
Os dois candidatos mais votados nas eleições israelenses de terça-feira, a ministra de Relações Exteriores, Tzipi Livni, do partido de centro Kadima, e o ex-premiê Binyamin "Bibi" Netanyahu,

Com 99,7% dos votos apurados, Tzipi obtinha 28 das 120 cadeiras da Knesset (o Parlamento israelense), 1 a mais do que Bibi. Mesmo assim, a chanceler pode acabar na oposição.
Assim que o dia amanheceu, começaram os encontros entre os dois candidatos e líderes dos outros dez partidos que conseguiram eleger parlamentares. Tinham como objetivo: pedir que eles os recomendem para o cargo de primeiro-ministro ao presidente Shimon Peres, a quem cabe decidir quem formará a coalizão de governo.
O encontro mais importante foi entre Tzipi e a grande surpresa dessas eleições, o imigrante da Moldávia ultranacionalista Avigdor Lieberman,

Na matemática política que tomou conta do país, porém, Tzipi leva a pior: o bloco de partidos de esquerda ficou com 55 cadeiras contra 65 dos partidos de direita. É nessa vantagem que aposta o Likud. "A realidade política é que vencemos. A direita venceu", afirma a deputada do Likud Limor Livnat. "Espero que o Kadima aceite juntar-se a nós numa coalizão liderada por Bibi", continua Livnat.
Uma coalizão entre os dois maiores partidos, Likud e Kadima, é um dos vários cenários traçados por analistas e políticos para o futuro governo. Eles só precisariam de mais um ou dois partidos para consolidar um governo amplo e estável. Essa é a opinião do cientista político Yitzhak Galnoor, do Instituto Van Leer em Jerusalém. "Esse seria o cenário mais lógico: o Likud e o Kadima ao lado de dois partidos menores, como o Shas (de religiosos sefarditas) e os trabalhistas - um de direita e outro de esquerda", sugere. Caso isso se concretize, o governo contaria com nada menos do que 79 parlamentares, dois terços da Knesset. Tzipi e Bibi poderiam até mesmo revezarem-se no posto de primeiro-ministro. Esse tipo de revezamento já ocorreu uma vez em Israel, na década de 80.
Mas Galnoor crê que o que vai ocorrer, é outra coisa. Segundo ele, o Likud deve buscar o apoio apenas de partidos de direita, formando um governo com 65 parlamentares e posições linha-dura, principalmente em relação às negociações de paz com os palestinos. Entrariam na coalizão o Israel Beiteinu, o Shas, e outros três partidos menores da direita religiosa. Nesse cenário, o Likud administraria um governo com maioria estreita e mal recebido internacionalmente. "Se isso ocorrer, voltamos à estaca zero nas negociações e ao derramamento de sangue dos últimos tempos", prevê.
Outro cenário possível é um governo liderado pelo Kadima com parceria do Israel Beiteinu e dos trabalhistas (com a ajuda do Shas), num total de 66 cadeiras. Foi justamente isso que sugeriu Tzipi a Lieberman ontem. O Kadima é bem mais liberal no que diz respeito às negociações com os palestinos e ao tratamento aos árabes-israelenses do que o imigrante russo. Mas, se Lieberman é radical no discurso antiárabe, ele é considerado liberal no que diz respeito aos direitos civis. Laico, defende o fim do monopólio dos rabinos ortodoxos sobre o casamento no país, prometendo aprovar uma lei que crie a possibilidade de casamentos civis. Para tê-lo em sua coalizão, Tzipi pode prometer a Lieberman o apoio a essa lei. Em troca, ele aceitaria ficar de fora das negociações de paz com os palestinos e do relacionamento com os árabes-israelenses.