As manobras preocupam os países vizinhos que temem uma ameaça ao processo de paz.
Israel iniciou ontem os maiores exercícios militares da sua história, durante uma época de alta tensão no Médio Oriente. Os exercícios estão a deixar os países vizinhos preocupados, porque temem que seja um obstáculo no processo de paz. O objectivo de Telaviv passa por testar a reação do país contra eventuais ataques da Síria, Líbano, Faixa de Gaza ou mesmo do Irão.
As manobras militares vão durar uma semana e envolvem milhares de soldados, além de polícias, médicos, enfermeiros e bombeiros. O pessoal dos vários ministérios e de câmaras municipais também entra nos exercícios que vão simular ataques convencionais, químicos e cibernéticos. "Todo o território nacional está envolvido", explicou à rádio militar o vice-ministro da Defesa israelita, Mathan Vilnai. No terreno, centenas de ambulâncias, bombeiros e exército são confrontados com situações causadas por atentados de grande dimensão e por ataques de mísseis contra os grandes centros urbanos e infra-estruturas de Israel.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, já veio acalmar os receios dos países árabes vizinhos, sublinhando que esta é apenas uma forma de o país manter a sua "capacidade de dissuasão", mas as críticas já começaram a chegar. No sábado, Saad Hariri, primeiro-ministro libanês, referiu que as movimentações contradizem os esforços de paz na região e mostrou-se indignado: "Se Israel quer dialogar sobre a paz, porque realiza estas manobras militares?".
Também o responsável pelo movimento xiita libanês no Sul do país, Nabil Qaouk, deixou um aviso: "Em caso de nova agressão contra o Líbano, os israelitas não encontrarão um lugar na Palestina onde se esconderem", disse. Mathan Vilnai respondeu referindo que o exercício já estava previsto e que não está relacionado com a situação na fronteira com o Líbano.
O ponto alto do exercício está previsto para quarta-feira às 11h (9h em Portugal) quando as sirenes de alarme tocarem durante um minuto e meio em todo o território para que os israelitas se dirijam para os abrigos.
Se o processo de paz estabelecido entre Israel e os países vizinhos nunca foi firme, as manobras aumentam a tensão política na região devido às tensões com o grupo libanês Hezbollah e com a Síria e o conflito com o Irão. O rei Abdullah II da Jordânia já alertou para a possibilidade de haver uma guerra no Verão, na região.
Entretanto, o ministro das Relaçoes Exteriores de Israel convocou, para terça-feira, a presença de todos os embaixadores estrangeiros em Israel para lhes explicar o carácter e objectivo dos exercícios das forças militares e civis do país.