Inteligência britânica rejeitou proposta para matar Hitler
da Efe, em LondresO serviço secreto britânico, o MI5, rejeitou a proposta de um espião que se ofereceu para assassinar Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), informou nesta terça-feira o jornal britânico "The Times", que cita arquivos recentemente desclassificados como secretos. A oferta de realizar uma missão suicida contra Hitler foi feita por Eddie Chapman, um criminoso que foi treinado pelos nazistas como espião e que se tornou posteriormente um dos mais importantes agentes duplos britânicos e que também era conhecido como Ziguezague.
Chapman estava cumprindo uma condenação por roubo em uma prisão de Jersey, no canal da Mancha, quando os nazistas invadiram esta ilha. Ele foi recrutado pelo serviço de contra-espionagem alemão e enviado para o Reino Unido em dezembro de 1941. Pouco tempo depois, Chapman passou para o MI5. Ao ser interrogado pelo serviço secreto britânico, o homem, 27, expressou sua vontade de retornar à Alemanha como agente duplo e assassinar o Führer com a explosão de uma bomba em um comício nazista.
Os arquivos recentemente desclassificados pelo M15 revelam uma conversa entre Chapman e um oficial responsável por seu caso, Ronnie Reed. Reed afirmava que qualquer tentativa de assassinar Hitler seria suicida. "Tanto se tiver êxito como se não, seria liquidado imediatamente", declarou Reed. "Ah, mas que maneira de morrer", respondeu Chapman, acrescentando que um oficial do serviço de contra-espionagem alemão, ao qual conhecia apenas como doutor Graumann, havia lhe prometido levar a um comício nazista caso completasse com sucesso sua missão no Reino Unido e o colocaria "na primeira ou na segunda fila", perto de onde Hitler estaria.
Segundo os documentos agora desclassificados, Reed estava convencido de que a oferta de Chapman era séria e a relatou a seus superiores no MI5. Reed dizia acreditar que Chapman estava motivado por um intenso patriotismo e pelo desejo de corrigir seu passado de crimes. A publicação afirma que a oferta chamou a atenção do então primeiro-ministro do Reino Unido, Winston Churchill, que pediu para ser informado da evolução do caso. No entanto, por razões que nunca foram completamente explicadas, aquela oportunidade de assassinar Hitler foi desprezada.
Chapman voltou à Alemanha como agente duplo, mas foi exigido dele que "não realizasse nenhuma empresa absurda". O espia espião britânico conseguiu convencer os alemães de que tinha completado com sucesso sua missão no Reino Unido e foi condecorado com a Cruz de Ferro, sendo o único britânico a receber esta medalha. O MI5 desclassificou como secretos 1.800 páginas de documentos ligados ao caso Chapman. Os últimos documentos, entre eles os que incluem informações sobre o plano para assassinar Hitler, foram transferidos para o Arquivo Nacional britânico no mês passado.
As novas pesquisas indicam que o doutor Graumann, cujo nome real era Stephan von Gröning, poderia estar querendo se utilizar de Chapman para levar a cabo suas intenções contra Hitler. Como muitos outros oficiais da contra-espionagem alemã, ele era um opositor secreto de Hitler e sua oferta de levar o espião a um comício nazista indica que conhecia o que Chapman tinha em mente. Chapman sobreviveu à guerra e recebeu um perdão não oficial por seus crimes realizados antes do conflito. __._,_.___