Militantes palestinos lançaram um foguete Qassam na manhã desta quinta-feira contra a região de Negev, no sul de Israel. O foguete atingiu a área do Conselho Regional de Shaar Hanegev e, segundo a imprensa israelense, não deixou vítimas ou grandes danos. Este é o segundo ataque de foguetes do Hamas desde esta quarta-feira (28), quando Israel e o movimento islâmico radical Hamas voltaram a se confrontar.
Na madrugada desta quinta-feira, as Forças Aéreas israelenses atacaram uma fábrica supostamente utilizada para a manufatura de armas. A fábrica foi atingida durante o bombardeio de caças israelenses à região de Rafah, no sul da faixa de Gaza, em um ataque que não deixou vítimas. O bombardeio israelense é o segundo em dois dias e ocorre dez dias depois do cessar-fogo separado declarado por Israel e Hamas, em 18 de janeiro.
O cessar-fogo pôs fim a 22 dias de uma grande ofensiva militar israelense contra alvos do Hamas na faixa de Gaza, que deixou ao menos 1.300 palestinos mortos, a maioria civis, e cerca de 5.000 feridos. Embora nenhuma das partes tenha falado em uma retomada da ofensiva, os ataques ampliam o temor do fim das negociações de trégua duradoura.
Nesta quarta-feira (28), o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert condicionou a abertura das passagens de fronteira de Gaza à libertação de um militar sequestrado em 2006 por militantes palestinos. O premiê afirmou ainda, segundo o jornal israelense "Haaretz", que a estabilidade do atual cessar-fogo em Gaza será determinada por dois parâmetros: o fim dos ataques com foguetes contra o território israelense e do contrabando de armas em Gaza.
O líder do Hamas exilado na Síria, Khaled Mashaal, recusou a proposta.
O porta-voz do governo, Mark Regev, israelense afirmou à agência de notícias Associated Press que "Israel quer paz no sul, mas o ataque de ontem é uma provocação deliberada para destruir a calma". Ele se referia ao ataque desta quarta-feira (28), quando milicianos palestinos lançaram um foguete por volta das 21h (17h no horário de Brasília) que atingiu o kibutz Reim, na região de Eshkol, sem deixar vítimas.
"Se o Hamas quer acabar com o cessar-fogo, terá que culpar a si mesmo pelas consequências", concluiu.
Os palestinos, afirma o "Haaretz", alegam que o ataque é uma resposta aos bombardeios israelenses, na manhã desta quarta-feira, a túneis clandestinos no Corredor Philadelphi, próximo à fronteira de Gaza com o Egito.
Os jornais israelenses afirmam que o Hamas lançou um terceiro foguete, o primeiro desde o cessar-fogo, na manhã desta quarta-feira. Os palestinos confirmam, mas o Exército israelense não reconhece o ataque. Segundo o "Jerusalem Post", o foguete Qassam foi lançado do território palestino contra uma área aberta em Negev, uma das regiões mais atingidas pelos foguetes do Hamas durante a grande ofensiva israelense.
Escalada
Os novos ataques em Gaza começaram, segundo porta-voz do Exército israelense, como resposta à morte de um soldado israelense na explosão de uma bomba por controle remoto na fronteira com Israel, nesta terça-feira (27).
Horas depois, segundo fontes médicas palestinas, um civil palestino morreu em um ataque de tanques israelenses a 1,5 quilômetro da explosão. O Exército israelense não confirma a morte.
Após a morte do soldado, Israel iniciou uma escalada da ofensiva contra o Hamas. Horas depois da explosão da bomba, com a aprovação do governo, segundo o "Jerusalem Post", as Forças de Defesa israelenses atacaram diversos alvos no território palestino.
Os soldados israelenses atravessaram a fronteira e voltaram a invadir o sul do território, onde, segundo testemunhas, atacaram fazendas em busca dos militantes do Hamas. Na tarde de terça-feira (27), Israel lançou ataques aéreos à região, ferindo um suposto membro do Hamas que andava de moto em Khan Yunis e um pedestre.
Ainda segundo o "Post", as tropas deixaram Gaza na noite desta terça-feira, depois de descobrir que diversos explosivos foram plantados na região. Em reação aos ataques, Israel fechou os corredores humanitários de Gaza.
Esforços pela paz
As hostilidades ocorrem em meio à visita do emissário dos Estados Unidos para o Oriente Médio, George Mitchell, que viaja pela região. Nesta quarta-feira, o americano se reuniu com o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, com o presidente israelense, Shimon Peres, com a ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni, e com o ministro da Defesa, Ehud Barak,
Após o encontro com Olmert, Mitchell afirmou que consolidar o cessar-fogo em Gaza é "crucial". "O primeiro-ministro e eu discutimos a importância de consolidar o cessar-fogo incluindo o fim das hostilidades, o fim do contrabando e a reabertura das passagens (de fronteira de Gaza)", disse o enviado, citado pela BBC.
Nesta quinta-feira, Mitchell se reunirá com líderes da Autoridade Nacional Palestina, na Cisjordânia. O americano não irá se encontrar com nenhum membro do Hamas, que controla a faixa de Gaza desde 2007.
