Reinaldo Azevedo
Estão brincando com o perigo e dando piscadelas para o inferno. Soldados israelenses mataram quatro militantes do braço militar da Fatah, corrente palestina que governa a Cisjordânia, que estavam em um barco nas costas de Gaza, em águas territoriais israelenses. O que faziam ali? Vai ver planejavam alguma oração em defesa da paz. É o que costumam fazer as pessoas que pertencem a "braços militares".
A notícia vem sempre associada à interceptação da tal flotilha, que resultou na morte de nove turcos "humanistas", ligados à organização IHH, com notórios vínculos com o Hamas. Agora, até grupos assumidamente "militares" — preparados, pois, para a guerra — são tratados como pessoas interessadas no bem-estar dos oprimidos. Começou o campeonato de irresponsabilidade.
A opinião pública ocidental não consegue simpatizar com o martírio dos homens-bomba, apesar do gigantesco lobby na imprensa contra Israel, porque não entende que inocentes devam morrer em nome da causa alheia. A idéia é inaceitável fora do universo escatológico, finalista, de uma religião. Por que não "modernizar", então, o homem-bomba, tornando-o mais palatável ao Ocidente?
Os mártires continuarão mártires, mas não mais arrastarão inocentes para a morte. Oferecerão a própria vida como combustível da indignação mundial. A melhor cara de um homem-bomba, hoje em dia, é o ar de visionário pacifista; troca-se o colete recheado de explosivos por aquele salva-vidas, cor de laranja — os "laranjas" do Hamas…
Até aqueles humanistas pró-Hamas se lançarem ao mar, o mundo estava de olho no programa nuclear iraniano, que ameaça lançar o mundo nas trevas. Agora, a suposta grande questão é o fim do bloqueio a Gaza. Os terroristas venceram mais essa batalha para conquistar a opinião pública.
Digamos que Israel o suspendesse amanhã. Respondam: o país estaria mais seguro ou menos? Respondida essa primeira pergunta, cabe fazer a segunda: a "paz", em nome da qual falam esses supostos humanistas, sairia ganhando ou perdendo? Agora a terceira: o mundo estaria mais perto ou mais longe da única solução possível para o impasse, a saber: "Dois povos, dois estados"?
Eu quero a paz e acho que o governo de Israel deve buscá-la obsessivamente. Gostaria apenas que algum desses "humanistas" me explicassem por que as sucessivas agressões à soberania israelense são um caminho seguro para se alcançar tal objetivo.