Jovens palestinos jogaram pedras contra agentes de segurança de Israel em protesto ao fechamento, por 48 horas, da Cisjordânia, medida adotada justamente para evitar manifestações e confrontos em um momento de tensão entre israelenses e palestinos.
Quatro palestinos foram presos suspeitos de lançarem pedras e dois oficiais israelenses ficaram levemente feridos em Jerusalém, que teve a segurança reforçada, informou um porta-voz da polícia. Jornalistas da agência de notícias Reuters relatam ter visto um dos manifestantes ser atendido por médicos.
Os jovens tentavam furar a segurança reforçada na Esplanada das Mesquitas, cuja entrada foi restringida também por motivos de segurança.
A polícia diz que apenas os muçulmanos que tenham passaporte israelense e homens com mais de 50 anos poderão rezar na Esplanada das Mesquitas nesta sexta-feira. Não há limitações para mulheres. "Aumentamos a segurança dentro e ao redor de Jerusalém Oriental para impedir que haja revoltas após as orações da sexta-feira", disse o porta-voz da polícia israelense Miki Rosenfeld.
Segundo o jornal "Haaretz", os agentes conseguiram evitar que alguns jovens atravessassem o posto de fronteira de Ras el-Amoud, perto de Jerusalém Oriental.
A medida que centenas de jovens deixavam mesquitas do distrito de Ras el-Amoud, após as orações do meio-dia, jornalista da Reuters relata ter visto vários homens atacarem pedras em um carro com crianças judias ortodoxas. Uma das pedras quebrou uma janela, mas aparentemente ninguém ficou ferido.
Apoio em Gaza
Palestinos na faixa de Gaza, controlada pelo grupo islâmico Hamas, fizeram manifestações para protestar contra as políticas de Israel em Jerusalém.
"Nós faremos a redenção da mesquita de Al Aqsa [dentro da Esplanada das Mesquitas] com nossas almas e sangue", gritava a multidão.
Alguns manifestantes queimavam bandeiras de Israel e dos Estados Unidos
Segurança
O Ministério de Defesa de Israel ordenou o "fechamento geral" do território palestino ocupado da Cisjordânia e também aumentou a segurança em torno da Cidade Velha de Jerusalém.
O fechamento da Cisjordânia ocorre dias após o controverso anúncio israelense de que construiria mais 1.600 casas em Ramat Shlomo, bairro de colonização habitado por judeus ultraortodoxos na área oriental de Jerusalém, que tem população majoritária de árabes e foi anexado por Israel em 1967.
O anúncio irritou o vice-presidente americano, Joe Biden, que estava em visita ao país e fez com que o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, decretasse o fim das negociações indiretas que ainda eram planejadas.
O fechamento da Cisjordânia começou por volta da 0h desta sexta-feira (19h no horário de Brasília) e vai até às 0h do próximo domingo (14) "de acordo com a avaliação de segurança", indica uma nota das Forças de Defesa de Israel.
O fechamento da Cisjordânia, que não só impede a passagem dos palestinos ao território israelense, mas também ao território palestino ocupado --como no caso de Jerusalém Oriental-- são frequentes durante as festividades oficiais de Israel, mas há anos não eram decretados fora dessas datas.
Segundo a imprensa local, o Ministério de Defesa ordenou o fechamento após receber relatórios dos serviços de inteligência sobre planos palestinos de manifestações em Jerusalém neste fim de semana.
Confrontos
No último mês, houve confrontos às sextas-feiras após as orações muçulmanas do meio-dia em torno da Esplanada das Mesquitas, terceiro lugar mais sagrado para o Islã.
Na sexta-feira passada, 80 pessoas, entre elas cerca de 20 policiais, sofreram ferimentos leves nos choques que aconteceram no lugar sagrado, situado na velha cidadela amuralhada de Jerusalém.
O Exército israelense informou que durante o fechamento da Cisjordânia, pessoas como pacientes, médicos, trabalhadores religiosos, professores e outros grupos profissionais poderão passar "por razões humanitárias", desde que as pessoas em questão tenham a autorização da denominada Administração Civil, o corpo militar que administra a ocupação dos territórios palestinos.
As forças de segurança israelenses também asseguram que jornalistas poderão entrar e sair da Cisjordânia, mas a coordenação deste processo pode ficar nas mãos do Exército.
"As Forças de Defesa de Israel continuarão a operar para proteger os cidadãos de Israel, enquanto mantêm a qualidade de vida da população palestina na área", disse o ministro israelense da Defesa, Ehud Barak.