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Da. Frieda Wolff ZA'L
Sócia Emérita, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro Israel Blajberg (*)
Recentemente fora indicada pelo Professor Arno Wheling, Presidente do IGHB, para integrar seu Conselho Consultivo, pela Portaria n. 14/08, de 9 de janeiro de 2008. Logo após a ascensão do nazismo na Alemanha, Da. Frieda e seu marido Egon (1910-1981), diplomados pela Universidade de Berlin e recém-casados pressentiram que anos negros estavam por vir. Tangidos pela esperança, aportaram em Santos aos 12 de fevereiro de 1936. Em São Paulo labutaram no campo da ótica, mudando-se depois para o Rio. Uma curiosidade inata sobre o país que os acolhera e as origens de seus correligionários os transformou em incansáveis pesquisadores, viajando pelo Brasil a fora em busca de cemitérios, arquivos, bibliotecas e fontes onde levantaram informações preciosas sobre a história e a genealogia nacional, aí destacando-se a vertente judaica. Este trabalho minucioso desde meados da década de 60 permitiu resgatar importantes elementos relativos à presença judaica desde o Brasil Colônia. De 1975 a 1996 publicaram 44 livros, valiosas obras de consulta indispensável para estudiosos da história da imigração judaica no Brasil, como Quantos judeus estiveram no Brasil holandês, Breve Histórico da Sociedade Cemitério Israelita de São Paulo, Campos-Ascensão e Declínio de uma Coletividade, Pérolas de um Povo, Sepulturas de Israelitas (em 5 volumes), Judeus no Brasil Imperial, Judeus nos Primórdios do Brasil República e outros. Em razão deste importante trabalho, Egon e Frieda foram convidados a se tornarem sócios do IGHB. Dona Frieda era Sócia Emérita do IGHB, admitida em 2 de outubro de 1985. Seu último livro, Remexendo nosso arquivo, publicado em 2004, traz uma quase súplica bem característica do carinho e meticulosidade tipicamente germânica com que o Casal Wolff se desincumbiu de uma verdadeira missão: "Por favor, não joguem nada no lixo que possa servir como documento para a memória de acontecimentos, da história, nas nossas comunidades! Lembrem que o Museu Judaico do Rio de Janeiro e o Arquivo Histórico Judaico Brasileiro em São Paulo (e suas seções em Manaus, Belém, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Rio de Janeiro e Porto Alegre) estão prontos para receber e guardar todo este "papel velho" para o resgate da memória das comunidades israelitas do Brasil." Pouco antes do Dr. Egon Wolff falecer o casal sugeriu ao Dr. Luiz Benyosef, pesquisador - titular do ON que fosse à Vassouras examinar um terreno vazio nos fundos da Santa Casa, atual Asilo Barão do Amparo, onde estavam sepultados dois judeus falecidos em meados do século XIX. Com apoio da Prefeitura e diversos entusiastas entre os quais os saudosos paisagista Burle Marx que elaborou o projeto, e o General Professor Severino Sombra de Albuquerque, então presidente da Fundação Universitária Severino Sombra, foi erguido o Memorial Judaico de Vassouras onde repousam Morluf Levy e Benjamim Benatar, ambos de origem marroquina falecidos em 1879 e 1852, hoje um monumento histórico integrante do circuito turístico da cidade. Foi então formada a Sociedade Amigos do Memorial Judaico de Vassouras sob a presidência do Dr. Luiz Benyosef, que cuida da manutenção e preservação do Memorial. Na Casa Geriátrica União - Lar da Amizade, mantida pela Associação Beneficente Israelita, Dona Frieda passou seus últimos dias. Até recentemente ainda compareceu a reuniões da Diretoria do Memorial, e continuava se interessando pela história, lendo e escrevendo auxiliada por uma estudante. (*) Israel Blajberg é Diretor de Cidadania da FIERJ e Diretor Acadêmico Memorial Judaico de Vassouras Destacamos ainda os seguintes livros produzidos pelo casal Wolff Depoimentos um Perfil da Coletividade Judaica, 1988 |
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Magal
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