בס"ד
"E Yaakov serviu por Rachel sete anos, e foram a seus olhos como poucos dias, por amor a ela." "E de manhã, eis que era Lea! E disse a Lavan: Que me fizeste? De certo por Rachel servi contigo! Porque me enganaste?" (Gênesis 29:20, 29:25)
Nesta parashá, Yaakov sai de casa em direção a Haran, obedecendo a uma ordem de seus pais para que não se case com uma mulher cananita, mas antes com uma de suas primas, filhas de Lavan, o irmão de Rivka. Ao chegar, após um breve encontro, decide casar-se com sua prima Rachel. Para isso, precisam da aprovação de Lavan que, automaticamente apoia a sua decisão, com a condição de que Yaakov trabalhe para ele durante sete anos. Após os sete anos, Yaakov finalmente marca o casamento, casa e... descobre que Lavan trocou Rachel por sua irmã mais velha Lea.
Talvez ficássemos surpresos se a pessoa em questão não fosse Lavan, que já demonstrara o seu apego por dinheiro e por todo o tipo de bens materiais, quando o escravo de Avraham foi buscar a sua irmã para que se casasse com Itzchak.
Lavan, que toda a vida colocou em primeiro plano o dinheiro e esteve disposto a tudo para enriquecer, deixou de lado até a felicidade de suas filhas! Lavan não obteve sucesso. Além de perder todo o dinheiro que juntou, teve um prejuízo ainda maior: viu as suas duas filhas irem embora com Yaacov sem nenhum pingo de tristeza por estarem se separando de seu pai. Rachel e Léa não só não estavam tristes por deixarem o pai, como demonstraram um grande ressentimento por ele: "Ele nos trata como estranhas! Ele nos vendeu e gastou o dinheiro!" (Bereshit 31, 15-16).
Infelizmente, Lavan não é o único a trocar a sua família por dinheiro. Nós estamos cercados de pessoas que passam a vida tentando enriquecer mais e mais, e mesmo que não seja por meios ilícitos como Lavan, mas até mesmo com trabalho duro e honesto. É verdade que temos que nos esforçar para garantir o nosso sustento, mas jamais podemos deixar que esse esforço sacrifique a nossa família, a qual precisa além de dinheiro, muito amor, carinho e atenção. O tempo investido naqueles que amamos, certamente vale muito mais que todo o dinheiro que podemos colocar no cofre!
Mauro Ejzenberg
Mussar
Uma escada para subir
A nossa parashá conta-nos sobre a saída do patriarca Yaakov da sua casa, com dois objetivos:
O primeiro, fugir do seu irmão Essav, que queria matá-lo. O segundo, para encontrar uma esposa. Durante o caminho, Yaakov pára para dormir. Tem um sonho, no qual vê uma grande escada vinha do céu e que chegava à terra. Nela, anjos subiam e desciam e D'us estava presente no topo da escada. O que a escada do sonho de Yaakov nos ensina?
A escada representa um processo, ou seja, a subida espiritual de uma pessoa só se dá, através de um trabalho contínuo.
O Midrash traz a opinião de três sábios, de qual seria a frase que mais resume o Judaísmo. Ben Zoma, o primeiro sábio falou: "Shemá Israel, Hashem Elokeinu Hashem Echad. (Escuta Israel, Hashem é o Nosso D'us, Hashem é Um e Único)."
Ben Nanas, o segundo sábio, falou: "Ama ao próximo como a ti mesmo." Shimon ben Pazi, o terceiro disse: "Um carneiro para o sacrifício diário, outro carneiro para o sacrifício vespertino".
Certamente, pensaríamos que a primeira ou a segunda opinião seriam a correta. Porém, explica o Maharal de Praga: a terceira opinião é a que engloba todo o Judaísmo, pois denota a ideia de trabalho constante.
A escada do patriarca Yaakov ensina-nos que a subida nos degraus espirituais deve ser conseguida através de um trabalho diário e continuo na vida de cada um.
Samy Roizman, kollel
Judaísmo prático
Leis de Visita aos doentes 3
Qual a melhor maneira de rezar para um doente?
