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Cabalá e suas Conexões

A Cabalá é uma das correntes místicas do judaísmo. O termo significa literalmente recepção, que vem da palavra Lekabel. O primeiro cabalista seria o patriarca Abraham, que viu as maravilhas da existência humana, perguntou questões ao Criador e os mundos mais elevados foram revelados a ele. O conhecimento que ele adquiriu e o método que ele usou para aprende-lo foram passados para seus descendentes e a Cabalá foi sendo transmitida oralmente durante séculos.

O primeiro trabalho sobre a Cabalá, o Sefer Yetzirah, o Livro da Criação, é atribuído a Abraham. Este texto básico da Cabalá explica os 32 caminhos da sabedoria que foram utilizados no processo da Criação. Estes caminhos estão incluídos nas dez Sefirot, atributos divinos, que podemos utilizar para canalizar a nossa conexão com o Eterno. Com os ensinamentos da Cabalá podemos utilizar palavras, combinações e permutações de letras são vasos através dos quais o processo criativo se realiza.

Após Sete gerações depois de Abraham, no Monte Sinai, a Torá (Pentateuco) foi entregue em duas dimensões a Moisés: a parte pública, que nós conhecemos, com o corpo de leis que expressam as vontades de Deus e que compõem o Pentateuco, e uma parte secreta, com a compreensão dos segredos da criação.

Durante muitos anos, a Cabalá ficou restrita á um pequeno grupo de eruditos, que estudavam a Torah de dia e a Cabalá após a meia-noite, conforme dito pelo Rei David, em Salmos 119.


Logo após a destruição do templo, no ano 70, um grande Rabino chamado Shimon Bar Yochai, discipulo do grande Rabino Akiva, escreveu o Sefer HaZohar (Livro do Esplendor). Após a sua fuga, ficou escondido durante 13 anos, recebendo a visita de Elias e Moisés, onde após esse tempo saíram com o Zohar, livro que dividido por Parachiot (Porções Semanais), onde explica o lado místico da Torah. O Zohar explica que o desenvolvimento humano é dividido em 6000 anos, durante o qual as almas seguem um contínuo processo de desenvolvimento a cada geração. No fim do processo, todas as almas alcançam a posição chamada o fim da correção (Tikun), o mais alto nível de espiritualidade e completude.

Shimon Bar Yohai foi um dos grandes de sua geração. Ele escreveu e interpretou muitos temas cabalistas e é conhecidos até hoje. Entretanto, de acordo com a lenda, o Zohar desapareceu depois dele, sendo mantido escondido em uma caverna nas vizinhanças de Safed em Israel. Achado depois pelos árabes que residiam na área, o Zohar foi reconhecido por um cabalista de Safed, que havia comprado um peixe embrulhado naquele papel de incalculável valor no mercado.

Depois de comprar o resto daquela páginas preciosas, ele as reuniu em um volume. Somente no século XIII é que estes escritos vieram à luz, publicados pelo Rabino Moisés de Leon, de Castela, durante o florescimento da Cabalá na Penísula Ibérica. Até então o estudo do Zohar vinha sendo conduzido secretamente por pequenos grupos. Hoje em dia, estudos mais acadêmicos, como o de Gershom Sholem, apontam que o autor de fato do Zohar teria sido o próprio De Leon.

Outro grande momento da Cabalá foi o período de Ari, o rabi Yitzhak Luria. Nascido em Jerusalém, mas criado no Egito, ele trabalhava com comércio, mas devotou grande parte de seu tempo ao estudo da Cabalá. Uma lenda conta que ele passou sete anos isolado na ilha da Roda no Nilo, onde além do Zohar estudou livros dos primeiros cabalistas e escritos de outro grande sábio de sua geração, o Rabi Moshe Cordovero, o Ramak.

Em 1570 ele foi para Safed, em Israel. Bastaram somente dois anos, já que ele morreu em 1572, aos 38, para que Luria tivesse sua grandiosidade reconhecida a ponto de todos os estudiosos de Safed terem ido estudar com ele. Exemplos de seus escritos famosos são "A Árvore da Vida", "O Portal das Intenções", "O Portal da Reencarnação". Em seus estudos, Ari desenvolveu o primeiro mito cabalista conhecido, que compreende o primeiro auto-desenvolvimento de Deus, a criação do universo e da humanidade, as origens do mal e, o mais importante, um método para reparar o mal (tikkun) e restaurar a unidade original de Deus e da criação.

No fim, ele instituiu um sistema elaborado de meditação e práticas rituais para conectar a humanidade com o divino. Alguns dos hinos e práticas da escola de Luria são usados até hoje. Através da larga publicação do trabalho de seus discípulos, a Cabalá de Ari se espalhou por todo o mundo judaico, tornando-se não somente a forma mais aceita da Cabalá, mas de todo o Judaísmo, na medida em que isso é possível.

No século XIII, foi a vez do movimento Hassídico inspirar nova vida no misticismo judaico, tornando-o acessível para uma larga audiência. O Hassidismo vem da palavra hebraica hasid, que quer dizer pio, e é baseado nos ensinamentos do curandeiro judeu polonês Israel Bem Eliezer (1700-1760), conhecido como Baal Shem Tov.

Ele ganhou o respeito dos judeus pobres e oprimidos socialmente por insistir que a melhor maneira de alcançar Deus não era através do estudo avançado do Talmud ou das complicadas fórmulas de meditação de Luria, mas pela prática simples e sincera da devoção na reza, associada a alegres canções, danças e histórias.

