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Entre Likud e Kadima, Trabalhistas lá atrás, esquentam as eleições em Israel pedro doria




As eleições em Israel, programadas para 10 de fevereiro, estão começando a entrar na reta final. O que parecia, até há poucas semanas, uma vitória certa para o partido de direita Likud, liderado por Benjamin Netanyahu, está mudando de figura. O Kadima, do atual premiê Ehud Olmert, empatou na última pesquisa.

Até mesmo o histórico Partido Trabalhista do fundador de Israel David Ben Gurion e de Golda Meir, que seguia condenado a uma derrota humilhante, está subindo uns parcos pontos.

A essas alturas, os principais partidos já encerraram suas primárias. Em Israel, o sistema é parlamentarista e as eleições são definidas por listas previamente divulgadas. Os eleitores votam no partido. Se um partido teve 30% dos votos, a ele cabem 30% das cadeiras no Knesset, o parlamento. Que deputados ocupam estas cadeiras, no entanto, é decisão de cada partido. Eles estão ordenados em uma lista; os primeiros têm sua posição determinada pela direção. Os seguintes são escolhidos pelas eleições primárias.

Este ano, um dos candidatos a deputado do Likud, Sagiv Assulin, recebeu uma boa quantidade de votos nas primárias por conta de um vídeo que fez publicar no YouTube. É uma cópia exata – mas em hebraico – do filmete Obama Girl, que fez sucesso no início da temporada eleitoral norte-americana. Assulin chegou ao número 33 da lista. Tzipi Livni, a deputada que encabeça a lista do Kadima – e, portanto, será primeira-ministra em caso de vitória – também tem seu Livni Boy.

Na última pesquisa, o Likud ganharia 30 cadeiras no Knesset – e, portanto, Assulin e sua garota ficariam fora –, o Kadima teria outras 30, o Partido Trabalhista teria 12 e o Yisrael Beiteinu teria outras 12. A dificuldade política de Israel é que sua legislação eleitoral permite a qualquer partido que tenha tido 2% dos votos pelo menos uma cadeira. Assim, para que o partido vencedor construa maioria de 50% mais um para poder indicar o premiê, precisa fazer alianças com partidos que não tem quase nenhuma representação popular mas cujo poder político é grande. Isto inclui o famigerado Shas, partido ultra-religioso e favorável à manutenção das colônias na Cisjordânia que já esteve envolvido com histórias de corrupção. Segundo a última pesquisa, o Shas teria 9 cadeiras.

O Likud tem suas forças. Na lista, incluiu Benny Begin, filho de Menachem Begin. Begin pai foi o líder da Irgun, um grupo terrorista judaico no período anterior à fundação de Israel. Ele era premiê quando houve, no Líbano, o massacre de Sabra e Shatila, um dos momentos mais negros da história de seu país. Mas foi também o ultra-reacionário Begin quem apertou a mão do líder egípcio Anwar Sadat, em 1978, promovendo o primeiro acordo de paz israelense com seus vizinhos árabes. Begin, o filho, deixou o Likud em 1998 para tentar fortalecer o partido de ultra-direita Herut, que tinha por plataforma, essencialmente, se opor ao Acordo de Oslo, assinado entre Yitzhak Rabin e Yasser Arafat. É um tento de Netanyahu tê-lo atraído de volta. Está também na lista o ex-chefe do exército Moshe Ya'alon, um tipo lembrado por se referir ao problema palestino como um câncer, que Israel 'trata com quimioterapia mas cuja cura só se dará com amputação.'

O Kadima tem seu próprio escândalo de corrupção, com o premiê em exercício Ehud Olmert, que não concorre à reeleição. O partido foi formado por Ariel Sharon com gente que veio dos Trabalhistas e do Likud para ser uma legenda de centro comprometida com os acordos de paz. Segundo Ehud Barak, líder dos trabalhistas, na lista do Kadima há mais gente ex-Likud do que ex-Trabalhistas, o que indica em que o partido se transformou.

A esquerda vai dividida. Os grandes intelectuais pacifistas do país, liderados pelos escritores Amos Oz e David Grossman, dizem que o partido já cumpriu sua missão, acabou, agora fazem campanha para o pequeno Meretz (na última pesquisa, 7 cadeiras). A ele, se une a coalizão dos partidos árabes, que têm juntas (na mesma pesquisa) 10 cadeiras. Barak é visto pelos israelenses (justa ou injustamente) como quem ofereceu muito em troca de paz em Camp David, para ouvir no final um não de Arafat. Mas ele é também o soldado mais condecorado da história do exército de Israel. Visto como antipático, incapaz de demonstrar emoções, sua campanha diz que talvez até seja: mas, na hora em que tudo é muito difícil, na hora em que decisões são necessárias, ele sempre demonstrou a frieza necessária para tomar a decisão certa. Recentemente, deu uma entrevista emocionada se explicando ao jornal Haaretz e defendendo sua posição.

O futuro dos Trabalhistas, e o de Barak, está depositado em uma aposta: atual ministro da Defesa, ele se recusa a entrar em Gaza. Quando o Hamas rompeu o cessar-fogo e voltou a soltar mísseis, Barak foi imediatamente criticado. Se um único israelense morrer antes das eleições por conta de sua política, ele terá problemas e a direita pode terminar vencendo as eleições.

O que está em jogo, neste pleito, é a capacidade de prosseguir, ou não, com um acordo de paz. As 30 cadeiras do Kadima, mais 12 dos Trabalhistas, 10 árabes e 7 do Meretz talvez produzam um governo de centro-esquerda interessado em buscar agressivamente um acordo, primeiro com a Síria, depois com os palestinos. Mas é sempre preciso lembrar do quarto partido forte, que se mostra com o mesmo tamanho dos Trabalhistas na eleição: Yisrael Beiteinu, também 12 cadeiras, ligado aos imigrantes russos, que questiona até os direitos dos cidadãos israelenses de origem árabe.


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