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Uma hora no Wal-Mart



por: Rabino Yaakov Salomon

O que aprendi em 60 minutos num supermercado.

Será que realmente precisava comprar uma tampa de gasolina para meu Toyota num final de tarde de uma sexta-feira?

Acho que não.

Honestamente, acho uma boa idéia ter uma tampa de gasolina no tanque. Afinal, todos os carros vêm com uma. De certa forma, a minha tinha perdido e eu estava dirigindo sem nenhuma por semanas. Estava começando a me aborrecer. E não gosto de adiar as coisas, aliás, tenho um sério problema com isso.

Então fui para o supermercado Wal-Mart em Nova Iorque. Afinal, lá tem tudo.

Fui bem próximo das 6:00 da tarde de uma sexta-feira e o estacionamento estava lotado de carros e manobristas.Resisti a tentação habitual de dirigir ao redor até que encontrei um lugar perto da entrada principal, então logo me apoderei da vaga, mais ou menos 60 segundos depois.

Corri a toda velocidade até as portas da frente e nem notei que o sol de agosto já se escondia. Shabat estava chegando, seria logo (7:26 para ser exato) e nada que fizesse para me apressar preveniria sua chegada iminente. Peguei um carrinho vazio e entrei no paraíso das compras.

Não vou muito freqüentemente ao Wal-Mart, mas a imensidão de coisas que tem lá, é capaz de tirar o fôlego de muita gente, e foi por isso que, instintivamente, peguei um carrinho, embora só fosse comprar uma tampa de gasolina. Fui para a seção de automóveis.

E a primeira distração foi a seção de frutas. Uvas (de várias cores) estavam à venda por 79 centavos! Que pechincha! Peguei um pouco. Próximo a elas haviam pêssegos. Experimentei um pedaço e estava uma delícia. Minha esposa ama pêssegos frescos. "Serei um herói", pensei e peguei um pouco num saco plástico e coloquei na parte inferior do carrinho.

Depois fui pelo corredor central e passei pelo corredor de cereais, salgadinhos e comida congelada à minha direita. Tudo parecia muito tentador, pois algumas prateleiras tinham sinalizações amareladas brilhantes que chamavam a atenção e era como se falassem “venha”, de tão baratos que eram os produtos. Mas o tempo era curto, e passei rapidamente pelos corredores.

De repente, fiquei cara a cara com uma caixa de 24 latinhas de pepsi por...Adivinhem? R$ 8,99! Estaria pagando muito menos do que pagava normalmente por cada latinha e pensei “hoje é meu dia de sorte”, peguei dois engradados e coloquei no carrinho (quase amassando as uvas) e fui embora.

Então perguntei a um balconista onde era a seção de automóveis e me aventurei naquela direção.

Mas, aí "espere! olhe para estas camisas!" A estação de verão estava terminando e aquelas camisas estavam praticamente sendo doadas por R$9.99! E com oito cores diferentes! A placa dizia que o preço anterior era R$ 29,99. Realmente, não precisava de mais camisas, mas com aquele preço não dava para resistir. Levei alguns minutos para encontrar o tamanho certo e escolher as cores, mas peguei duas e pus no carrinho.

Estranho como você encontra certas pessoas em certos lugares, não é? Bem, eu não via Barry há anos, mas lá estava ele, no corredor 11 com duas garrafas de vinho e um grande pote de tempero de pepino em suas mãos. "Essencial para o Shabat", falou. Estávamos ambos com pressa, mas não resisti em perguntar como estava a família dele. “Ele parecia bem”, pensei quando ele foi para a fila para pagar e sair.

As horas estavam passando conforme andava pelos corredores de flores, equipamentos eletrônicos, brinquedos, cobertores, etc. “Voltarei semana que vem para ver estas ofertas”, pensei. Agora não tinha tempo.

Estava chegando perto dos pneus, mas parei para ver as baterias recarregáveis que estavam em promoção. Usar baterias recarregáveis era uma idéia muito sensata. Havia alguns tipos diferentes de kits de bateria na estante e levei um longo tempo para encontrar a adequada. Mas finalmente fiz minha escolha (a mais barata, é claro), e cheguei na seção de automóveis... Finalmente.

Verifiquei as horas no meu celular (nunca usei um relógio). Eram quase 7 horas! Como passou tanto tempo, para onde ele foi? Corri freneticamente atrás da tampa de gasolina, minha meta indispensável naquele momento.

Havia somente duas bombas de gasolina na estante. "Deve ser um artigo popular”, pensei. Mas qual delas se ajustaria no meu Toyota? A embalagem não dava nenhuma instrução.

Procurei desesperadamente por uma pessoa que me ajudasse.

"Eu não trabalho com automóveis".

"Acho que são todos iguais”.

"Você vai ter que esperar sua vez, agora estou ajudando esta senhora com um manômetro".

