Felizes para sempre
Como carrascos nazistas, acusados e condenados por alguns dos mais terríveis crimes contra a humanidade, conseguiram escapar da justiça e viver em liberdade após o fim da guerra, em 1945
Celso Miranda e Giovana Sanchez
Assim que a Segunda Guerra acabou na Europa, em junho de 1945, a derrotada Alemanha foi dividida em quatro zonas, controladas pelos três grandes vencedores - americanos, soviéticos e britânicos - e pelos franceses. Cerca de 1,5 milhão de ex-combatentes alemães voltavam a seu país, vindos de locais como França, Itália e Polônia. Por todo o continente, havia ainda 2,5 milhões de prisioneiros: soldados, oficiais, políticos e colaboradores nazistas, entre os quais estavam responsáveis por um conflito que causou pelo menos 40 milhões de mortes e pelo extermínio de cerca de 6 milhões de judeus, 2 milhões de eslavos e outros 200 mil civis (como ciganos e testemunhas de Jeová).
Quando cessaram os tiros, um objetivo dominou os vencedores: punir os perdedores. "A punição de criminosos de guerra não se trata de vingança", afirmou o historiador britânico Eric Hobsbawm no livro Era dos Extremos. "Trata-se de trazer de volta a ordem e a normalidade, restabelecendo a confiança dos povos nos organismos legalmente constituídos." Segundo Hobsbawm, esse processo de "desnazificação da Europa" não pretendia condenar milhares, mas "punir aqueles que servissem de exemplo".
Logo se percebeu que separar quem era culpado de quem era muito culpado seria um desafio enorme. Cerca de 40 mil funcionários públicos americanos, franceses e britânicos foram convocados: um exército de escrivães, advogados e juízes. Só na zona americana, foram instauradas 545 cortes civis para analisar 900 mil casos.
Menos de seis meses depois da queda de Hitler, os vitoriosos já estavam prontos para acusar e julgar os maiores culpados. Entre 20 de novembro de 1945 e 1º de outubro do ano seguinte, o Tribunal Militar Internacional de Nuremberg decretou 11 condenações à morte, três prisões perpétuas, duas sentenças de 20 anos de prisão, uma de 15 e outra de dez anos. Três acusados foram absolvidos. E pronto.
Nos dois anos que se seguiram ao julgamento, 1 milhão de alemães deixaram o país legalmente. Estima-se que outros 100 mil o fizeram de forma ilegal. Entre eles estavam criminosos, carrascos e assassinos. Muitos ficaram impunes para sempre. Quem? Como? Você vai ver a seguir.
Fuga em massaJá era noite de 26 de junho de 1945 quando uma patrulha do Exército americano avistou um homem andando numa estrada de terra entre Stuttgart e Ulm, no sul da Alemanha. Detido e interrogado, disse ser Adolf Barth, cabo da Força Aérea alemã. Foi preso.
Nos meses seguintes, foi transferido de campo seis vezes e, em cada um deles, apresentou-se com um nome diferente. No início de 1946, conseguiu escapar, atravessou o país e se estabeleceu na zona rural de Eversen, onde viveu isolado. Seu verdadeiro nome era Adolf Eichmann. Ex-coronel da tropa de elite SS e chefe da Gestapo (a polícia secreta de Hitler), ele foi um dos mentores da "solução final", a operação que pretendia exterminar os judeus da Europa.
Em 1950, quando as coisas esfriaram, Eichmann decidiu deixar a Alemanha e foi para a Itália. Lá, em 14 de junho, o consulado argentino em Gênova lhe concedeu visto de imigração em um passaporte com o nome de Ricardo Klement.
Comprou uma passagem no navio Giovanna C e, um mês depois, desembarcou em Buenos Aires. Arrumou emprego e levou a família para lá. Seqüestrado por espiões israelenses, foi levado a Telavive, onde foi condenado e executado em 1962.
O senso comum sugere que, antes do fim da guerra, líderes nazistas já tinham planos secretos para salvar a própria pele. Uma dessas rotas de fuga ficaria famosa com o livro O Dossiê Odessa, do britânico Frederick Forsyth. Apesar de ser um romance, baseou-se numa organização real chamada Odessa (sigla em alemão para "Organização de Ex-membros da SS").
Quando cessaram os tiros, um objetivo dominou os vencedores: punir os perdedores. "A punição de criminosos de guerra não se trata de vingança", afirmou o historiador britânico Eric Hobsbawm no livro Era dos Extremos. "Trata-se de trazer de volta a ordem e a normalidade, restabelecendo a confiança dos povos nos organismos legalmente constituídos." Segundo Hobsbawm, esse processo de "desnazificação da Europa" não pretendia condenar milhares, mas "punir aqueles que servissem de exemplo".
