BEIRUTE - O Líbano disse nesta segunda-feira, 21, que permitirá que um navio de ajuda humanitária a Gaza viaje ao Chipre para depois ir até o território palestino, apesar dos avisos de Israel de que usaria todos os meios necessários para barrar embarcações de ajuda.
O ministro dos Transportes libanês, Ghazi Aridi, disse que deu permissão para o navio, batizado de Julia, navegar até o Chipre, alegando que o atual estado de guerra em que vivem Israel e Líbano não permite que a embarcação vá direto para Gaza. "Líbano e Israel estão em estado de guerra e nenhum navio jamais navegou daqui para lá. Agora, o que os cipriotas vão decidir, eu não sei. Eles podem não deixar o navio partir", disse.
Aridi ainda disse que o navio, atualmente aportado na cidade de Tripoli, foi registrado em Paris e teria passageiros libaneses e estrangeiros. O porta-voz do navio, Tha'er Ghandour, disse que o Julia partiria em alguns dias, mas não deu uma data exata por motivos de segurança. Ele acrescentou que estão sendo levados brinquedos, cimento e suprimentos médicos.
Em uma carta ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, e ao Conselho de Segurança do órgão, o embaixador israelense disse que aumentou o número de navios que partiria do Líbano e, enquanto os organizadores dizem que o objetivo é levar ajuda a Gaza, o governo de Israel diz que "a verdadeira natureza dessas ações permanece dúbia".
O embaixador disse que há uma "possível ligação" desses navio à milícia xiita libanesa Hezbollah, cujo líder, Sayyed Hassan Nasrallah, pediu aos cidadãos libaneses que enviassem frotas de ajuda a Gaza.
Israel lutou uma guerra contra o Hezbollah em 2006. A milícia forçou o Estado judeu a deixar as terras ocupadas no sul do Líbano e, financiada pelo Irã, se tornou a mais poderosa força militar no país e um dos maiores inimigos dos israelenses.
Antes da carta do embaixador ser divulgada, porém, o Hezbollah anunciou por meio de comunicado que, embora apoie as frotas, "decidiu desde o começo ficar longe desse movimento humanitário, sem participar de sua coordenação ou logística".
No domingo, Israel anunciou novas medidas para aliviar o bloqueio terrestre a Gaza, após sofrer pressões internacionais para levantar o bloqueio ao território palestino. O movimento começou desde que militares israelenses atacaram uma frota que levava ajuda humanitária à região em 31 de maio, quando nove civis morreram.
Israel mantém o bloqueio à Faixa de Gaza desde que o Hamas, grupo militante palestino, tomou o controle do território à força, em 2007. O Hamas não reconhece a existência do Estado de Israel e é considerado por este país, pelos EUA e pela União Europeia como uma organização terrorista.