Hot Widget

Type Here to Get Search Results !

Hamas assume posição discreta na Cisjordânia dominada pelo Fatah

 
 
28/06/2007
Hamas assume posição discreta na Cisjordânia dominada pelo Fatah

Ian Fisher
Hawara, Cisjordânia


Um novo código nasceu aqui do dia para a noite. Ninguém, aparentemente pertence ao Hamas na Cisjordânia. Agora, são todos "islâmicos", uma palavra que claramente e talvez mais seguramente tira o político do religioso em meio à incerteza de um povo palestino recentemente dividido. "Não quero passar minha vida na prisão!", disse o proprietário de um restaurante de 35 anos, recusando-se a dar seu nome após expressar sentimentos pró-Hamas na entrevista.

O Hamas passou a se esconder na Cisjordânia, atualmente controlada por sua rival secular Fatah, que os EUA, Europa e Israel estão apoiando como o único governo palestino com o qual se pode trabalhar. Dezenas de membros do grupo militantes islâmicos foram presos na última semana, desde que o Hamas expulsou o Fatah de Gaza, a irmã menor e mais radical da Cisjordânia. Homens barbudos - símbolo da fé ou, freqüentemente, do Hamas - dizem que estão ficando perto de casa.

Em várias entrevistas na Cisjordânia com pessoas de todos os vieses políticos, uma coisa parece clara: os ativistas do Hamas podem estar sendo suprimidos pelo Fatah e pelo exército israelense por enquanto, mas continuam sendo uma presença poderosa até na Cisjordânia. Isso pode ser um fator importante que Israel, EUA e outros terão que absorver quando promoverem a Cisjordânia como uma espécie de Estado Palestino experimental.

"Se o Hamas não gostar, o Hamas pode destruí-lo", disse Fais Hamdan, 34, pedreiro com uma barba "islâmica" nesta aldeia de 6.000 habitantes perto de Nablus, sentado no restaurante com o proprietário. "Se quiserem acabar com qualquer acordo político, basta atacarem um assentamento ou algum outro alvo israelense. Não pense que o Hamas é muito fraco na Cisjordânia."

A questão central, como foi durante anos, continua sendo a credibilidade. O Hamas destruiu o Fatah politicamente no ano passado, vencendo as eleições legislativas de janeiro de 2006, em parte porque o Fatah era percebida como corrupta e não responsiva a palestinos ordinários. Essa realidade, apesar de muitos no Fatah reclamarem, mudou pouco.

O Hamas permanece, ao menos no papel, uma força política com a maioria dos assentos no Parlamento e o controle de dezenas de conselhos de cidades na Cisjordânia. Israel fez o melhor que pôde para detê-los: dos 74 legisladores do Hamas, 40 estão em prisões israelenses - e muitos dos outros líderes foram presos desde o início das batalhas em Gaza.

Isso, porém, pode ter o efeito contrário, de ajudar o Hamas: líderes palestinos freqüentemente conseguem contatos e confiança política em prisões israelenses. Mais amplamente, porém, muitos palestinos parecem ter pouca esperança que alguém - EUA, Israel ou até Estados árabes temerosos que o islamismo do Hamas possa se espalhar - de fato cumprirá suas promessas de ajuda à Cisjordânia.

Essa noção pareceu ser reforçada na segunda-feira (25/6), depois que o primeiro-ministro israelense Ehud Olmert encontrou-se com o presidente Mahmoud Abbas, conhecido como Abu Mazen, e fez o que os palestinos consideraram um gesto inaugural insignificante: a liberação de apenas uma parte dos US$ 600 milhões (em torno de R$ 1,2 bilhão) de impostos palestinos detidos e de apenas 250 prisioneiros entre os cerca de 11.000 em prisões israelenses.

"Veja só a ironia", disse o proprietário do restaurante. "Abu Mazen diz que rejeita negociações com o Hamas, mas senta-se com Olmert. E Olmert não vai dar nada para ele! Então os líderes do Hamas vão à televisão e dizem: 'O Fatah negociou por 15 anos com Israel e nada aconteceu. Israel não nos deu nada por 15 anos. Por que daria agora?'"

Por enquanto, os líderes políticos e membros da segurança dizem que o perigo da violência de Gaza vazar com força para a Cisjordânia parece remoto. O Fatah é mais forte aqui e, diferentemente de Gaza, soldados israelenses ainda ocupam a Cisjordânia, fazendo batidas regulares, prendendo militantes e agindo como força dissuasória do Hamas.

Tradução: Deborah Weinberg

Postar um comentário

0 Comentários
* Please Don't Spam Here. All the Comments are Reviewed by Admin.

Top Post Ad

Below Post Ad

Ads Section