Logo se percebeu que separar quem era culpado de quem era muito culpado seria um desafio enorme. Cerca de 40 mil funcionários públicos americanos, franceses e britânicos foram convocados: um exército de escrivães, advogados e juízes. Só na zona americana, foram instauradas 545 cortes civis para analisar 900 mil casos.
Menos de seis meses depois da queda de Hitler, os vitoriosos já estavam prontos para acusar e julgar os maiores culpados. Entre 20 de novembro de 1945 e 1º de outubro do ano seguinte, o Tribunal Militar Internacional de Nuremberg decretou 11 condenações à morte, três prisões perpétuas, duas sentenças de 20 anos de prisão, uma de 15 e outra de dez anos. Três acusados foram absolvidos. E pronto.
Nos dois anos que se seguiram ao julgamento, 1 milhão de alemães deixaram o país legalmente. Estima-se que outros 100 mil o fizeram de forma ilegal. Entre eles estavam criminosos, carrascos e assassinos. Muitos ficaram impunes para sempre. Quem? Como? Você vai ver a seguir.
Fuga em massaJá era noite de 26 de junho de 1945 quando uma patrulha do Exército americano avistou um homem andando numa estrada de terra entre Stuttgart e Ulm, no sul da Alemanha. Detido e interrogado, disse ser Adolf Barth, cabo da Força Aérea alemã. Foi preso.
Nos meses seguintes, foi transferido de campo seis vezes e, em cada um deles, apresentou-se com um nome diferente. No início de 1946, conseguiu escapar, atravessou o país e se estabeleceu na zona rural de Eversen, onde viveu isolado. Seu verdadeiro nome era Adolf Eichmann. Ex-coronel da tropa de elite SS e chefe da Gestapo (a polícia secreta de Hitler), ele foi um dos mentores da "solução final", a operação que pretendia exterminar os judeus da Europa.
Em 1950, quando as coisas esfriaram, Eichmann decidiu deixar a Alemanha e foi para a Itália. Lá, em 14 de junho, o consulado argentino em Gênova lhe concedeu visto de imigração em um passaporte com o nome de Ricardo Klement.
Comprou uma passagem no navio Giovanna C e, um mês depois, desembarcou em Buenos Aires. Arrumou emprego e levou a família para lá. Seqüestrado por espiões israelenses, foi levado a Telavive, onde foi condenado e executado em 1962.
O senso comum sugere que, antes do fim da guerra, líderes nazistas já tinham planos secretos para salvar a própria pele. Uma dessas rotas de fuga ficaria famosa com o livro O Dossiê Odessa, do britânico Frederick Forsyth. Apesar de ser um romance, baseou-se numa organização real chamada Odessa (sigla em alemão para "Organização de Ex-membros da SS").
Entretanto, pesquisas recentes mostram que esse tipo de iniciativa foi responsável por poucas fugas. "Governos nacionais e instituições completamente legais livraram a cara de muito mais nazistas que organizações secretas", diz Jorge Camarasa, historiador argentino, autor de Odessa al Sur ("Odessa do Sul", inédito no Brasil).
A rota que Eichmann usou para deixar a Europa, por exemplo, era coordenada pelo bispo austríaco Alois Hudal, reitor de um seminário para padres alemães e austríacos em Roma. Nazista professo, ele foi nomeado pelo Vaticano para visitar os prisioneiros de guerra detidos na Itália.
Segundo Camarasa, Hudal usou sua posição para dar fuga a criminosos nazistas procurados. No início, o bispo conseguia documentos falsos para que os prisioneiros fossem libertados e depois os ajudava a se esconder, geralmente no interior da Itália. Quando autoridades começaram a desconfiar do esquema, Hudal percebeu que precisava tirar seus protegidos da Europa. Recorreu a identificações falsas emitidas pela Comissão de Refugiados do Vaticano.
"Esses papéis não serviam como passaportes, mas era com eles que os fugitivos adquiriam nova identidade e, assim, conseguiam auxílio junto à Cruz Vermelha, que, por sua vez, era usada para conseguir vistos", afirma o jornalista australiano Mark Aarons, co-autor de Unholy Trinity ("Trindade profana", sem versão em português). "Em teoria, a Cruz Vermelha deveria checar os registros de quem solicitava vistos de saída, mas na prática a palavra de um padre ou, principalmente, de um bispo era suficiente."
Segundo Camarasa, Hudal usou sua posição para dar fuga a criminosos nazistas procurados. No início, o bispo conseguia documentos falsos para que os prisioneiros fossem libertados e depois os ajudava a se esconder, geralmente no interior da Itália. Quando autoridades começaram a desconfiar do esquema, Hudal percebeu que precisava tirar seus protegidos da Europa. Recorreu a identificações falsas emitidas pela Comissão de Refugiados do Vaticano.
