católicos do Oriente Médio. As diretrizes já foram distribuídas e
estão em estudo. O tema será: "A Igreja Católica no Oriente Médio,
Comunhão e Testemunho".
Nahum Sirotsky
O documento destaca que o Santo Padre, que visitou a Terra Santa de 8
a 17 de maio de 2009, acedeu a pedidos para convocar a assembleia, com
o propósito de examinar os ensinamentos dos Atos dos Apóstolos "na
complexa situação dos países do Oriente Médio e alimentar as
esperanças e a fé dos cristãos que nunca deixaram de estar presentes
em sua terra natal desde os tempos de Jesus". São 32 questões
propostas e enviadas a todas as dioceses visando informações
confiáveis sobre tudo o que diz respeito aos fiéis. Nada foi
esquecido.
Em sua peregrinação, Bento 16 recomendou em discursos "que os cristãos
perseverem em sua fé e não esqueçam a grande dignidade que deriva da
nossa herança cristã". O sínodo, espera-se, explicará a fuga dos
cristãos do Oriente Médio, onde estima-se que eles sejam entre 12 e 15
milhões. Proporcionalmente, metade do que eram no inicio do século
passado, quando eram estimados em 20% da população árabe.
São, porém, estimativas. Sabe-se com certeza que são um terço dos
quatro milhões de libaneses. Em todos os demais 22 países árabes e um
judeu, a proporção de cristãos é bem inferior a 10%. Na Cisjordânia e
na Faixa de Gaza, na qual se intenciona instaurar o Estado palestino
independente, 87% são árabes palestinos muçulmanos e 6% árabes
cristãos. Os demais são judeus israelenses nela assentados; Os sete
milhões e meio de israelenses abrangem 80% de judeus de Israel, cerca
de 14% de árabes muçulmanos e apenas 2,1% de árabes cristãos.
É notório que o número de cristãos começou a declinar a partir do
sétimo século por conversão, quando a região foi conquistada por
muçulmanos. Mas no século passado, ainda sob o Império Turco-Otomano,
a emigração de cristãos foi maciça e continuou depois da derrocada do
Império Otomano em 1918.
É verdade que ocorre curioso paradoxo em Israel. As estatísticas
indicam apenas 120 mil árabes cristãos num total de mais de um milhão
de muçulmanos. Mas, no final da existência da União Soviética, cerca
de um milhão de russos chegaram a Israel com passaporte judeu. A Lei
do Retorno, das primeiras a serem adotadas na proclamação do Estado
judeu, em 1948, assegura ao judeu o direito de emigrar para o país.
Dos russos que vieram estima-se que entre 300 a 500 mil tinham
ascendentes judeus, mas eram e continuam cristãos.
Mas porque emigram os árabes cristãos? O ministro da Informação do
Líbano, Tarek Mitri, diz que os cristãos são vítimas de sua boa
educação e formação profissional. Daí emigrarem com relativa
facilidade para países com melhores oportunidades. "Perder os cristãos
é perder os recursos culturais, educativos e científicos que são sua
grande contribuição", diz Mitri.
O Arcebispo Sleiman, de Bagdá, um libanês, interpreta o êxodo como
receio da ascensão do fundamentalismo islâmico nos países árabes. Para
ele, só o regime democrático pode mudar a tendência, pois é o Estado
da lei civil. Os fundamentalistas adotam a Shaaria, a lei canônica
muçulmana.
O Papa tem razão em sua preocupação. Hojem os muçulmanos no mundo
somam um bilhão e duzentos milhões de indivíduos. Os católicos, cerca
de um bilhão. São minorias declinantes no Oriente Médio. O sínodo de
outubro é a esperança de se compreender melhor o fenômeno, e decidir o
que fazer.
--
"A grandeza requer atenção e esforço.
Lembre-se: o mato cresce sozinho, mas flores precisam de cultivo"
Magal
http://twitter.com/magal