristeza e vazio, D’us nunca permita, pode fortemente se ajudar atravĆ©s de pronunciar palavras de TorĆ”, que a faz ligar-se com a ‘Vida da vida’, na linguagem do Alter Rebe, que Ć© o prĆ³prio abenƧoado Ayin Sof.

[11] O Rebe z”l, explica que: "Dentro de cada um dos infinitos graus e nĆ­veis das criaturas geradas pelo Chesed, encontramos a qualidade de GevurĆ” a qual Ć© incluida em Chesed, pois assim estas criaturas nĆ£o serĆ£o nulificadas em relaĆ§Ć£o a sua origem [em Elokhim]" (Tanya, Shaar HaYichud §6, nota 4). Isso significa tambĆ©m que somente o fluxo do amor amadurece a pessoa, que portanto, deve buscar expressar amor sempre, atravĆ©s das vestimentas da alma; nos seus pensamentos, fala, e aƧƵes.

[12] Pirkei Avot [1:12].



“IVDU ET HASHEM B'SIMCHƁ”
(Sirvam Hashem com felicidade)

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