"Esses papéis não serviam como passaportes, mas era com eles que os fugitivos adquiriam nova identidade e, assim, conseguiam auxílio junto à Cruz Vermelha, que, por sua vez, era usada para conseguir vistos", afirma o jornalista australiano Mark Aarons, co-autor de Unholy Trinity ("Trindade profana", sem versão em português). "Em teoria, a Cruz Vermelha deveria checar os registros de quem solicitava vistos de saída, mas na prática a palavra de um padre ou, principalmente, de um bispo era suficiente."
A maior rota de fuga de nazistas, porém, foi criada por uma rede de padres liderada pelo bispo croata Krunoslav Draganovic. "A organização fixou seu quartel-general no Seminário de São Girolamo, em Roma. Inicialmente, seu foco era tirar dos territórios ocupados pelos soviéticos os membros do partido nazista croata", afirma Uki Goñi, historiador argentino, autor de A Verdadeira Odessa . "Com o tempo, a rota de Draganovic tornou-se a principal via de fuga dos criminosos nazistas, tirando mais de 5 mil deles da Europa."
América LatinaEntre os picos nevados de Bariloche, nos Andes argentinos, um imigrante alemão levou uma vida pacata por quase 50 anos. Dono de uma confeitaria chamada Viena, Don Erico morava com a mulher, Alice, no segundo e último andar de um prédio na praça Belgrano, alugando o primeiro pavimento para um orfanato. A dois quarteirões dali, um certo Juan Maler ergueu o hotel Campana, onde vivia, escrevendo livros de pregação nazista.
Em 1994, a rede de TV americana ABC descobriu que Maler era Reinhard Kops, ex-capitão da SS. Desmascarado diante das câmeras, Kops dedurou: "Por que correm atrás de mim, se o pior dos nazistas da Argentina vive aqui ao lado?" Don Erico, o simpático confeiteiro, era Erich Priebke, ex-capitão da Gestapo e co-autor de um massacre de 330 civis italianos em Roma, em 1944.
Em 1994, a rede de TV americana ABC descobriu que Maler era Reinhard Kops, ex-capitão da SS. Desmascarado diante das câmeras, Kops dedurou: "Por que correm atrás de mim, se o pior dos nazistas da Argentina vive aqui ao lado?" Don Erico, o simpático confeiteiro, era Erich Priebke, ex-capitão da Gestapo e co-autor de um massacre de 330 civis italianos em Roma, em 1944.
Acusar o vizinho deu certo para Kops, que se escondeu no Chile. Ele nunca foi julgado e, dois anos depois, retornou a Bariloche, onde publicou textos hitleristas até sua morte, em 2001. Já Priebke, após uma batalha judicial de 17 meses, foi extraditado para a Itália. Lá, foi condenado por homicídio múltiplo, mas escapou da prisão perpétua - seu crime prescrevera em 1974, 30 anos depois de ser cometido.
Ele foi solto, mas a Justiça italiana anulou o julgamento. Hoje, Priebke está em prisão domiciliar em Roma. Não há data para um novo julgamento. Com 94 anos, ele é o prisioneiro mais velho da Europa.
Ele foi solto, mas a Justiça italiana anulou o julgamento. Hoje, Priebke está em prisão domiciliar em Roma. Não há data para um novo julgamento. Com 94 anos, ele é o prisioneiro mais velho da Europa.
Para o argentino Uki Goñi, interesses econômicos e pressão da Igreja Católica e das comunidades de imigrantes podem explicar por que a América Latina se tornou o destino predileto dos nazistas. "Meu país tem uma peculiaridade, por ter feito um esforço dirigido - ou iniciado - pelo presidente Juan Perón para trazer esses criminosos de guerra", afirma Goñi. As razões de Perón, segundo ele, incluíam gratidão (os nazistas o ajudaram entre 1943 e 1945) e simpatia pelos ideais fascistas.
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O primeiro passo para contrabandear nazistas da Europa para a Argentina, de acordo com Goñi, foi dado em janeiro de 1946, quando Antonio Caggiano, bispo de Rosário, foi a Roma para ser ordenado cardeal. Lá, segundo arquivos diplomáticos argentinos, ele transmitiu ao cardeal francês Eugéne Tisserant a mensagem de que "o governo da República da Argentina está disposto a receber cidadãos franceses, cuja atitude política durante a recente guerra pode tê-los exposto a medidas cruéis e retaliações". Nos meses seguintes, entre 300 e 500 colaboracionistas franceses foram para a Argentina com passaportes fornecidos pela Cruz Vermelha em Roma.
Outro fator que engrossou o número de nazistas na América Latina foi o uso de criminosos de guerra como informantes e espiões na Guerra Fria (por britânicos e americanos de um lado e soviéticos de outro). Muitos deles foram salvos da prisão e encaminhados ao Cone Sul. Foi o caso de Klaus Barbie, ex-diretor da Gestapo, que ordenou, na França, a execução de civis e o envio de crianças para Auschwitz.
