Estão combinando o preço para soltarem o colega da BBC
do Nahum Sirotsky - Alan Johnsonn da BBC de Londres, único jornalista estrangeiro a permanecer em Gaza palestina apesar da falta de lei na cidade, está desaparecido desde meados de março passado. Foi raptado. E manifestava simpatia pela causa palestina, nada mais natural, pois via a guerra convivendo com o povo. No tipo de guerra do Oriente Médio é o povo que mais sofre o povo cuja opinião não é consultada e que só sabe o que sofre.
Onde está Johsonn?Um homem do Hamas, que participa de uma festa literária no país de Gales, Grã-Bretanha, declarou saber, pois com ele teria estado há dias. Afirmou breve será solto. Ser repórter no Oriente Médio é proporcionalmente mais perigoso do que ser soldado. No Iraque já mataram 80 colegas. Não faltam vitimas no conflito israelense-palestino.
Se o Hamas sabe onde está o que impede soltem o colega? Gaza não tem lei mesmo. Talvez o Hamas não mande nela. Ou será que raptaram o colega inglês por ser boa mercadoria de troca? Poder ser negociado a bom preço. Os ingleses andaram prendendo muitos islamitas por participação em atentados. Conseguir soltar alguns é prestígio.
Todas as atividades clandestinas e ilegais são infiltradas por agentes secretos ou informantes pagos. Assim polícias acabam sabendo das coisas. Os israelenses chegam saber da hora e veículos nos quais se deslocam seus inimigos. Nessas coisas não há milagres nem coincidências.
Ghazi Hamad é o porta-voz palestino que participa do festival literário na Grã-Bretanha. E contou tudo para a BBC. Se ele falou é por ter sido autorizado . Associados de grupos clandestinos não vivem muito se falam sem permissão. A punição é a morte e, não raro, a de seus familiares, pois seu sangue passa a ser maldito. Daí, então, lógico se concluir que os ingleses estão chegando perto do preço pedido pelos raptores.
Aliás, nos últimos tempos associações de classes inglesas votam pelo boicote de relações com associações semelhantes israelenses em protesto pelo "sofrimento do povo palestino". Não duvido de que seja imenso. O povo inclusive é maltratado pelos seus irmãos árabes. Basta olhar o Líbano onde são 400 mil refugiados, ou dez por cento da população vivendo favelados. Mas as negociações talvez sejam um erro da boa vontade mal aplicada. Podem estar contribuindo para adiar solução do conflito israelense-palestino, pois dão implícita aprovação a prática das táticas de resistência e combate.
Num certo sentido é o que acontece no Brasil. É indiscutível a imensidão da dívida social com os miseráveis e pobres. Por exemplo, a implantação do pró-Alcool se fez com incentivos que tornaram econômico aproveitar cada centímetro de terra no plantio da cana. Em conseqüência, incontáveis trabalhadores rurais que, para compensar o salário miserável que recebiam eram autorizados a terem rocinhas perto de suas choupanas, onde plantavam feijão ou milho e criavam uns poucos porcos e galinhas, foram delas expulsos. Sem escolaridade profissão urbana subiram os morros para suas moradias e sobrevivência. A sociedade optou por ignorá-los. Levou tempo para acordar para as ameaças ao seu bem estar que se implantavam. E, claro, erro é manifestar compreensão para os que cometem crimes devido à vergonha histórica dos antros da criminalidade. A solução não é filantropia, esmolas, que criam hábito negativos.Só se rompe o circulo da miséria assegurando-se ao pobre meios de dela sair, de preparo para o mercado de trabalho.É um longo processo devido a tantas falhas acumuladas no tempo passado.
Dívida social é dívida social e exige justiça. Crime é crime e exige atuação policial e justiça em defesa da sociedade. O Brasil de bom coração não entende a diferença.E está pagando com o crescimento da criminalidade.