Jerusalém, 12 jul (EFE).- O Exército israelense fracassou no planejamento da abordagem a uma frota carregada com ajuda humanitária para Gaza que terminou com a morte de nove ativistas no dia 31 de maio, segundo os dados de uma investigação militar interna.
Esta é uma das conclusões da minuta inicial da investigação divulgada hoje pelo Exército israelense, elaborada por uma equipe de analistas liderada pelo general Giora Eiland.
As Forças Armadas estudaram o ocorrido em alto-mar em maio, quando nove ativistas turcos morreram por disparos de soldados israelenses na abordagem militar da frota humanitária.
O documento destaca que a Marinha não estava preparada para a possibilidade de encontrar resistência e que carecia dos meios necessários para o caso de encontrar resistência, como ocorreu em uma das embarcações, o "Mavi Marmara", onde foram registradas as mortes.
"A equipe concluiu que os métodos possíveis de compilação de inteligência não foram plenamente desenvolvidos e que a coordenação entre a Marinha, Inteligência e a inteligência das Forças Armadas foi insuficiente", diz o comunicado do Exército israelense.
O relatório sustenta que mesmo depois dos comandantes realizaram a abordagem e perceberam que as condições no terreno não respondiam aos cálculos iniciais, eles não reavaliaram o método de ação.
"Quanto à avaliação da situação da frota, a equipe esclareceu que a operação se baseou de forma excessiva em um único modo de ação, e que embora fosse pouco provável, não se avaliaram alternativas nem se prepararam para entornos mais perigosos", continua o documento.
A equipe militar assinala que eles poderiam ter planejado outras rotas de atuação caso o processo de preparação da operação tivesse começado com o tempo suficiente de adiantamento.
O relatório também aponta que os comandos navais responsáveis pela abordagem "atuaram corretamente, com profissionalismo, coragem e resolução" e que os comandantes mostraram uma correta tomada de decisões. O relatório determina, além disso, que o uso de fogo real esteve justificado e que a operação em conjunto é estimável".
Israel sustenta que suas tropas, que interceptaram aos navios em águas internacionais, atuaram em defesa própria e abriram fogo contra os passageiros que os atacaram com barras metálicas e facas no momento da abordagem.
Por sua vez, a ONG turca IHH, principal organizadora da frota, ataque militar israelense do "Mavi Marmara" foi um "ataque terrorista planejado para matar".
Ela defende que os soldados israelenses abriram fogo contra os tripulantes do navio tanto nas lanchas com aos quais se aproximaram como ao descer do helicóptero com a intenção de "matar diretamente os civis desarmados que havia a bordo".
Israel, que rejeitou uma investigação internacional, tem aberta outra de caráter civil e interno - integrada por juristas internacionais-, que analisa a abordagem à frota.
Esse episódio recebeu uma onda de críticas internacionais e atrapalhou as relações diplomáticas e estratégicas entre o Estado judeu e Turquia, seu principal aliado muçulmano, e posto o foco sobre o bloqueio israelense à Faixa de Gaza.