O Sefer Torah é lido durante as rezas da manhã (Shacharit) e da tarde (Minchá), tanto no sábado quanto nos dias de Jejum Público.
disso, é lido nas rezas da manhã dos dias de Yom Tov, Chol Chamoed, Rosh Chodesh, Chanuká, Purim, e às segundas e quintas-feiras.
O número de pessoas a serem chamadas para aquelas leituras varia para cada ocasião. Todas as pessoas, ao fazerem a aliá, tem que usar Talit.
A instauração referente à leitura da Torah às segundas, quintas e sábados vem do tempo de Moisés.
As leituras das segundas e quintas estão fundamentadas pelo Talmud, baseado na parashá Beshalach, em Exodus Cap. 15 Vers. 22 a 24: “E fez partir Moisés a Israel do Mar Vermelho , e saÃram do deserto de Shur: e andaram três dias pelo deserto e não acharam água.....E queixou-se o povo contra Moisés , dizendo: Que beberemos?
Para os rabanim do Talmud , eles interpretaram “água” como Torah, como está descrito em Isaias 55.1 “Ah, todos vós que tendes sede, vinde à s águas”.
Os profetas, então, ordenaram que nos dias de sábado, segundas e quintas se fizesse esta leitura, a fim de que o povo nunca ficasse privado de 3 dias seguidos da Torah.
O costume de ler a Torah no sábado à tarde, quando o povo se sentia na paz do Shabat, e às segundas e quintas, que eram dias de feira nos tempos antigos, bem como, o número de pessoas a serem chamadas e os textos a serem lidos nas segundas e quintas, foi estabelecido por Ezra, que organizou a a vida judaica na Palestina, depois do retorno do cativeiro na Babilônia..
Houve uma época, na Palestina, em que havia o costume de se completar a leitura inteira da Torah a cada 3 anos, isto é, era o ciclo trienal de leitura, e que muitas comunidades ainda o fazem atualmente.
Ao terminar uma aliá de Torah, a comunidade askenazi costuma abençoar com as palavras “Yasher koach” que significa que “que sua força seja como um pilar”. A comunidade sefaradi usa a expressão “Chazak Baruch” (que sua força seja abençoada) , à qual deve ser respondida com as palavras “Chazak Veematz” (seja forte e tenha muita coragem) , resposta esta do Criador para Josué (Livro de Josué - Cap1:Vers 9).
Nas letras das palavras em hebraico do “Shemá Israel Adonai Eloheinu Adonai Echad”, estão definidas, os números das principais ALIOT de Torah que são feitas em todos os serviços. Vejamos como:
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A palavra Shemá possui três letras hebraicas (SHIN, MEM E AYIN), que são o número das aliot Torah nos dias de semana simples (as segundas e quintas), festas menores como Purim e Chanuká, e nas tardes de Minchá, quando sai a Torah, como no Shabat.
A palavra Israel, em hebraico, são cinco letras (YUD, SIN, RESH, ALEF E LAMED), que correspondem as cinco aliot dos dias de Chaguim (Sukot, Pessach, Shavuot e Rosh Hashana) quando caem em dias da semana.
A palavra Adonai (IUD, HEI, VAV, HEI) são quatro letras, que correspondem as quatro aliot dos dias de Rosh Chodesh, e dias de Chol Chamoed de Pessach e Sukot em dias da semana.
A palavra Eloheinu são seis letras HEBRAICAS (ALEF, LAMED, HEI, YUD, NUN E VAV), que correspondem as seis aliot dos dias de Kipur, quando cai em dias da semana.
As palavras Adonai Echad (IUD, HEI, VAV, HEI e ALEF, CHET E DALET) somam sete letras HEBRAICAS, que correspondem as sete aliot dos dias de Shabat.
Para cada aliá de Torah, devem ser lidos, pelo menos, de 3 passukim (versos). E nos dias em que só existirem 3 aliot, o número total de passukim deve ser, no mÃnimo, de 10.
Deve-se lembrar que nas rezas pela manhã aos sábados, e nos dias de Yom Tov, é realizada mais uma aliá, chamada de Maftir, em que a pessoa chamada faz a leitura da Haftarah correspondente.
Em certas ocasiões, como por ex., na manhã de Tishá B’Av e nas tardes de jejum público, apesar de ser lida uma Haftarah, não existe esta aliá adicional.
Nos sábados pela manhã, podem ser chamadas mais pessoas do que as sete normais para fazerem uma aliá de Torah, embora muitas comunidades não gostem de fazê-lo para não alongar o serviço. Esta aliá adicional é chamada de Acharon, que literalmente significa “último”. O mesmo se aplica para as manhãs dos dias de Yom Tov.
Nas outras ocasiões, não se fazem aliot adicionais (Acharonim).
À primeira aliá deve ser chamado um Cohen, e à segunda aliá, um Levi. Se não existir nenhum Cohen presente, não existe a obrigatoriedade de se chamar um Levi no lugar do Cohen.