Em 1947, ele se tornou agente do serviço secreto americano e, depois, acabou fugindo para a Bolívia. Descoberto em 1971, só foi deportado em 1983. Quatro anos depois, foi condenado na França pela morte de 177 pessoas. Morreu de leucemia em 1991, numa prisão de Lyon.
Em 1947, ele se tornou agente do serviço secreto americano e, depois, acabou fugindo para a Bolívia. Descoberto em 1971, só foi deportado em 1983. Quatro anos depois, foi condenado na França pela morte de 177 pessoas. Morreu de leucemia em 1991, numa prisão de Lyon.
Porto seguroNo Brasil, a presença de criminosos nazistas também foi grande. O caso mais famoso foi o do médico Josef Mengele, que usava humanos como cobaias de suas experiências macabras em Auschwitz (ele morreu impune, afogado após uma bebedeira em Bertioga, no litoral paulista, em 1979).
O envolvimento das autoridades brasileiras na entrada de criminosos de guerra é um assunto polêmico. Mas chovem indícios de que os nazistas contaram com boa vontade para entrar no país. Nos mais de 20 mil documentos dos arquivos da antiga Delegacia de Ordem Política e Social (Deops) liberados pelo governo federal em 1997, há cartas trocadas entre as representações brasileiras em Roma e Berlim que mostram como nossa diplomacia fechou os olhos para o passado nazista de empresários, engenheiros e ex-militares - que eram encorajados a declarar falsos nomes e profissões ao vir para cá.
O envolvimento das autoridades brasileiras na entrada de criminosos de guerra é um assunto polêmico. Mas chovem indícios de que os nazistas contaram com boa vontade para entrar no país. Nos mais de 20 mil documentos dos arquivos da antiga Delegacia de Ordem Política e Social (Deops) liberados pelo governo federal em 1997, há cartas trocadas entre as representações brasileiras em Roma e Berlim que mostram como nossa diplomacia fechou os olhos para o passado nazista de empresários, engenheiros e ex-militares - que eram encorajados a declarar falsos nomes e profissões ao vir para cá.
Especialistas levantam a hipótese de que o próprio presidente Eurico Gaspar Dutra, que assumiu em 1946, sabia do que se passava. Para Marionilde Brephol Magalhães, historiadora da Universidade Federal do Paraná e autora de Pangermanismo e Nazismo - A Trajetória Alemã Rumo ao Brasil, além da simpatia que setores do governo e do meio militar tinham pelos nazistas, Dutra acreditava que técnicos e cientistas alemães poderiam ajudar na industrialização do país.
Um problema ainda maior que a falta de controle na entrada teria sido a falta de disposição para prender e extraditar os criminosos descobertos por aqui. A tolerância do governo brasileiro logo ficou conhecida e intensificou a vinda de nazistas.
Alguns nem se deram ao trabalho de mudar de nome, como Franz Stangl. Comandante dos campos de extermínio de Sobibor e Treblinka, na Polônia, ele chegou a ser preso na Áustria em 1945, mas conseguiu escapar para a Síria, onde reuniu-se à esposa e aos filhos. Segundo registros da Deops, desembarcou no Brasil em 1951 e, tempos depois, conseguiu emprego numa fábrica da Volkswagen, em São Paulo.
Alguns nem se deram ao trabalho de mudar de nome, como Franz Stangl. Comandante dos campos de extermínio de Sobibor e Treblinka, na Polônia, ele chegou a ser preso na Áustria em 1945, mas conseguiu escapar para a Síria, onde reuniu-se à esposa e aos filhos. Segundo registros da Deops, desembarcou no Brasil em 1951 e, tempos depois, conseguiu emprego numa fábrica da Volkswagen, em São Paulo.
Stangl só foi preso em 1967, após denúncia do "caçador de nazistas" Simon Wiesenthal. Levado para a então Alemanha Ocidental, foi julgado pela morte de 900 mil pessoas - fato que admitiu à jornalista de origem húngara Gitta Sereny, em depoimento publicado no livro Into the Darkness ("Nas Trevas", inédito no Brasil).
"Minha consciência está limpa. Eu só estava fazendo meu dever", disse. Condenado à prisão perpétua em outubro de 1970, Stangl morreu de ataque do coração oito meses depois, numa prisão de Dusseldorf.
"Minha consciência está limpa. Eu só estava fazendo meu dever", disse. Condenado à prisão perpétua em outubro de 1970, Stangl morreu de ataque do coração oito meses depois, numa prisão de Dusseldorf.
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Outro que ostentou o próprio nome no Brasil foi o austríaco Gustav Wagner, um dos responsáveis pelo campo de extermínio de Sobibor. Enquanto era condenado à morte pelo Tribunal de Nuremberg, o fugitivo Wagner trabalhava como operário em Graz, na Áustria. Ali encontrou o ex-colega Stangl e com ele escapou para a Síria.
