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Demonstração de força

Demonstração de força

Noah Pollak

No dia 09 de junho de 2006, uma praia em Gaza foi atingida por uma explosão que matou sete membros de uma família palestina. Pouco tempo depois, a televisão da Autoridade Nacional Palestina liberou um vídeo horroroso, mostrando uma menina de 10 anos gritando entre corpos mortos na praia, e os funcionários de um hospital e porta-vozes palestinos culpando furiosamente os disparos de artilharia das Forças de Defesa de Israel (FDI) pelas mortes - embora nenhuma investigação tivesse sido conduzida, e os acusadores palestinos não tivessem nenhum modo de saber o que de fato causou a explosão. Declarações exultantes de um massacre israelense foram noticiadas como fato, em jornais e transmissões de TV, ao redor do mundo; grupos de direitos humanos se uniram às condenações; e, mais uma vez, Israel viu-se como objeto de indignação internacional com relação à questão de vítimas civis. Se esta história e suas origens se ajustam perfeitamente a um padrão previsível, a reação de Israel à crise também seguiu o padrão previsível: as FDI cessaram imediatamente as atividades militares em Gaza, e as autoridades israelenses, em seus níveis mais altos, espontaneamente admitiram a culpabilidade das FDI e prometeram uma investigação do incidente.

O último capítulo da história é igualmente familiar: ao final das investigações ficou comprovado que os palestinos na praia não foram mortos pelas FDI. Invés disso, o Hamas tinha minado a parte da praia onde a explosão aconteceu, esperando defender seu arsenal de foguetes Kassam contra missões de comandos israelenses. Depois da explosão, homens do Hamas rastrearam a praia, removendo estilhaços que poderiam ser usados como prova. O vídeo sensacionalista, que capturou as simpatias de jornalistas crédulos, e provocou uma fogueira de afronta pública, se mostrou, em avaliação objetiva, uma montagem mutilada de trechos de vídeo colados e anacronismos não explicáveis. Em outras palavras, era um fraude. A própria explosão aconteceu uns dez minutos depois que a último cartucho de artilharia das FDI tinha sido disparado na área, e os estilhaços achados nos corpos das vítimas não eram de munições israelenses. O Hamas, em uma tentativa malfeita de defender Gaza, quase com certeza matou seus próprios cidadãos. No fim, nenhuma das evidências justificativas encontradas teve a menor importância: Israel já havia sido julgado e condenado no tribunal da opinião pública mundial nos primeiros poucos dias do incidente. E, como tem acontecido, tão freqüentemente, tanto antes como depois, as autoridades israelenses tinham ajudado seus inimigos a defender sua versão.

Israel já havia sido julgado e condenado no
tribunal da opinião pública mundial nos primeiros
poucos dias do incidente. E, como tem
acontecido, tão freqüentemente, tanto antes
como depois, as autoridades israelenses tinham
ajudado seus inimigos a defender sua versão.