Caso exista Cohen mas não exista Levi presente, muitas comunidades adotam o costume de se chamar o Cohen para fazer a primeira aliá, e chamado novamente esta mesma pessoa para fazer a aliá do Levi, repetindo todas as berachot quando da primeira aliá.
Outras comunidades, neste caso, chamam um Israel para a segunda aliá. Todas as demais aliot, antes do Maftir ou até que se iniciem o Acharon, só podem ser feitas por pessoas pertencentes à Israel.
O Talmud comenta que esta ordem de se ter Cohen, Levi e Israel é “por motivo de paz”.
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Quando não houver Cohen presente, não há obrigação de se chamar primeiro um Levi. Mas muitas comunidades costumam fazê-lo.
Os Cohanim e Leviim não podem ser chamados para fazerem outras aliot, a não ser, normalmente, a primeira e a segunda aliot, respectivamente, exceto para fazerem a aliá de Maftir ou quando se é permitido fazer o Acharon.
Teoricamente, não existem restrições quanto ao número de Acharon a serem feitos, tanto por Cohen, por Levi ou por Israel.
Quando uma pessoa faz uma aliá de Torah no lugar de um Kohen ou de um Levi, devem ser acrescentadas as palavras
“binkom Cohen” ou “binkom Levi” (no lugar do Cohen ou do Levi).
Se as leituras de Torah começaram com um minian, e alguns se retirarem, desfalcando este minian, as leituras devem prosseguir.
Ao se chamar diversas pessoas para fazerem uma aliá de Torah, considerando que estas aliot são limitadas , devem ser observadas as seguintes ordens de preferência:
1- Um noivo que vá a sinagoga no dia do seu casamento tem preferência sobre qualquer outra pessoa.
2- Um noivo que vá a sinagoga no sábado anterior ao dia do seu casamento também tem preferência. Deve-se notar que o pai do noivo também deve ter uma aliá, se possÃvel.
3-Um Bar/Batzmivando
4-O homem cuja mulher deu à luz recentemente.
5-Pessoas cujo yortzait dos pais esteja ocorrendo naquele dia de leitura da Torah. E apesar de não ser mandatório, é costume se dar uma aliá comum ou Maftir para aquelas pessoas , naquela situação, cujo yortzait esteja ocorrendo na semana seguinte.
6-Aos pais de um recém-nascido no sábado que antecede o Brit Milá. Caso o recém-nascido não esteja em boas condições de saúde, e sabendo-se que o Brit Milá será postergado, esta aliá deixa de ser realizada.
Quando houver um Bar/Batzmivah, o(s ) pai(s) deve(m) fazer uma aliá e dizer a bênção: “Baruch Shepetarani Meonshó shel Zé” (Bendito seja o Criador que me libertou da responsabilidade religiosa deste filho)
Existem outras situações em que uma aliá de Torah deve ser oferecida, como por ex.: uma pessoa que necessita fazer um Birkat Hagomel, por ter se recuperado de uma doença grave ou por ter passado por alguma situação de perigo.
Deve-se evitar que dois irmãos ou pai e filho sejam chamados à Torah imediatamente um após o outro. E alguns sugerem que isto também não deva ocorrer entre avós e netos.
Caso a leitura de Maftir seja feita de um segundo Sefer Torah, como ocorre, por ex., em Yom Tov, neste caso, um pode ser chamado imediatamente após o outro.
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As berachot para as pessoas que estejam fazendo uma aliá de Torah devem ser recitadas em voz alta, para que toda a comunidade possa ouvi-las e respondê-las. Antes de recitar as berachot , tanto inicial como final, deve-se tocar suavemente com os Tzizit ou alguma ponta do seu Talit, sobre a parte inicial (antes da primeira berachá) e final da leitura (antes da segunda berachá), e beijá-los.
Nos tempos Talmúdicos, as pessoas chamadas a fazerem aliá de Torah, elas mesmo faziam a leitura em voz alta. Se não soubessem fazê-lo com a cantilena apropriada, não eram chamadas.
Atualmente, a maioria das comunidades possuem um “Baal Korech” (leitor designado) para ler a Torah. Mas aqueles que o sabem, podem fazê-lo por ocasião da sua aliá.
Após o término da leitura, a pessoa que fez a aliá de Torah deve, pelo menos, esperar que a próxima pessoa se aproxime da Bimá ou Tevá. Em muitas comunidades, principalmente askenazim, as pessoas esperam que o próximo termine toda a leitura de Torah para retornar ao seu lugar.
Após a leitura da última aliá, deve ser recitado o Hetzi Kadish (meio-Kadish). É importante notar que este Hetzi Kadish é recitado imediatamente antes do Maftir, independentemente de quantos sefarim de Torah estejam sendo lidos.
Na Minchá de Shabat, não se recita o Hetzi Kadish após a leitura do Sefer Torah, pois ele será dito imediatamente antes da reza da Amidá, que se segue à leitura da Torah.