Chegou a São Paulo com passaporte suíço em 12 de abril de 1950 e foi morar em um sítio em Atibaia, São Paulo, onde fez um chalé no estilo da Bavária. Chamado de "seu Gustavo" pelos vizinhos, foi detido em maio de 1978, ao se apresentar na Deops para desmentir uma reportagem em que era acusado de participar de uma festa em homenagem a Hitler.
Chegou a São Paulo com passaporte suíço em 12 de abril de 1950 e foi morar em um sítio em Atibaia, São Paulo, onde fez um chalé no estilo da Bavária. Chamado de "seu Gustavo" pelos vizinhos, foi detido em maio de 1978, ao se apresentar na Deops para desmentir uma reportagem em que era acusado de participar de uma festa em homenagem a Hitler.
Por sua idade avançada, Wagner foi transferido para uma clínica e depois mandado para casa. As autoridades brasileiras já haviam recusado pedidos de extradição feitos por Israel, Áustria e Polônia quando, em 18 de junho de 1979, a rede de TV britânica BBC levou ao ar uma entrevista com Wagner. "Eu não guardo nenhum sentimento daqueles dias (...). À noite, nós nunca discutíamos nosso trabalho, só bebíamos e jogávamos cartas", disse.
Quatro dias depois, seu pedido de extradição para a Alemanha Ocidental também foi negado. Em outubro de 1980, Wagner foi achado morto com uma facada no peito. A polícia concluiu que ele se matou.
Quatro dias depois, seu pedido de extradição para a Alemanha Ocidental também foi negado. Em outubro de 1980, Wagner foi achado morto com uma facada no peito. A polícia concluiu que ele se matou.
A lista não acaba aí. Acusado de participar da morte de 30 mil judeus em Riga, na Letônia, o capitão-aviador Herbert Cukurs fugiu para a França, onde obteve visto para vir ao Brasil em 1946. No Rio de Janeiro, ele trabalhou na Fábrica Brasileira de Aviões.
Logo depois montou um negócio, alugando pedalinhos na praia de Icaraí, em Niterói. Em 1948, foi reconhecido. Sua casa foi pichada e seu nome saiu nos jornais, mas ele nunca foi preso. Na década de 1950, mudou-se com a família para Santos e depois para São Paulo.
Logo depois montou um negócio, alugando pedalinhos na praia de Icaraí, em Niterói. Em 1948, foi reconhecido. Sua casa foi pichada e seu nome saiu nos jornais, mas ele nunca foi preso. Na década de 1950, mudou-se com a família para Santos e depois para São Paulo.
Em 1960, Cukurs tentou se naturalizar. Foi quando a polícia paulista tomou seu único depoimento, em 6 de junho. No dia 7, os policiais ouviram Frida Schmuskovits, sobrevivente dos campos de extermínio da Letônia. Sobre os massacres de judeus, ela relatou que "a matança era feita por ordem de Herbert Cukurs".
Com a naturalização negada, Cukurs foi para Montevidéu em 1965, ao lado de um amigo que ele conhecera um ano antes e se apresentava como o austríaco Anton Kunzle. Dois dias após chegar ao Uruguai, Cukurs foi encontrado numa mala. Tinha marcas de tiros e a cabeça destruída a marteladas. Num comunicado à imprensa, um grupo autodenominado "Aqueles que Não Esquecem" assumiu o assassinato.
Com a naturalização negada, Cukurs foi para Montevidéu em 1965, ao lado de um amigo que ele conhecera um ano antes e se apresentava como o austríaco Anton Kunzle. Dois dias após chegar ao Uruguai, Cukurs foi encontrado numa mala. Tinha marcas de tiros e a cabeça destruída a marteladas. Num comunicado à imprensa, um grupo autodenominado "Aqueles que Não Esquecem" assumiu o assassinato.
Última chanceChovia pouco em Viena, na manhã de 16 de dezembro de 2005, quando alguns familiares viram o corpo de Heinrich Gross, morto na véspera, aos 91 anos, ser baixado ao túmulo. Psiquiatra e neurologista de renome, Gross ocupava, desde 1962, uma cadeira na Academia Austríaca de Ciência. Mas é outra parte de sua biografia que nos interessa.
Entre 1940 e 1945, o doutor Gross dirigiu o programa nazista de pesquisas de eugenia baseado em Viena. Em sua clínica, ele coordenou experimentos médicos e farmacológicos que vitimaram mais de 700 crianças.
Entre 1940 e 1945, o doutor Gross dirigiu o programa nazista de pesquisas de eugenia baseado em Viena. Em sua clínica, ele coordenou experimentos médicos e farmacológicos que vitimaram mais de 700 crianças.