Embora ele não fosse rabino, Shem Tov conseguiu atrair muitos rabinos para seu círculo. Após duas gerações, centenas de rabinos elaboraram os ensinamentos de Shem Tov, atraindo mais discípulos e fundando "dinastias" de sucessão, assim promovendo o nascimento do movimento hassídico.

Na época do auge deste movimento, quase todo grande rabino era um cabalista. Com o passar dos anos, o hassidismo foi se tornado exatamente o contrário, esquecendo-se de sua fonte original e tornando-se praticamente indistinguível do judaísmo tradicional. Junto a esta descaracterização da essência do hassidismo, a crescente secularização do judaísmo contribuiu novamente para isolar o misticismo judaico, cujo interesse veio a renascer novamente no final do século XX.

Quem pode estudar

Antigamente, havia o conceito de que as pessoas não poderiam estudar a Cabalá, de que era um segredo perigoso, e de que ela só poderia ser estudada a partir dos 40 anos.

Palavras e Números

Na Cabalá hebraica realmente promove-se a linguagem, de simples meio de comunicação entre os homens, em instrumento essencial da cosmogonia: "Disse Deus: haja luz - e houve luz", escreve o Gênesis. A criação, pois, efetivou-se através do poder místico da palavra.

Cada uma das 22 letras do alfabeto hebraico possui um valor numérico que varia de 1 a 400. O cálculo da equivalência numérica das letras, palavras e frases propicia a descoberta de inter-relações de diferentes conceitos e exploração de inter-relacionamento entre palavras e idéias.

Para a Cabalá, as equivalências numéricas não são coincidências. Desde que o mundo foi criado através da "palavra" divina, cada letra representa uma diferente força criativa. Portanto, a equivalência numérica de duas palavras revela uma conexão interna entre o potencial criativo de cada uma.

Sefirot - atributos, virtudes, qualidades divinas

A Cabalá trata dos nomes de Deus e da força inserida nas letras que o compõem. Seu objetivo é elevar o ser humano espiritualmente para ele poder entrar em conexão com Deus, e para isso ele deve ultrapassar algumas etapas, as Sefirot, um diagrama que representa os atributos, as virtudes e qualidades divinas e que pode ser entendido como um canal para o divino.

De acordo com Gershom Sholem, no "Livro da Criação", do qual foi originalmente tomado, Sefirot simplesmente significava números, mas com o gradual desenvolvimento da terminologia mística passou a ser traduzido aproximadamente por "esferas" ou "regiões", mudando sua acepção até que passou a significar a emergência de poderes, virtudes e emanações divinas.

Na Cabalá, Deus é chamado de Ayin, que significa "Nada", em hebraico. Por estar além da existência, Deus é o infinito, pois incorpora tudo que existe e que existirá. Tudo que importa vem de Ayin Sof e volta no fim para ele que é o nada absoluto. Apesar de Ayin Sof em si mesmo ser além de qualquer compreensão, ele se faz conhecer através das dez Sefirot.

O ato divino é visualizado simbolicamente com a idéia de que do Ayin Sof, ou da Luz Infinita que envolve o vazio, emana um feixe de luz que penetra da periferia em direção ao centro. Este feixe de vontade divina se manifesta em dez etapas de emanação. Desde a Idade Média, estes dez estágios são chamados de Sefirot e expressam os atributos divinos.

A estrutura do diagrama da Sefirot, que algumas interpretações chamam de Árvore da Vida, contém todas as leis que governam a existência, porque revela o processo universal de equilíbrio entre o alto e o baixo, os princípios ativos (direita) e os passivos (esquerda).

O influxo divino pode ser traçado em detalhes ao longo dos caminhos entre as Sefirot (designados pelas 22 letras do alfabeto judaico) e através das tríades que os ligam uns aos outros. As cores aqui distinguem entre as tríades funcionais ou laterais (vermelho ativo e azul passivo) e as tríades centrais, que denotam níveis de consciência e vontade (verde, violeta, e amarelo).

Os quatro grandes círculos representam os níveis dentro de uma única Árvore, que corresponde às quatro dimensões da realidade ou simbolicamente à raiz, tronco, galhos e frutos ou às quatro letras do mais especial nome de Deus, YHVH. Estes círculos também foram vistos como níveis ou degraus.

O primeiro, associado com o fogo, está perto da Coroa (Keter) e é visto como pura Vontade (chamado de Deus). O segundo, associado com o ar, simboliza o Intelecto (a criação Divina). O terceiro nível, associado com a água, é visto como uma expressão da Emoção (a formação Divina). O quarto e último, associado com a Terra, fala da ação, das implementações práticas de tudo que houve antes (ação Divina). Apesar de ser altamente complexa, a Árvore da Vida é uma imagem da Unidade Divina.
Para a Cabalá, o fluxo divino através das Sefirot para os quatro mundos da humanidade não é o único caminho. Ou seja, não são somente as ações divinas que têm impacto sobre nós; nossas ações individuais também repercutem cosmicamente e ajudam na reparação do Universo, pois Deus precisa do universo e da humanidade para ser verdadeiramente Deus, para alcançar todo seu potencial divino. Se Deus não tivesse necessidade do universo, porque ele o teria criado? - perguntam os cabalistas.

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