
JERUSALÉM - O partido direitista Likud, do ex-premiê Benjamin Netanyahu, e o centrista Kadima, da chanceler Tzipi Livni, aparecem quase empatados nas últimas pesquisas divulgadas antes das eleições legislativas israelenses, que acontecem na próxima terça-feira. As pesquisas para os jornais Haaretz e Yedioth Ahronoth publicadas nesta sexta-feira, coincidem ao


Segundo as pesquisas, o partido de esquerda pacifista Meretz alcançaria sete cadeiras, uma a mais que a legenda dos ultraortodoxos Judaísmo Unido da Torá. A disputa entre o Likud e o Kadima finalmente chamou atenção na campanha eleitoral. Há algumas semanas, o Likud parecia ter uma vitória tranquila, e agora teria perdido espaço para o Kadima. Porém, na formação de uma coalizão, o Likud sustenta sua vantagem, já que Lieberman dificilmente daria apoio para Livni, principal negociadora do processo de paz com os palestinos.
Tentando angariar votos de imigrantes vindos da ex-URSS, Netanyahu disse que se eleito dará ao radical Lieberman um "ministério-chave". Ex-integrante do movimento clandestino de ultradireita Kach, Lieberman adotou o slogan "sem lealdade, não há cidadania". Segundo o Guardian, se o direitista confirmar o favoritismo das pesquisas e levar adiante sua retórica de campanha, deverá entrar em rota de colisão com o governo de Barack Obama, principalmente com seu enviado ao Oriente Médio, George Mitchell. Analistas afirmam que Washington aumentará a pressão para que Israel congele os assentamentos na Cisjordânia e, futuramente, negocie uma retirada em troca de paz com os palestinos.
O fim da expansão israelense no território foi recomendado em 2001 pelo próprio Mitchell, em um relatório sobre a região. Em vez de negociações com a Autoridade Palestina, o líder do Likud defende um projeto de desenvolvimento - um plano de "paz econômica". O direitista também é contra a devolução à Síria das Colinas do Golan.
Durante a campanha eleitoral, tanto o Kadima como o Likud perderam cadeiras no Parlamento. O direitista foi o partido que perdeu mais - para Lieberman - em parte graças aos ataques do Kadima contra Netanyahu. O plano de "Bibi", como é chamado o ex-premiê pelos israelenses, é passar os últimos dias antes da eleição tentando recuperar esses votos.
A direita israelense se manteve mais firme durante toda a campanha, se comparada com os partidos de esquerda. A pesquisa do Haaretz aponta que o bloco esquerdista tem apenas 54 cadeiras, incluindo oito de partidos árabes, que efetivamente não estão incluídos em nenhum governo - tanto de Livni quanto de Bibi. O bloco direitista, em contraste, possui 66 assentos, o que dará a Netanyahu a escolha de quatro possíveis coalizões: uma exclusivamente religiosa (o que ele não quer), uma ultraortodoxa com o Partido Trabalhista, uma ultraortodoxa com o Kadima ou um governo com a participação dos Trabalhistas e do Kadima além dos partidos menores.
Entretanto, se o Likud ganhar pelo menos 30 cadeiras no Parlamento, nenhuma dessas configurações será estável, porque o partido tem pouca habilidade em impor sua própria agenda, e a coalizão pode ter dificuldades. Cerca de 29% dos ouvidos pelo Haaretz ainda estão indecisos. Porém, a maioria da população está convencida de que o Likud vencerá. Apenas 30% dos consultados afirmam que querem que Netanyahu seja o próximo premiê, mas 64% acreditam que ele será.