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Após a guerra, Gross desapareceu. Ressurgiu seis anos depois, em Viena, como professor. Em 1956, foi nomeado perito da Justiça para avaliar criminosos com problemas mentais. Só em 1994 acadêmicos da Universidade de Viena perceberam que o simpático velhinho e o cruel cientista eram a mesma pessoa.
Apesar das tentativas de levar Gross aos tribunais, ele nunca foi preso - houve pouca movimentação por parte de promotores e juízes, com quem tantas vezes ele havia trabalhado. Em 2002, quando foi enfim convocado por uma corte vienense, Gross, aos 89 anos, mostrou-se senil e, segundo seu advogado, não conseguia entender o interrogatório.
O médico foi declarado inapto para ser julgado e saiu pela porta da frente do prédio, caminhando com uma bengala. Viveu em paz até morrer.
O médico foi declarado inapto para ser julgado e saiu pela porta da frente do prédio, caminhando com uma bengala. Viveu em paz até morrer.
Gross se enquadra num grupo de nazistas que nunca fugiu, mas desapareceu nos desvãos da burocracia. Há quem aceite o esquecimento. Não é o caso do Centro Simon Wiesenthal (CSW), que desde 1977 reúne informações sobre nazistas. "Genocídio e assassinato em massa nunca prescrevem", afirma o israelense Efraim Zuroff, diretor do CSW em Jerusalém.
Segundo o último relatório da entidade, de 2006, 458 pessoas estão sendo investigadas por crimes de guerra e, de janeiro de 2001 a dezembro de 2006, 41 nazistas foram condenados no mundo. Segundo Zuroff, outros poderiam ir a julgamento se houvesse mais empenho dos países que os abrigam. "O mais difícil não é encontrar os criminosos, mas levá-los a julgamento."
Dos 11 grandes criminosos nazistas listados abaixo, todos conseguiram fugir ao final da Segunda Guerra
Segundo o último relatório da entidade, de 2006, 458 pessoas estão sendo investigadas por crimes de guerra e, de janeiro de 2001 a dezembro de 2006, 41 nazistas foram condenados no mundo. Segundo Zuroff, outros poderiam ir a julgamento se houvesse mais empenho dos países que os abrigam. "O mais difícil não é encontrar os criminosos, mas levá-los a julgamento."
O nome mais recente entrou na lista da CSW em julho de 2006. Num evento social, um sujeito não parava de se gabar de seu papel na deportação de judeus para Auschwitz. Um jovem anotou seu nome e procurou o CSW. "Descobrimos que era Sandor Kepiro, húngaro condenado pela morte de mais de 1200 civis em janeiro de 1942, na cidade de Novi Sad, então parte da Hungria, atualmente na Sérvia", conta Zuroff. Aos 93 anos, Kepiro mora em Budapeste e aguarda a Justiça determinar se ele terá de cumprir a pena de 14 anos de prisão que recebeu em 1948.
Entre os nazistas ainda foragidos, o mais eminente é o médico austríaco Aribert Heim, que serviu em três campos de extermínio, Sachsenhausen, Buchenwald e Mauthausen, onde centenas de pessoas foram mortas com injeções de fenol no coração. "Heim foi preso pelos americanos na Bélgica em março de 1945, mas foi solto dois anos depois", diz Zuroff.
Livre, Heim voltou à medicina e, em 1962, foi processado na Alemanha Ocidental. Enquanto aguardava julgamento, fugiu. Desde então, foi visto na Argentina, Egito, Uruguai e Espanha. Era dado como morto até que, três anos atrás, a polícia alemã descobriu uma conta bancária em nome de Heim com mais de 1 milhão de euros.
O fato de seus filhos nunca terem sacado o dinheiro levou as autoridades a concluir que ele ainda está vivo. Uma força-tarefa foi montada para encontrá-lo. Seu paradeiro, no entanto, permanece um mistério.
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Leia mais sobre os nazistas em liberdade na edição 46 de História
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Vídeos - nazistas em liberdade
05/06/07 Por Felipe van Deursen
O ex-diretor da Gestapo Klaus Barbie, que viveu 24 anos escondido na Bolívia com o nome Klaus Altmann, foi deportado do país em 1983 e, quatro anos depois, julgado pela morte de 177 pessoas no Holocausto. Barbie morreu de leucemia em Lyon, em 1991.
Neste outro vídeo, o sobrevivente Thomas Toivi Blatt fala, em inglês, de sua experiência em Sobibor, na Polônia. Este campo de extermínio era comandado pelo austríaco Gustav Wagner, que viveu tranqüilamente durante décadas em Atibaia, no interior paulista.
http://historia.abril.com.br/2006/edicoes/capa/mt_232486.shtml
Doutor morte
Josef Mengele, o médico de Auschwitz que usava pessoas como cobaias em suas experiências, viveu 30 anos impune até morrer afogado no litoral paulista
Mengele, ou "seu Pedro", como era conhecido, levava uma pacata vida em São Paulo
A primeira visão que tinham os prisioneiros que desciam dos trens e chegavam a Auschwitz era dos grandes olhos azuis de Josef Mengele. O "anjo da morte", como ficou conhecido, era quem separava os recém-chegados aptos a trabalhar como escravos dos que seriam mandados às câmaras de gás.