Israel tem um problema de imagem. Começando com a Guerra do Líbano de 1982, e acelerando rapidamente depois do início da segunda Intifada em 2000, o estado judeu passou a ser visto em muitos locais de opinião culta e ilustrada como uma presença sinistra no cenário mundial. Fundado sobre princípios de direitos humanos, o Estado de Israel é visto agora como o opressor de outros povos; antes considerada uma sociedade corajosamente aberta em uma região de tiranos, Israel hoje é retratado como uma nação ocupante com tropas violentas; antes louvado como um modelo de direitos civis e democracia, Israel é chamado agora de um "estado apartheid". O próprio sionismo se tornou um importante alvo desta violência retórica. Antes considerado como uma resposta heróica a pogroms e genocídio, o sionismo agora é culpado por conceder absolvição ideológica para a perpetração desses mesmos crimes. Todas estas caricaturas têm por objetivo redefinir o caráter básico do sionismo e do estado que ele ajudou a criar, debilitando insidiosamente, deste modo, tanto a legitimidade do estado judeu em sua forma atual, quanto a base moral e ideológica para sua criação. E esta redefinição foi seguramente bem sucedida: em uma pesquisa de opinião feita em 2007, pela BBC World Service, foi pedido aos pesquisados, em dúzias de países, que classificassem 27 nações de acordo com sua influência positiva ou negativa no mundo. Israel foi classificado em último lugar absoluto - até abaixo do Irã - com apenas 17% dos entrevistados dizendo que viam Israel como uma influência "principalmente positiva". Entre países ocidentais, Israel se saiu apenas um pouco melhor: na Austrália, Itália, Reino Unido, França, e Grécia, Israel é visto como uma influência "principalmente negativa" por quase dois terços das pessoas, e, na Alemanha, por mais de três quartos das pessoas. Da mesma forma, uma pesquisa de opinião em 2003 concluiu que, entre europeus, Israel é considerado o país mais perigoso no mundo.

Os subordinados a este fenômeno são o que poderia ser chamado, se a pessoa quiser ser polêmica, o lobby anti-Israel, ou, mais precisamente, uma cultura dominante de opinião, compartilhada por organizações de direitos humanos, ONGs, departamentos de Estudos do Oriente Médio e grupos em campus universitários, as Nações Unidas, organizações cristãs "progressistas", e a maioria esmagadora da mídia e elite cultural britânicas e européias. Estas facções operam em um estado mais ou menos permanente de antagonismo a Israel, e em nenhuma época prévia da história do estado judeu existiu tal eixo internacional profusamente consolidado, mutuamente reforçado, para questionar sua própria legitimidade. Hoje, em muitas partes da Europa e do Reino Unido, e em algumas partes da América uma caricatura de Israel que antes só florescia nas facções ideológicas, foi popularizada: acredita-se que Israel é um opressor sádico, um assassino cruel de civis, um fomentador implacável de guerras no Oriente Médio, e o causador de uma responsabilidade estratégica ameaçadora para os Estados Unidos e o mundo ocidental.

A popularidade deste modo de pensar não evoluiu de forma natural. Foi cultivada assiduamente durante várias décadas, com as muitas batalhas empreendidas contra Israel durante este tempo, que serviram como oportunidades importantes para aqueles cuja meta é o deslegitimização e o isolamento do estado judeu. A morte de Muhammad al-Dura, de doze anos, nas primeiras semanas da segunda Intifada foi uma primeira salva de tiros e a que definiu tudo. Al-Dura foi morto em um fogo cruzado em Gaza, entre soldados das FDI e palestinos que abriram fogo em suas posições. Um operador cinematográfico palestino, que trabalhava para o canal de notícias francês France 2, capturou o fogo cruzado em um filme, e este vídeo foi editado pelo canal France 2 e então foi liberado, sem custo, para outras organizações de mídia, acompanhado pela declaração de que as FDI não apenas tinham matado al-Dura, como o tinham feito intencionalmente. Como os repórteres do France 2 souberam disto? Eles não souberam. Suas alegações eram baseadas na declaração de um homem, o operador de câmera, que não poderia ter sabido de quem foram as balas que de fato atingiram Al-Dura, muito menos se ele foi mirado intencionalmente. Não surpreendentemente, Al-Dura foi enterrado antes que uma autópsia, remoção de balas, ou testes de balística pudessem ser realizados.

