Enquete: Só 40% dos judeus vivem em Israel
Levantamento global dos judeus verifica o aumento no número de casamentos inter-religiosos e uma crescente assimilação, especialmente na ex-URSS.
A maioria dos judeus do mundo não mora em Israel, divulga uma pesquisa que resumiu a década passada. Atualmente existem 13.3 milhões de judeus que vivem em 100 países por todo o mundo e dos quais 41% escolheram como sua casa o Estado de Israel. Um número semelhante, 40% vivem nos EUA. No entanto, especialistas estão prevendo que estes números irão mudar, e que nos próximos 20 anos a maioria dos judeus estará vivendo em Israel.
Pesquisas realizadas durante os últimos anos também mostram um aumento constante da assimilação e dos casamentos inter-religiosos entre os judeus que vivem em diferentes países, e consequentemente a identificação com a Terra Santa está declinando.
"Casamentos Inter-religiosos estão aumentando em todos os países do mundo" afirma o professor Sérgio Della Pergola que é especialista em demografia judaica e diretor do departamento Shlomo Argov que estuda as relações entre Israel e a Diáspora na Universidade Hebraica de Jerusalém. "No entanto, existem diferenças entre as várias comunidades judaicas no mundo.
Atualmente é verificada a maior taxa de casamentos inter-religiosos nos países da ex-URSS - onde mais de 75% dos judeus se casam com não-judeus. Nos EUA a taxa está próxima de 55%, mais de 40% na França e na Inglaterra, 35% no Canadá, na Austrália 25% e no México 10%" informou à Ynet.
Della Pergola diz que as diferenças são resultado em parte da educação judaica, bem como a proximidade com outras culturas.
Russia: Educação judaica está falhando? (Foto:Israel Bardugo)
Della Pergola diz que as diferenças são resultado em parte da educação judaica, bem como a proximidade com outras culturas.
Russia: Educação judaica está falhando? (Foto:Israel Bardugo)
"Destas duas razões, não há dúvida de que por um lado há uma abertura da sociedade como um todo, e pelo lado judaico existe um desejo de adaptar-se e subir na escada social, o que pode direcionar para o sacrifício de muitas características judaicas e, eventualmente, a sua base do sistema de valores" explica o professor. No entanto, ele ressaltou que todas as comunidades judaicas também incluem muitos judeus que mantêm sempre a sua fé acima de tudo.
Aula da Agencia Judaica na África do Sul
Della Pergola acrescentou que existem muitas organizações que estão trabalhando para alterar as estatísticas de assimilação. "O Chabad, por exemplo, está em todos os lugares hoje" ele disse.
"O ’Joint’, o movimento conservador e o movimento reformista estão funcionando eficazmente na Europa Oriental e na América Latina, e a presença da Shas, a Agência Judaica, e outras organizações israelenses também tem agido eficazmente" acrescentou o professor.
"Na Europa Ocidental, apesar das aspirações das organizações judaicas para uma maior independência no seio da União Européia, os principais fatores que influenciam diariamente o caráter judaico tem por base principalmente Israel e os EUA".
Conferencia da Federação Judaica nos EUA (Foto:Diana Zinkler)
Mas quando perguntado se achava que as comunidades judaicas iriam desaparecer inteiramente em certos países, Della Pergola disse que isso raramente havia acontecido. “A presença dos judeus em determinados países é um reflexo da história, ou seja, os judeus estiveram presentes no passado no mesmo lugar e num determinado número, o que poderia ser afetado significativamente por aspectos sociais, políticos, econômicos e elementos que permitiriam criar condições positivas ou negativas para os judeus de forma coletiva" afirmou ele.
"Os judeus são tipicamente membros bem educados da sociedade e necessitam de uma adequada e confiável estrutura social. Isso explica porque a grande maioria dos judeus reside atualmente nos 38 países mais desenvolvidos do mundo, incluindo Israel, que está classificado em 23º. Futuras alterações na infra-estrutura dos países provocarão alterações no mapa geográfico dos judeus no mundo".