Anões, deficientes físicos e, principalmente, irmãos gêmeos, eram encaminhados ao "zoológico" - barracões onde ficavam as cobaias dos mais terríveis experimentos de Mengele. Das suas "pesquisas científicas", as mais comuns eram a dissecação de anões vivos a fim de provar serem fruto da excessiva miscigenação de raças, a amputação de pernas e braços para tentar sua regeneração e a tentativa de clarear os olhos dos prisioneiros com diversos tipos de substâncias.
Com o final da guerra, o condecorado doutor que, entre 1943 e 1945, havia mandado executar mais de 400 mil prisioneiros, fugiu para a Baviera, no sul da Alemanha. Durante os anos de 1945 a 1949, viveu como Fritz Hollman, trabalhando como lavrador para uma família de agricultores, os Fischer. Mesmo que nunca tivessem descoberto a verdadeira identidade do empregado, os patrões sempre acharam as mãos de Fritz finas demais para um trabalhador rural.
Em 1949, com o aumento da perseguição aos criminosos na Europa, Mengele fugiu para a Argentina. Viveu no país por 10 anos - acobertado pelo presidente Juan Domingo Perón, com quem chegou a se encontrar na Casa Rosada - e chegou a usar documentos oficiais registrados em seu próprio nome. Quando a Alemanha pediu sua extradição, ele se mudou para o Paraguai e depois, aos 59 anos, para o Brasil.
Aqui, Mengele contou com a ajuda de um amigo austríaco que lhe emprestou o nome e os documentos antes de voltar para a Europa. Mengele foi, até o final de sua vida, Wolfgang Gerhardt.
Para seus vizinhos na Estrada do Alvarenga - próximo à represa Billings, em São Paulo -, porém, ele era apenas o "Seu Pedro". Um senhor que passava os dias escutando as óperas de Wagner e Mozart, cuidando do jardim e escrevendo em sua máquina Zephir-SCM Smith Corona.
Em São Paulo, o "anjo da morte" chegou a trabalhar por cinco anos como chefe de manutenção da Melhoramentos, fábrica de papel de Caieiras. Depois de ser demitido durante um processo de reestruturação da empresa, sua situação financeira piorou. Em cartas ao amigo que carregava no nome, Mengele dizia viver sem dinheiro - antes fornecido pelo pai, um grande empresário alemão.
Também reclamava de uma doença intestinal, que se originou de maneira estranha. Como Mengele tinha mania de morder a ponta do bigode, um bolo de cabelo obstruiu seu intestino com o passar dos anos, provocando dores fortes no órgão.
Trechos de um diário escrito pelo médico em 1976 revelam que Mengele passava grande parte de seu tempo envolvido com problemas domésticos, como uma bomba d'água estragada ou um vazamento no teto. Num dos trechos, com letra já quase incompreensível, o alemão se diz sozinho e abandonado. "Como as coisas vão ficar? Agora eu sinto a solidão, ou melhor, o abandono de forma tão dolorosa como nunca".
Deprimido, Mengele aceitou o convite de Liselotte e Wolfram Bossert, casal de amigos que conhecia desde sua chegada ao Brasil, para passar alguns dias do verão de 1979 na praia de Bertioga. Ali, morreu afogado em 7 de fevereiro. Sua ossada, no entanto, só foi encontrada em 1985, no cemitério do Embu, em São Paulo.
Nazistas na Lua
Com o passado apagado dos arquivos, muitos cientistas nazistas construíram brilhantes carreiras nos Estados Unidos - a ponto de batizar uma cratera lunar.
Naquele 23 de março de 1962, o Centro Espacial Marshall, no sudeste dos Estados Unidos, estava em festa. Era uma sexta-feira e o alto escalão da Nasa celebrava os 50 anos de Wernher von Braun, o prestigiado cientista alemão criador do foguete Saturno V, que levou os norte-americanos à Lua. A comemoração, que custou US$ 730,45, foi regada a muita bebida, comida e música.
Entre os convidados estavam Dieter Grau e Guenther Haukohl, na época investigados pela unidade de caça aos criminosos nazistas do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Nada que destoasse do clima da comemoração. O aniversariante era, ele próprio, renomado major da SS de Hitler e havia comandado um campo de trabalho escravo para a fabricação de mísseis durante a Segunda Guerra. E não era o único.