Também não foi surpreendente a maneira com que Israel lidou com a crise. As próprias FDI, tendo conduzido uma investigação apenas superficial, anunciou que era "provavelmente responsável" pela morte. A Anistia Internacional culpou Israel também, dando um imprimatur (aval) de objetividade às acusações palestinas e francesas. Em grande parte devido ao sensacionalismo cinematográfico do incidente, imagens de Al-Dura morto foram apoderadas pelo mundo árabe e pelas mídias européias para usá-las como ícones da situação dos palestinos enquanto vítimas da crueldade israelense, como verdades destiladas que revelam todo o caráter do conflito árabe-israelense em um momento único, congelado. Governos por todo o Oriente Médio atiçaram a crise, emitindo selos postais, encomendando poemas e canções, e renomeando estradas em homenagem a Al-Dura. Até mesmo Osama Bin Laden reconheceu uma oportunidade para contribuir com a firestorm ( N.T. chamas de grande intensidade que se espalham rapidamente devido a fortes ventos), advertindo, um mês depois dos ataques de 11/9, que "Bush não deve esquecer-se da imagem de Muhammad Al-Dura". Investigações subseqüentes mostraram que o vídeo cuidadosamente editado da France 2 era completamente inconclusivo, que Al-Dura não poderia ter sido atingido por disparos israelenses, e que, como tantos incidentes que se seguiriam, a história mobilizadora de sua morte era, na realidade, uma fabricação diabólica, planejada para ser mais um ataque com artilharia pesada na guerra maior para destruir a reputação moral de Israel e das FDI.

Menos de dois anos depois, Israel encontrou-se mais uma vez objeto de um "Dois Minutos de Ódio Orweliano" ( N.T. período no qual os membros do partido assistiam a um filme, mostrando seus inimigos, e expressavam seu ódio contra eles, no livro 1984 de George Orwell), baseado em outra atrocidade inventada, desta vez na cidade de Jenin, em Samária. Em plena Intifada, durante a Operação Escudo Defensivo, tropas das FDI entraram em uma parte de Jenin para livrá-la de terroristas, que eram responsáveis por enviar um número desproporcional de homens-bomba suicidas para Israel. Seguiram-se intensas batalhas casa a casa. Mais de cinqüenta residências haviam sido equipadas com explosivos, e enquanto a tática óbvia teria sido seguir recentes exemplos usados por outros exércitos ocidentais, que lutam na Somália, Bósnia, e Afeganistão, e usar artilharia ou ataques aéreos para neutralizar a ameaça, as FDI escolheram, ao invés, continuar com forças terrestres--às custas das vidas de vinte e três de seus soldados de infantaria--tudo para minimizar as vítimas civis palestinas. Foram mortos cinqüenta e dois palestinos, e quase todos eram combatentes armados. (Para uma análise detalhada da batalha, ver Yagil Henkin, "Guerra Urbana e as Lições de Jenin", Azure No.15, Verão de 2003). Mas, com relação ao resultado da batalha, nenhum destes fatos foi considerado minimamente relevante pela mídia ou pelas autoridades oficiais internacionais.

Em suas excursões no campo de batalha para repórteres,
o Hezbollah foi longe, chegando a ponto de fabricar
tiroteios em ambulâncias, já que aparentemente a
compensação por usar estes veículos como acessórios
de produção para a imprensa internacional era
preferível do que usá-los para ajudar feridos libaneses.

A narrativa do que aconteceu em Jenin já havia sido decidida, e exigia histórias de matança em massa e crimes de guerra. A agência oficial de notícias palestina declarou que o "massacre do século XXI" tinha sido perpetrado. O enviado da ONU para o Oriente Médio, Terje Roed-Larsen, descreveu Jenin como "mais horripilante do que se poderia acreditar", e concluiu que "Israel perdeu toda a base moral neste conflito". Derrick Pounder, um "perito forense" da Anistia Internacional, comentou, ao entrar em Jenin, que "as evidências diante de nós, no momento, não nos levam a crer que as alegações possam não ser verdadeiras e, portanto, há um grande número de civis mortos debaixo destas ruínas demolidas bombardeadas que nós vemos." Nos EUA, a National Public Radio, a CNN, e o jornal The Los Angeles Times repetiram incansavelmente histórias de atrocidades, e no New York Times, o ex-presidente Jimmy Carter acusou Israel de "destruir" Jenin "e outros povoados". Na Inglaterra, a imprensa era a mais gratuita. "O doce e horrível cheiro desagradável de corpos humanos apodrecidos está em todos lugares, provando que é uma tumba humana", despejou Phil Reeves no Independent. "As pessoas dizem que há centenas de cadáveres, sepultados sob o pó". David Blair do Daily Telegraph informou que tropas das FDI executaram sumariamente nove homens, que foram despidos e ficaram apenas com suas roupas íntimas, "colocados contra um muro e executados com simples tiros na cabeça".

