ignorantes e estúpidos em vídeos satíricos divulgados por um novo site
governamental destinado a melhorar a imagem de Israel no exterior.
Nos vídeos, o Estado judeu é apresentado por atores que fazem papel de
correspondentes e interpretam o país como atrasado, de costumes
arcaicos e com tendência à guerra.
O site, denominada "Explicando Israel", foi criada pelo Ministério
para Diáspora e Assuntos Públicos tem por objetivo oferecer sugestões
aos israelenses que viajam ao exterior sobre como corrigir ou
responder aos mitos mais comuns e conceitos errôneos sobre seu país.
"Cansados de ver como somos apresentados ao mundo? Vocês podem mudar a
situação", diz o narrador após cada um dos vídeos, nos quais os
personagens jornalistas adoecem de uma falta de conhecimentos básicos
sobre o que estão informando.
O lema da campanha também aparece em anúncios televisivos e os vídeos
podem ser encontrados em "www.masbirim.co.il".
Nenhum dos vídeos aborda diretamente o conflito entre israelenses e
palestinos, principal assunto da cobertura informativa dos
correspondentes em Israel.
Grande parte da população israelense considera que a imprensa
estrangeira não cobre com objetividade o conflito, e inclusive alguns
tacham esses veículos de comunicação de pró-palestinos.
Em um dos vídeos, um repórter de televisão descreve em inglês com um
forte sotaque britânico um camelo como um "típico animal israelense,
usado pelos israelenses para viajar de um lugar a outro no deserto
onde vivem".
E acrescenta com um tom de documentário de viagens, que o animal "é o
meio de transporte de água, mercadorias e munição" dos israelenses.
Em outro aparece uma apresentadora de um telejornal em francês, que
abre uma reportagem anunciando "ruídos de guerra" em Israel, quando na
tela de trás se pode apreciar que se trata do dia em que o país
celebra sua independência com o lançamento de fogos de artifício.
O terceiro mostra um repórter que fala em espanhol com sotaque
latino-americano passeando por um parque onde vários israelenses assam
carne.
"Em Israel, na maioria das casas não existe eletricidade ou gás. Por
isso, os israelenses continuam utilizando métodos de cozinha
primitivos como assar com carvão".
E após experimentar um pedaço de carne assado, diz: "Primitivo... mas
delicioso".
A Associação de Imprensa Estrangeira de Israel (FPA, na sigla em
inglês) considera que a campanha "só contribui para criar uma
atmosfera hostil".
"Estamos muito preocupados sobre a imagem passada aos jornalistas
estrangeiros em Israel. Isso não colabora para melhorar a situação,
que já é muito difícil", disse à Agência Efe o presidente da FPA,
Conny Mus.
Os correspondentes internacionais em Israel se queixam que as
autoridades tentam impedir a obtenção de credenciais de imprensa e
vistos de trabalho, que favorecem a contratação de pessoal local e que
impedem o livre acesso a regiões essenciais para a cobertura do
conflito.
"Os vídeos são ofensivos, ridicularizam nossa inteligência e a de
nossos leitores, ouvintes e espectadores no mundo todo", disse Mus.
O ministro de Diáspora e Assuntos Públicos de Israel, Yuli Edelstein,
explicou à Efe que os vídeos, que qualifica de "chacota grotesca",
fazem parte de uma campanha mais ampla que tem como público-alvo os
israelenses.
"Nosso objetivo é fazer as pessoas rirem e ficarem furiosas para que
desejem colaborar", disse Mus, antes de considerar o público-alvo
"inteligente".
Diante das suscetibilidades despertas afirma que "a grande maioria do
público não o levou a sério". Além disso, acrescentou que, "ao se
analisar o conteúdo dos vídeos de forma rigorosa, pode-se perceber que
os atores não pretendem imitar correspondentes, mas apresentadores de
programas televisivos populares".
A iniciativa pretende pedir aos israelenses que contem a realidade do
país, onde "o conflito ocupa apenas 10%".
"Eu sempre digo que quando saio com minha mulher, não saio para lutar
contra os palestinos, mas para um restaurante ou um show", concluiu
Edelstein.