Após a queda dos países do Eixo, o governo norte-americano trouxe cerca de 1 600 cientistas nazistas - muitos deles criminosos de guerra - para trabalhar nos seus serviços de inteligência. Quando entravam no país, entretanto, todo o passado desses cientistas era apagado dos arquivos - Eles se tornavam apenas ótimos profissionais alemães ou austríacos.
É o caso de Herbert Wagner, membro da Tropa de Assalto de Hitler e criador do primeiro míssel guiado usado na guerra, e de Kurt Blome, réu absolvido em Nuremberg pela participação em crimes de eutanásia, extermínio de tuberculosos e mortes com experimentos diversos.
Blome foi representante do Conselho de Pesquisa do Reich, que aprovou a maioria dos experimentos nos campos de concentração. Apesar disso, trabalhou por quase 10 anos no exército norte-americano.
Nos Estados Unidos, esses pesquisadores viveram com altos salários e proteção do governo. Muitos deles são lembrados até hoje como heróis nacionais, tendo sido agraciados com prêmios e honrarias. Outros, como Von Braun, foram ainda mais longe. Seu nome ficou eternizado em uma cratera de 60 quilômetros de diâmetro na superfície da Lua.
Soltos por aí
Dos 11 grandes criminosos nazistas listados abaixo, todos conseguiram fugir ao final da Segunda Guerra
Nome: Adolf Eichmann Função: Coronel da SS, chefe da GestapoCrime: Coordenou a "solução final", o extermínio de 5 milhões de judeus nos campos de concentração Nome: Franz Stangl
Função: Comandante dos campos de extermínio de Sobibor e Treblinka, na Polônia
Crime: Acusado pela morte de 900 mil pessoasNome: Gustav Wagner
Função: Comandante do campo de Sobibor, na Polônia
Crime:Responsável pela morte de 250 mil judeusNome: Herbert Kappler
Função: Coronel da SS
Crime: Ordenou o fuzilamento de 330 civis italianos (massacre das Fossas Ardeatinas) para vingar a morte de 33 soldados nazistas em um atentado a bomba em Roma
Nome: Herbert Cukurs
Função: Capitão aviador da Letônia
Crime: Participou da morte de 30 mil judeus em Riga, Letônia
Nome: Erich Priebke
Função: Capitão da Gestapo
Crime: Participou do massacre das Fossas Ardeatinas, em Roma
Nome: Josef Mengele
Função: Coronel-médico da SS
Crime: Realizou experiências em anões, deficientes físicos e irmãos gêmeos, a fim de provar a superioridade ariana
Nome: Klaus Barbie
Função: Diretor da Gestapo
Crime: Responsável pela tortura e execução de membros da resistência francesa e pelo envio de crianças para o campo de AuschwitzNome: Heinrich Gross
Função: Diretor do programa nazista Am Spielgrund
Crime: Comandou experiências médicas e farmacológicas que sacrificaram mais de 700 crianças com problemas físicos ou mentais ou simplesmente pobres Nome: Sandor Kepiro
Função: Capitão da polícia húngara
Crime: Condenado pela morte de mais de 1200 civis - a maioria judeus, mas também eslavos, ciganos e comunistas Nome: Aribert Heim
Função: Médico austríaco da SS
Crime: Trabalhou em três campos de extermínio onde centenas de pessoas foram mortas com injeções de fenol no coração
Função: Comandante dos campos de extermínio de Sobibor e Treblinka, na Polônia
Crime: Acusado pela morte de 900 mil pessoas
Função: Comandante do campo de Sobibor, na Polônia
Crime:Responsável pela morte de 250 mil judeus
Função: Coronel da SS
Crime: Ordenou o fuzilamento de 330 civis italianos (massacre das Fossas Ardeatinas) para vingar a morte de 33 soldados nazistas em um atentado a bomba em Roma
Nome: Herbert Cukurs
Função: Capitão aviador da Letônia
Crime: Participou da morte de 30 mil judeus em Riga, Letônia
Nome: Erich Priebke
Função: Capitão da Gestapo
Crime: Participou do massacre das Fossas Ardeatinas, em Roma
Nome: Josef Mengele
Função: Coronel-médico da SS
Crime: Realizou experiências em anões, deficientes físicos e irmãos gêmeos, a fim de provar a superioridade ariana
Nome: Klaus Barbie
Função: Diretor da Gestapo
Crime: Responsável pela tortura e execução de membros da resistência francesa e pelo envio de crianças para o campo de Auschwitz
Função: Diretor do programa nazista Am Spielgrund
Crime: Comandou experiências médicas e farmacológicas que sacrificaram mais de 700 crianças com problemas físicos ou mentais ou simplesmente pobres
Função: Capitão da polícia húngara
Crime: Condenado pela morte de mais de 1200 civis - a maioria judeus, mas também eslavos, ciganos e comunistas
Função: Médico austríaco da SS
Crime: Trabalhou em três campos de extermínio onde centenas de pessoas foram mortas com injeções de fenol no coração