No final das contas, o único massacre que foi cometido foi conduzido pela ONU, pelas organizações de ajuda internacionais, e pela imprensa internacional - um massacre da verdade, que foi planejado, exatamente como o enviado da ONU declarou tão presunçosamente, para destruir a reputação moral de Israel em sua luta contra a ofensiva terrorista palestina. Mais recentemente, ocorreu o caso da segunda Guerra do Líbano, cujos resultados inesperados concentraram a atenção israelense em falhas militares e políticas. Esta autocrítica ignorou em grande parte uma terceira falha, isto é, a facilidade com que Israel foi derrotado uma vez mais na mídia. Dentro dos primeiros dias do começo da guerra, e sem uma coordenação consciente, os inimigos de Israel começaram a debilitar a autodefesa israelense: Kofi Annan anunciou, sem uma prova que fosse, que Israel tinha intencionalmente assassinado quatro membros da UNIFIL; grupos de direitos humanos como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch (HRW) produziram rapidamente montes de relatórios condenando o esforço de guerra de Israel, alegando crimes de guerra, e ignorando primariamente o Hezbollah (Kenneth Roth, o diretor executivo da HRW, acusou Israel de empreender "guerra indiscriminada" e acrescentou, sem qualquer comprovação confiável, que "Em alguns casos, forças israelenses pareceram ter mirado deliberadamente em civis"); e os jornalistas inundaram a área com a cobertura das vítimas civis libanesas, produzindo falsos relatórios sobre os bombardeios de Qana, fotografias adulteradas, e histórias para os noticiários que foram organizadas e dirigidas pelo Hezbollah. Em suas excursões no campo de batalha para repórteres, o Hezbollah foi longe, chegando a ponto de fabricar tiroteios em ambulâncias, já que aparentemente a compensação por usar estes veículos como acessórios de produção para a imprensa internacional era preferível do que usá-los para ajudar feridos libaneses.

A resposta israelense para as calúnias, tão previsivelmente lançadas em sua direção, foi algumas vezes competente, mas com freqüência demais recorreu a táticas familiares e autodestrutivas: desculpas gratuitas e autocrítica, servilidade em face a jornalistas hostis, e uma incapacidade para fazer sua defesa básica de que as vítimas civis libanesas eram uma das metas centrais do Hezbollah no conflito, precisamente por causa de seu valor de propaganda. Incrivelmente, depois do bombardeio em Qana, Israel prometeu suspender suas operações aéreas por 48 horas, um gesto para seus inimigos e aliados também, que, nos níveis mais elevados de governo lá, inflamou uma profunda ambivalência sobre o esforço de guerra.

Lá pelo meio do conflito, a narrativa da guerra tinha sido distorcida, mudando de uma na qual Israel estava se defendendo do ataque de uma organização terrorista apoiada pelo Irã para uma na qual Israel estava, mais uma vez, matando civis com selvageria. Uma pesquisa feita pelo Centro Shorenstein de Universidade de Harvard achou que das 117 histórias que a BBC publicou durante o conflito, 38% identificaram Israel como o agressor, enquanto só 4% identificaram o Hezbollah como tal. Como Marvin Kalb de Harvard informou em um estudo recente, "Nas primeiras páginas do New York Times e do Washington Post, Israel foi retratado como o agressor quase duas vezes mais freqüentemente nas manchetes e exatamente três vezes mais freqüentemente nas fotografias".