"Você vai ter que trazer seu carro até a parte de trás de loja e pedir ao mecânico para colocar. Se não se ajustar, talvez eles encontrarão o modelo apropriado, porém não tenho certeza".

Não tem certeza? Esperar minha vez? SERÁ QUE ESTAS PESSOAS NÃO SABEM QUE HORAS SÃO?

Naquele momento, meu corpo inteiro estava suando profusamente. Sacudi a tampa de gasolina e saí correndo com o carrinho, quase atropelando meio mundo para poder pegar a fila para pagar. Havia pelo menos 16 caixas abertos... E TODOS, SEM EXCEÇÃO, ESTAVAM LOTADOS!

Empurrei meu carrinho e esperei. Por que, meu D’us do céu, as pessoas precisam comprar tapetes num supermercado? Quantos pacotes de fralda um bebê pode usar? Aquela senhora precisava realmente de tantas caixas de uva passa? E onde estes caixas foram treinados? Nas ilhas Caimã?

Tentei trocar de fila umas oito vezes em três minutos. Isto é ridículo. POR QUE ESTAS PESSOAS NÃO PODEM FAZER COMPRAS DE MANHÃ, QUANDO EU NÃO ESTIVER AQUI?

Meu telefone celular indicava 7:12. Shabat chegaria em 14 minutos e já estava perdendo a paciência. Olhei para o meu carrinho e tudo que tinha nele. Verifiquei a situação nos caixas; não andavam. Olhei uma última vez para o relógio e as compras no carrinho... E então disse adeus.

Não ia dar tempo. Abandonei minhas compras e saí de lá com as mãos vazias.

Saltei no meu Toyota, (uns 60 segundos depois) liguei o motor e senti uma lágrima cair no meu rosto. Não era uma lágrima de tristeza. Era uma lágrima de vergonha.

Cinco minutos mais tarde, entrei em casa. Passei rapidamente pelos meus netos que tinham terminado de tomar banho há pouco tempo e entrei direto no quarto sem dizer uma palavra. Eu não podia. Eram 7:22.

Muitas lições

Passei alguns dias contemplando seriamente o que aconteceu. Mas, aprendi muito nesta uma hora no supermercado.

Entramos neste mundo com tudo disponível para nós. Este planeta é como se fosse um supermercado. Em muitos aspectos nosso potencial é ilimitado; nossas possibilidades infinitas. Mas estamos aqui por somente um período de tempo, e conseqüentemente, devemos planejar.

Cada um de nós tem um objetivo, uma missão, um propósito e talvez algo errado que precisemos corrigir ou um buraco que precisemos “tampar” e recebemos um carrinho direcionar. Mas as distrações estão em todos os lugares. A fruta parece tão fresca e barata, mas talvez seja proibida. Os pêssegos podem me tornar "um herói". Seguramente haverá tempo para isto. Então paramos... E escolhemos.

Vemos sinais que nos acenam para parar, folhear e escolher, mas resistimos a tentação e ficamos orgulhosos e talvez um pouco satisfeitos. De forma que, segundos mais tarde, quando nosso "refrigerante favorito" está realmente barato não resistimos e pegamos uma quantia enorme, talvez muito mais do que precisamos.

Continuamos em nosso caminho, buscando nosso destino e pedimos ajuda ou direção. Mas não pedimos às pessoas certas. Talvez devêssemos ter feito nossa lição antes, aí saberíamos para onde olhar e a quem pedir.

Velhos amigos cruzarão nosso caminho. Queremos alcançá-los, mas estes estão correndo e às vezes mais focados em alcançar a meta deles do que nós mesmos. Então não têm tempo para nós. Não é triste?

Verificamos o relógio. Nosso tempo está correndo. Mas não podemos mudar de marcha.Continuamos atrás do que procurávamos originalmente, não importando o quão mundano ou desnecessário realmente é. Falhamos em ver que às vezes não dá certo. Nos iludimos e acreditamos que há tempo para tudo. Nossas prioridades estão encobertas ou completamente fora de sincronização.

E então, quando finalmente chegamos na linha final, não sabemos se a solução se ajustará. Freneticamente, procuramos alguém para ajudar, mas estes estão ocupados ou não trabalham naquele departamento.

Desesperadamente, pegamos todas as “besteiras” que acumulamos, e corremos como loucos (chegando a incomodar os outros) para tentar adquirir e levar tudo conosco. Mas as filas são longas...Muito, muito longas. Mesmo depois de tudo o que passamos, continuamos cegos. Em vez de nos responsabilizar por nossas ações e decisões, fazemos perguntas ridículas e jogamos a culpa em todos, menos em nós mesmos.

No fim, largamos o carrinho para trás. Tudo isso não serviu para nada. Planejamento escasso, prioridades distorcidas, muitas distrações e tempo que não é suficiente.

Sim, no supermercado Wal-Mart tem de tudo. Mas tenha certeza do que realmente precisa.

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