Após a conclusão da leitura de um Sefer Torah, deve ser feita a Hagbaá (askenazi) ou Hakamá (sefaradi), que é o ato de se abrir um pouco o Sefer Torah e levantá-lo, para que toda a congregação possa vê-lo. A abertura do Sefer Torah para a Hagbaah deve mostrar, se possÃvel, 3 colunas de leitura.
Muitas comunidades sefaradim fazem a “Hagbaá ou Hakamá” antes e após a leitura da Torah.
O maftir deve começar a leitura da Haftarah só a pós a Torah ter sido vestida.
Caso não exista nenhum congregante que saiba ler o Sefer Torah, alguém faz a leitura do Chumash, e outra pessoa aponta no Sefer Torah. Mas esta situação só deve ser concretizada em casos extremos.
Se uma Torah não estiver disponÃvel, a parashá é lida de um Chumash. Mas neste caso, não é dita nenhuma berachá.
Se existir um erro na Torah, ela é dita Passul (inapropriada) e não deve ser usada nos serviços. Entende-se como erro, uma palavra esquecida ou acrescida, ou uma alteração na ordem das letras de uma palavra.
Se existir uma dúvida em identificar se uma letra está correta ou não no Sefer Torah, algumas comunidades costumam chamar um jovem que saiba ler, em hebraico, para dar o seu veredito.
Se o erro for descoberto durante a leitura da Torah, uma outra Torah deve ser retirada da Arca e usada para completar a leitura.
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Neste caso, se o erro for descoberto quando ao menos 3 versos já foram lidos e existem, pelo menos, 3 versos mais para serem lidos antes de se terminar a aliá, a pessoa chamada à aliá recita a segunda Bênção (de saÃda) antes da Torah passul ser recolhida. A pessoa recita novamente a primeira bênção antes de começar a leitura no segundo Sefer Torah, e as restantes das aliot são nele completadas.
Caso contrário, recita-se a segunda bênção (de saÃda) somente após a leitura ter sido completada no segundo Sefer Torah..
Algumas comunidades retiram o segundo Sefer , e começam a leitura no mesmo lugar em que se parou no primeiro, sem que seja necessário repetir a primeira berachá.
Se não existir outro Sefer Torah disponÃvel, a leitura é completada no primeiro Sefer passul mesmo, e as restantes também.
Existem divergências de opinião se as benções devem ser recitadas neste caso.
Muitas comunidades costumam se levantar ao serem lidos alguns trechos da Torah, como por ex., Os 10 Mandamentos. Outras não a fazem, argumentando não querendo transformar algumas partes da Torah em mais importantes do que outras.
As pessoas que estão no perÃodo de Shivá não devem ser chamadas para fazer aliá de Torah, nem ter qualquer outra honraria, como carregar o Sefer Torah, fazer hagbaah, etc.
Após o perÃodo de Shivá, algumas comunidades sefaradim recomendam o enlutado faça uma aliá de Torah. Mas a maioria das comunidades askenazim só oferecem alguma aliá ao enlutado após o perÃodo de Shloshim (30 dias).
Ao se fazer uma aliá, é costume, nas comunidades askenazim, que todos os ascendentes diretos (pai e mãe) e descedentes (filhos e netos), além do(a) cônjuge, irmãos e sogros, fiquem de pé enquanto a aliá é realizada.
Nas comunidades sefaradim, o costume mais utilizado é que apenas os descendentes diretos (filhos e netos), cônjuge, sobrinhos, genros, noras, e irmãos e cunhados, com idades menores do que a pessoa que está realizando a aliá, fiquem de pé.
Levanta-se, também, quando um rabino for chamado a fazer uma aliá de Torah.
É um costume askenazi, e em algumas comunidades sefaradim, que o Bar/Batmitzvando seja chamado como Maftir e recite a Haftarah.
No sábado imediatamente anterior ao dia de Yortzait de um parente próximo, é comum, nas comunidades sefaradim, que esta pessoa faça a aliá de Maftir e recite a Haftarah.
Mas em algumas comunidades sefaradim, quem possui pai e mãe vivos , não costuma recitar a Haftarah.
Os comentaristas dão como motivo para que as letras da Torah sejam inscritas sem os nikudim (pontuação) e sem os teamim (cantilena), é permitir que as palavras não tenham um único sentido determinado, podendo assim, ter interpretações diferentes.
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Existem passagens da Torah que devem ser lidas em voz baixa pelo Baal Korech, e que são: 1-Na parashá Bechukotai – LevÃtico Cap. 26 Vers 14 ao 41, que fala das Tochachot (Admoestações) feitas pelo
Criador
2-Na parashá Ki-Tavó – Deuteronômio –Cap. 27 Vers. 13 ao Vers. 26, que são as Kelatot (maldições).
Algumas comunidades sefaradim também costumam ler em voz baixa, as passagens na parashá Ki-Tissá – Exodus- Cap. 31 Vers. 18 ao Cap. 32 Vers 10, ref. à criação do bezerro de ouro, e na parashá Bechalotecha – Números- Cap. 11 Vers. 1 ao Vers. 6, onde o povo reclamava da má sorte aos ouvidos do Criador.