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A soprano judia que sobreviveu em Auschwitz graças a sua voz

 

Acordes da vida

Soprano, a judia Fania Fénelon teve sua vida poupada por sua voz. Durante dois anos em Auschwitz ela cantou para oficiais nazistas e presos que caminhavam para as câmaras de gás


 

 
Raquel Grisotto


 
Fania foi reconhecida no campo de concentração graças a seu trabalho em Madame Butterfly
 
Em Auschwitz, Fania Fénelon tinha lá suas regalias. Tomava banho todos os dias, ia ao banheiro sempre que tivesse vontade e não precisava dividir o colchão. Tinha roupas quentes, sapatos, escova e pasta de dentes.

Magra, pouco mais de 1,5 metro de altura, ela pertencia à elite das prisioneiras dos campos de concentração da Polônia. Ao lado de outras 80 mulheres, vivia no alojamento especial da orquestra feminina do complexo de Auschwitz e estava protegida da selvageria que vitimou mais de 1 milhão de pessoas entre 1940 e 1945 na maior fábrica da morte do império nazista.

Diplomada pelo Conservatório de Paris - foi aluna de Germaine Martinelli, famosa soprano francesa -, Fania era pianista e cantora talentosa. Como a gueixa Cio-Cio-San, de Madame Butterfly , da ópera de Giacommo Puccini, conseguiu agradar até os oficiais de Hitler.

Artista dos cabarés em Paris e com passe livre para circular durante a noite numa cidade dominada por tropas alemãs (a capital francesa foi tomada em junho de 1940), Fania (de batismo, Goldstein) atuava com amigos na Resistência francesa. Filha de judeus, foi denunciada e, em 1943, capturada pela SS, a polícia nazista. Passou nove meses numa prisão francesa antes de ser enviada a Oswiecim, a pequena cidade que abrigava o complexo.
Chegou a Auschwitz em 23 de janeiro de 1944. Logo reconhecida pela violoncelista da orquestra, foi resgatada do terror do bloco de quarentena, um barracão imundo, abarrotado de gente. "Quando uma guarda entrou chamando por Madame Butterfly, não acreditei. Será que aquilo estava mesmo acontecendo, ou os poucos momentos naquele horror já haviam tirado minha sanidade?", conta em sua biografia Playing for Time ("Tocando por um tempo", inédito no Brasil). Escrito em parceria com a jornalista Marcelle Routier, o livro, apesar de narrar as atrocidades do Holocausto, é um relato de coragem e fé.
Fania e suas companheiras serviam de atração para os oficiais da SS e prisioneiros. Tocavam todos os dias diante dos que marchavam em direção aos campos de trabalho forçado das indústrias químicas e de borracha sintética da I.G. Farben, em Auschwitz III.

Etambém se apresentavam nos momentos em que presos com menos sorte eram levados para a morte, nas câmaras de gás. Segundo a teoria dos nazistas, a música dava ares de normalidade ao genocídio e facilitava o trabalho. Os oficiais gostavam, além disso, de ouvir música para relaxar.
 
 
Cinderela de botas
Foi Rudolf Höss, o comandante de Auschwitz entre 1940 e 1943, quem instituiu a formação de uma orquestra. O grupo de músicas era responsabilidade de Maria Mandel, primeira entre as mulheres na hierarquia da polícia nazista dentro do complexo até 1942.

A orquestra 100% feminina era motivo de orgulho para a SS. Os oficiais prezavam pelo grupo e não admitiam interferência no trabalho de suas protegidas. Entre os muitos privilégios, as garotas só não tinham direito a mais comida - embora fizessem as refeições num alojamento exclusivo, distante das demais prisioneiras.

A preferência de Mandel por Butterfly era evidente e, por isso, Fania foi beneficiada pelos nazistas. Satisfeitos com uma performance, os oficiais davam às garotas direito de ir ao "Canadá" - espécie de mercado negro dentro do complexo.
 
 
 

 

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2 Comentários
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  1. É lindo falarmos dos outros, mesmo se com imensa razão!...
    Que tal falar do AGORA?
    Que se pode chamar ao que o Estado de Israel está a fazer`às PESSOAS que estão no GHETTO DE GAZA???


    ASSASSÍNIO????

    GENOCÍDIO?????

    NAZISMO PURO???

    ResponderExcluir

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