A Guemará em Shabat 12A traz algumas opiniões: "Aquele que entra para visitar um doente (no Shabat) deve dizer: o Shabat vai ele mesmo gritar, e a cura está próxima. Rabi Meir diz: o Shabat poderá apiedar-se do doente. Rabi Yossi diz: o makom (D'us) se apiedará de você entre os demais doentes..." Podemos aprender da Guemará que, mesmo que o Shabat seja um dia de alegria, podemos pedir pela pronta recuperação de um doente.
Os Sábios discutem somente qual é a melhor maneira de fazê-lo. O Rambam (Leis de Avelut 24-5) escreve que a melhor maneira de se pedir é a primeira. Em um dia normal, o Shulchan Aruch (Yoré Dea 335-6) escreve: para pedir a pronta recuperação do doente (citando o seu nome) junto com os demais doentes de Israel. A explicação para isto é que, quando nós pedimos também para outras pessoas, demonstrando a nossa preocupação para com o próximo, D'us devolve-nos na mesma moeda e cura os nossos doentes, prontamente.
Em que língua devemos rezar?
A Guemará em Shabat continua e diz: Disse Raba bar Rav Chana: Quando eu estava indo atrás de Rabi Eliezer para pedir piedade pelos doentes, às vezes pedia em hebraico e às vezes em aramaico... (A Guemará pergunta) Como ele pode fazer isso!? Está escrito que, todo aquele que pede em Aramaico, os anjos não o ajudam na sua reza? Um doente é diferente, porque a Presença Divina está mais forte perante ele (por sua situação especial)".
Vimos na Guemará que o hebraico tem uma força especial. Mesmo assim, pela situação delicada do doente, podemos pedir em qualquer língua, quando estamos em sua presença.
O Shulchan Aruch (Yoré Dea 335-5) escreve: "Quando estamos pedindo piedade para o doente, quando estamos diante dele, podemos pedir em qualquer língua. Mas se não estamos diante dele, devemos pedir em hebraico". O Taz (explicação do Shulchan Aruch) explica que, em geral nós permitimos rezas em qualquer língua. Mas no nosso caso, porque o doente precisa de muita misericórdia, quando não estamos diante dele, usamos justo o hebraico, por ser uma língua especial.
Rabino Daniel Segal
Aconteceu...
Quanto vale um diamante?
Um turista inglês aventurou-se uma vez numa extensa viagem pelo deserto. Em determinado trecho da sua jornada, acompanhou uma caravana de beduínos, nativos da região. Eles nunca haviam ultrapassado os limites da areia.
Durante uma paragem no caminho, o corajoso aventureiro percebeu algo que brilhava no meio da areia. Não via um brilho tão ofuscante desde que deixara a sua terra natal. Quando o vento soprou, pôde reconhecer o que era o curioso objeto: um diamante. Ele era realmente grande. Deveria ser muito valioso. Mesmo em seus sonhos não visionara uma jóia de tal tamanho.
Cuidadosamente, desceu do seu camelo. De repente, ele vê que um dos outros camelos está prestes a fazer suas necessidades sobre a preciosa pedra. Corre desesperadamente em sua direção, salta no ar, até que suas mãos agarram a valiosa pedra.
Assim que cai no chão, uma enorme quantidade de dejetos de camelo cai na sua cabeça. Todos os beduínos, que nunca antes tinham visto um diamante antes e não sabiam o seu valor, começaram a rir dele. Diziam que era um tolo, por ter passado por aquela vergonha apenas para pegar uma mísera pedra.
Muitas vezes, as pessoas agem como os beduínos ignorantes do valor dos diamantes, e troçam daqueles que enfrentam adversidades para cumprir a Torá. Tudo porque não sabem reconhecer seu verdadeiro valor.
Shai Negrão
Parabéns pelo blog. Li recentemente em um livro do Will Self a frase: "Que todos os nossos filhos sejam acrobatas", ele cita como "maldição judaica". Gostaria de saber em que real ocntexto essa expressão se insere.
ResponderExcluirMuito grato!