O movimento islâmico radical palestino Hamas, que governa a faixa de Gaza, anunciou nesta quarta-feira que impedirá a organização das eleições gerais palestinas de 24 de janeiro de 2010 por se opor à convocação do pleito sem consenso por Mamhoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina.
Em comunicado, o Ministério do Interior disse que "pedirá contas" a todas as pessoas envolvidas nas eleições e que rejeita a celebração das eleições na faixa de Gaza porque foram convocadas "por quem não tem poder fazer tal anúncio" --em referência a Abbas.
Abbas, eleito em janeiro de 2005, concluiria seu mandato em janeiro de 2009 --mas teve a missão prorrogada por um ano pela Autoridade Nacional Palestina em virtude da lei que determina a realização das eleições legislativas e presidenciais simultaneamente.
O ministério também rejeita a convocação de legislativas e presidenciais, porque foi decretada sem um acordo prévio de reconciliação com o Fatah, que mediadores egípcios tentavam conseguir há mais de um ano. A nota adverte, inclusive, que interrogará quem participar do pleito.
Na sexta-feira passada (23), Abbas convocou eleições presidenciais e legislativas para 24 de janeiro de 2010 no conjunto dos territórios palestinos. O Hamas rejeitou a decisão de Abbas, afirmando que a convocação de eleições é "ilegal e inconstitucional".
Segundo o Hamas, o decreto é um "duro golpe para os esforços egípcios" visando à reconciliação palestina.
Pela Constituição palestina, Abbas deve proclamar a data das eleições gerais três meses antes de sua realização. Em 24 de janeiro de 2010 termina o mandato de quatro anos do Conselho Legislativo Palestino (CLP, Parlamento da Autoridade Palestina), eleito em 2006.
O Hamas derrotou nas eleições de 2006 seu principal adversário, o Fatah, dirigido por Abbas. Em junho de 2007, contudo, tomou o poder a força do partido laico e desde então não mantém relações cordiais com a facção palestina.
Esta semana, o Centro Palestino pelos Direitos Humanos, com sede em Gaza, reconheceu, em comunicado, que a convocação de Abbas era legal, mas a considerou um erro, porque aprofunda a brecha entre os dois principais movimentos palestinos.
O deputado do Hamas Yahia Moussa disse que seu movimento impedirá que o Comitê Central Eleitoral prepare o pleito em Gaza.
"O decreto de Abbas de convocação de eleições sem acordo nacional é, na prática, inútil, ilegal e inconstitucional, por isso tudo que vier por causa desse decreto também será inútil", disse.
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