O padrão revelado por estes eventos mostra um registro perturbador do fracasso israelense, mas sugere também um curso de ação corretiva. Em qualquer crise, seja Al-Dura, Jenin, Líbano, ou a explosão na praia de Gaza, a resposta israelense se caracterizou pelos mesmos erros graves: uma presunção espontânea de culpa; desculpas antecipadas, autocrítica desnecessária, promessas de investigação, e suspensão da ação militar; um tratamento irresoluto para exatamente o tipo de acusações incendiárias que requerem uma resposta enérgica e consistente; a afirmação de inocência somente depois que a tempestade da mídia tenha passado; e finalmente, a recusa em fazer uma ofensiva, retoricamente ou de outro modo, contra os indivíduos e organizações que fizeram a calúnia contra Israel se tornar um esporte tão vergonhosamente fácil.

Várias reformas, conceituais e estruturais, são imperativas. A primeira é a respeito da Unidade do Porta-voz das FDI, o pequeno grupo dentro do exército israelense que se encarrega das relações com a mídia. Em tempos de guerra, seus soldados civis são sobrecarregados pela pesada responsabilidade de explicar ações militares israelenses para o mundo. Mais do que qualquer outro, a Unidade do Porta-voz tem uma necessidade desesperada de expansão e melhoria. Tem que se tornar uma das unidades mais de elite nas FDI, proativa, criativa, e agressiva - em outras palavras, estar à altura dos igualmente determinados inimigos de Israel. Um gabinete filial deveria ser criado em Jerusalém, onde um grande contingente de grupos da imprensa estrangeira fica situado, para estimular o cultivo das relações com jornalistas. Seu quadro de pessoal deveria ser reestruturado para se compor de profissionais que tenham vasta experiência em mídia, jornalismo, e relações públicas. Atualmente, a unidade é, em grande parte, composta de jovens recrutas e reservistas mais velhos que, para falar francamente, estão simplesmente fora de suas competências. A nova Unidade de Porta-voz tem que incluir uma força-tarefa dedicada a agressivamente - e muito publicamente - ir desmascarando a cobertura de mídia falsa e parcial. Finalmente, deveria ser criado um gabinete de conexão, de modo a coordenar a estratégia de mídia e as mensagens entre as FDI e o governo, com o objetivo de construir uma estratégia de comunicações única para complementar toda operação militar importante.

Os estrategistas israelenses e os porta-vozes têm que passar a entender a imensa influência do simbolismo, do teatro, e da
repetição de historietas definidas na guerra moderna. Isto significa
que os planejadores de guerra israelenses têm que considerar
o papel desempenhado por estas ONGs e organizações
de notícias empenhados em deliberar falsas informações.

Para que estas mudanças deixem sua marca, o próprio governo israelense tem que adotar um processo de comunicações mais disciplinado. Hoje, Israel não tem nenhuma infra-estrutura de comunicações unificada; cada ministério de estado e seção das FDI oferecem seu próprio porta-voz à imprensa, e o resultado é uma anarquia de declarações e mensagens, que freqüentemente deixam Israel na defensiva e parecendo ser culpado diante de acusações irrefutáveis. No nível conceitual, os estrategistas israelenses e os porta-vozes têm que passar a entender a imensa influência do simbolismo, do teatro, e da repetição de historietas definidas na guerra moderna. Isto significa que os planejadores de guerra israelenses têm que considerar o papel desempenhado por estas ONGs e organizações de notícias empenhados em deliberar falsas informações. Estes agentes já não podem ser agrupados conceitualmente como terceiros ou observadores neutros durante os conflitos; eles estão profundamente implicados na própria guerra, e como partes de um conflito, sua presença deve ser tratada com a máxima seriedade.

