A restrição já não é possível
Editorial do Jornal Haaretz – 11/02/08
O lançamento de foguetes Qassam contra Sderot e os kibbutzim próximos não está cessando, e está cobrando um alto preço em termos de medo e sangue. A responsabilidade pelos lançamentos a partir da Faixa de Gaza, que tem ocorrido há sete anos – tanto antes quanto depois do Desengajamento da Faixa de Gaza – recai nos palestinos. Se Israel não sofresse estes ataques, ele não revidaria.
Nos últimos oito meses, o Hamas tem controlado a Faixa de Gaza sozinho, e não é mais possível explicar estes ataques como falta de controle sobre organizações de bandidos. Chegou a hora dos palestinos se perguntarem e à sua liderança qual a direção que eles estão tomando. A Cisjordânia e a Faixa de Gaza são ainda uma só entidade, aspirando o estabelecimento de um estado independente ao lado de Israel? Será possível que em todas as situações, Israel manterá negociações para o estabelecimento de tal estado enquanto o Hamas estiver o atacando? O Hamas decidiu frustrar um acordo de paz e escolheu para seu povo o caminho de uma guerra contínua?
Israel retirou-se de Gaza no verão de 2005 para sinalizar o começo do término da ocupação. O partido "Kadima" foi idealizado depois que membros proeminentes do "Likud", tendo Ariel Sharon na liderança, decidiram retirar-se do "Território Maior" de Israel para fronteiras mais seguras e limitadas. A plataforma política do partido também incluiu uma retirada da Cisjordânia, dividindo a terra em dois estados para dois povos e uma retirada dos assentamentos. A fim de demonstrar a seriedade de suas intenções, os assentamentos de Gush Kaif e norte de Samaria foram evacuados sem um acordo.
A bola passou para o campo dos palestinos, e está parada desde que os palestinos elegeram o Hamas, que se opõe a um acordo de paz com Israel. Ao invés de Gaza se tornar um marco para um estado palestino, tem se tornado uma entitade hostil sob cerco.
O Desengajamento não foi um erro, mas um movimento necessário de visão e esperança. O Hamas minou a esperança de um futuro compartilhado e optou por preservar, como sua política declarada, sua "resistência" à existência do Estado de Israel, e por conseguinte, continuar em seu caminho de violência. Enquanto Israel está tentando corrigir seu erro histórico de estabelecer-se no coração da população palestina, convergindo para velhas-novas fronteiras de uma democracia mais ética, os palestinos elegeram o Hamas, que não está disposto a ceder. Os ataques com foguetes Qassam não são prova de que o Desengajamento falhou, mas que o governo do Hamas está levando os palestinos à uma nova rodada de uma guerra desnecessária. Enquanto Mahmoud Abbas está tentando preservar, de corpo e alma, um canal de diálogo com Israel que levará à um acordo, o Hamas e outros grupos estão fazendo grandes esforços para frustrar qualquer chance de uma solução.
Se as ações militares limitadas que Israel está realizando objetivando acabar com os ataques dos foguetes Qassam não conseguirem seu intento, se os estados moderados, e principalmente, o Egito e a Jordânia não conseguirem parar o Hamas, Israel não terá opção a não ser embarcar em uma operação militar mais ampla.
A "raison d'etre" (razão de ser) das Forças de Defesa de Israel é a de proteger os cidadãos do país de qualquer ataque. Mesmo que o sucesso de uma operação militar não seja garantido, essa preocupação não deve deter o governo de fazer o que for necessário a fim de proteger as vidas de seus cidadãos e as fronteiras do Estado. A solução para o conflito Israelense-palestino é política, e deve ser sempre almejada. Ao mesmo tempo, Israel deve provar que o sangue de seus cidadãos não pode ser derramado – para que no futuro, seus vizinhos se sujeitem aos acordos para os quais se empenharam.
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Magal
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