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Briga entre Israel e EUA reforça imagem de um Obama fraco




 

Financial  Times
 
Por Edward Luce e Daniel Dombey
Tradução: George El Khouri Andolfato
 
No início deste ano, Barack Obama reconheceu que superestimou seus poderes de persuasão com os israelenses e palestinos. "Se tivéssemos antecipado alguns desses problemas políticos em ambos os lados, nós não teríamos elevado tanto as expectativas", disse o presidente para a revista "Time".

De forma premeditada ou não, nesta semana o governo de Benjamin Netanyahu puxou o tapete de sob os pés de Obama antes que Washington pudesse lançar seu segundo esforço, mais cuidadosamente pensado, para reviver o processo de paz entre árabes e israelenses.

Ao anunciar o início das obras de 1.600 novos imóveis residenciais na Jerusalém Oriental ocupada enquanto Joe Biden, o vice-presidente, passava pelo país em uma ofensiva de charme, Israel praticamente assegurou que as chamadas "conversações de proximidade" seriam natimortas.

O incidente, que Netanyahu afastou como sendo um problema de timing, não de substância, causou algo próximo de desespero entre aqueles que apóiam Obama. A impressão de que o presidente americano pode ser intimidado tanto em casa quanto no exterior parece estar ficando mais forte a cada semana.

"O fato de Israel fazer isso é quase impressionante, dado tudo o que já se passou", disse Strobe Talbott, presidente da Instituição Brookings e vice-secretário de Estado no governo Clinton, ao "Financial Times".

"Apesar do presidente Obama ter marcado alguns pontos na política externa durante seu pouco mais de um ano de governo, ele tem um problema com a crescente percepção de que cada vez que ele arremessa, a bola bate no aro e não cai."

Poucos acreditam que Obama fez o suficiente para recalibrar sua abordagem para as negociações de paz, após elas se depararem com a recusa de Netanyahu de congelar toda atividade de assentamentos no ano passado. A chegada de Biden foi precedida por uma série de visitantes americanos de alto nível a Israel –todos visando preparar as planejadas "conversações de proximidade". Mas não há sinais de que os Estados Unidos tinham um plano B preparado para o caso do mais recente esforço encontrar os obstáculos previsíveis.

"Há uma verdadeira falta de criatividade na abordagem do governo Obama às negociações entre árabes e israelenses", diz Daniel Levy, um ex-funcionário do governo israelense e co-fundador do J Street, um grupo de lobby judeu liberal que visa contrabalançar a influência do poderoso Comitê Americano-Israelense de Assuntos Públicos (AIPAC, na sigla em inglês).

"Há poucos sinais de que o governo Obama está promovendo esta mais recente tentativa de reviver as negociações com uma abordagem diferente da primeira."

Nem há clareza sobre quem está encarregado da política do governo Obama para o Oriente Médio. A visita de Biden visava ser um trabalho paralelo ao lançamento das conversações de proximidade por George Mitchell, o emissário de Obama para a região. Outros integrantes-chave são Hillary Clinton, a secretária de Estado, e James Jones, conselheiro de segurança nacional.

Mas a verdadeira pergunta é onde está Obama em tudo isso. "As pessoas estão perguntando sobre quem é o encarregado", disse um conselheiro externo da Casa Branca. "No final, o presidente precisa estar encarregado."

A atenção agora se voltará para o que Mitchell pode fazer para persuadir os palestinos a darem continuidade às negociações, apesar de quase ninguém acreditar que o resultado será diferente do que ele vem fazendo nos últimos 14 meses –indo e vindo entre Ramallah e Jerusalém.

O foco também será em como Netanyahu será recebido em Washington ainda neste mês, quando participará da conferência anual da AIPAC. Quase ninguém no mundo árabe, que tinha grandes expectativas em relação a Obama em junho passado, após seu discurso histórico no Cairo, ainda acredita que o presidente esteja preparado para lidar com Netanyahu. As pesquisas de opinião mostram uma forte deterioração na aprovação de Obama entre os árabes desde junho.

O "Al Hayat", um jornal pan-árabe, publicou um editorial na sexta-feira dizendo que Israel "domou" Obama. "O homem que lançou sua eleição com tantas altas esperanças parece distante hoje", ele escreveu.

"O homem que rodou o mundo exibindo suas habilidades retóricas desapareceu. O governo Netanyahu freou com sucesso o impulso de Barack Obama e foi bem-sucedido em domá-lo."

Se Obama será capaz de recuperar sua imagem e credibilidade regional de um declínio vertiginoso dependerá muito de como ele responderá ao mais recente revés. Os palestinos estão à procura de algum gesto de Obama, dizem os diplomatas.

Enquanto isso, Netanyahu deve esperar uma recepção calorosa no AIPAC.

"Nós acreditamos na palavra do primeiro-ministro de que não tinha conhecimento (do anúncio do assentamento)", disse um funcionário americano. "Mas ele é o chefe do governo e, no final, ele é o responsável."

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