Por mais de um ano, as FDI têm conduzido ataques aéreos em Gaza, que são destinados a impedir o disparo de foguetes Kassam para Israel, e porque o Hamas e os terroristas da Jihad Islâmica operam intencionalmente entre civis, estes ataques invariavelmente matam passantes não envolvidos e criam histórias de notícias prejudiciais. Seria extraordinariamente fácil para o primeiro-ministro, por exemplo, dar uma coletiva de imprensa em Sderot na frente a uma escola destruída por disparos de foguetes palestinos e explicar para as câmeras que, enquanto Israel está atacando o Hamas para proteger as vidas das crianças israelenses, o Hamas está enviando suas crianças em missões suicidas para operar exatamente esses mesmos dispositivos de lançamento de foguetes. Toda vez, depois disso, que Israel atacar terroristas em Gaza, o porta-voz israelense poderia martelar nesta tecla, condenando o fato de o Hamas usar crianças em ataques terroristas. Repetindo freqüente e vigorosamente o bastante, o ocidental comum pode não estar muito inspirado a gostar de Israel, mas pelo menos ele começará a entender a natureza de sua luta--e a realidade macabra da "resistência" palestina.

Finalmente, já passou muito da hora para que Israel faça uma ofensiva contra o que existe de pior em termos de jornalistas, ativistas, e empregados de ONGs, que fizeram de operar no estado judeu, sob falsos pretextos, uma pequena indústria. Mais perturbadora do que a cobertura fraudulenta de Al-Dura, Jenin, Líbano, e da explosão na praia de Gaza é o fato de que Israel não fez nada para punir aqueles que tão avidamente participaram na disseminação de propaganda enganosa. Os jornalistas que escreveram fabricações sensacionalistas de um massacre israelense em Jenin, mantiveram suas credenciais de imprensa, e os escritórios das organizações de divulgação de notícias para as quais eles trabalhavam permaneceram abertos. Da mesma forma, os ativistas de direitos humanos e ONGs, que proporcionaram aos jornalistas e à ONU suas indecentes camuflagens de falsa objetividade, coerentemente mantiveram seus vistos de trabalho. Ao se recusar a responsabilizar esta galeria de ofensores repetitivos malévolos, Israel só consegue incentivar as ambições daqueles que fizeram carreiras trabalhando para destruir Israel, operando dentro de suas próprias fronteiras. Israel deveria expelir jornalistas simplesmente com base em uma cobertura negativa? Absolutamente não; a liberdade para criticar permanece a essência do debate democrático. Mas há uma diferença fundamental entre crítica e difamação, e o governo israelense não deveria pedir quaisquer desculpas por se recusar a fazer de seu país um porto seguro para ativistas sem escrúpulos mascarados de repórteres.

No coração dos problemas de organização e disciplina que são tão prevalecentes no fracasso de Israel em focalizar seu problema de imagem, há, no final das contas, um fracasso conceitual: a incapacidade de reconhecer as mudanças na natureza da guerra moderna. Em nossa era de comunicação global e da influência desproporcional de fotografias e vídeos facilmente manipuláveis, um novo teatro de guerra foi criado, um teatro no qual a batalha não é travada em um território ou contra exércitos e terroristas. A batalha ocorre em cima de imagens, narrativas, e convicções, e as táticas e estratégias exigidas para lutá-la guardam pouca semelhança com a guerra convencional. O que está em jogo para Israel é de longe maior do que as repercussões de uma crise particular; o que está pendente, em suspenso, é a posição estratégica de Israel entre nações democráticas; sua capacidade de manter seu próprio senso de clareza moral e confiança nacional contra seus inimigos; a perseverança do sionismo como o ethos (caráter distinto de um povo) inspirador do estado judeu; e o cumprimento da aspiração central de criar um país no qual os judeus não se sintam mais intimidados pelos seus agressores Israel não pode mudar seus inimigos, mas tem que mudar a forma como os combate.

Tradução: Irene Walda Heynemann



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