Jerusalém, 18 jul (EFE).- A ministra de Assuntos Exteriores de Israel, Tzipi Livni, exigiu hoje, em reunião com enviados do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que o Líbano cumpra a resolução 1159 do Conselho de Segurança, que exige o desarmamento do Hisbolá, como condição para aceitar um cessar-fogo com a milícia xiita.
A chefe da diplomacia israelense, que se reuniu na manhã desta terça-feira com a delegação da ONU, destacou "a necessidade de que o Governo de Beirute cumpra plena e cabalmente essa resolução do Conselho de Segurança, que exige o desarmamento do Hisbolá, e o estabelecimento do Exército libanês no sul" para fazer a segurança na fronteira com Israel.
Outra exigência é a "devolução incondicional" dos três soldados do Estado judeu "seqüestrados em território de Israel", um por comandos palestinos da Faixa de Gaza no dia 25 de junho e outros dois por milicianos do Hisbolá na quarta-feira passada.
Livni afirmou que "Israel e a comunidade internacional vêem com os mesmos olhos a necessidade de pôr em prática a resolução 1559 da ONU".
"O cessar-fogo não pode ser um fim em si mesmo", disse a chanceler.
Após falar com os representantes da ONU, Livni também declarou aos jornalistas que "se deve impedir que o Irã e a Síria voltem a rearmar os terroristas".
Os delegados da ONU não deram declarações e a ministra não falou sobre outros aspectos da reunião.
Apesar da resolução da ONU, aprovada no ano 2000, a faixa de fronteira é controlada pelos milicianos desde a retirada israelense do sul do Líbano, onde até aquele ano o Exército do Estado judeu ocupava uma "zona de segurança" para impedir ataques do Hisbolá contra militares e a população civil da Galiléia, região do norte de Israel.
A ofensiva militar começou depois de milicianos do Hisbolá matarem oito soldados e seqüestrarem outros dois, na quarta-feira passada.
A operação deixou até o momento cerca de 200 mortos entre milicianos e civis, e perdas multimilionárias devido à destruição de infra-estruturas libanesas.
A delegação da ONU, lidferada por Vijay Nambiar, assessor político de Annan, chegou a Jerusalém procedente de Beirute, onde se reuniu na segunda-feira com o primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora.
Supõe-se que os representantes da ONU tenham apresentado a Livni uma proposta de Siniora para uma trégua que, em troca de um cessar-fogo, incluiria a entrega dos dois soldados israelenses seqüestrados pelo Hisbolá ao Governo de Beirute e do que está nas mãos de grupos palestinos à Autoridade Nacional Palestina (ANP), mas não o desarmamento dos guerrilheiros libaneses.
Segundo o subcomandante das Forças Armadas de Israel, general Moshé Kaplinsky, desde o começo da ofensiva 13 soldados e 12 civis morreram na frente libanesa e na Faixa de Gaza.
Segundo fontes militares citadas hoje pelo jornal "Ha'aretz", os milicianos do Hisbolá (Partido de Deus), com dois representantes no Governo de Beirute, armazenaram desde o ano 2000 cerca de 11.500 mísseis de diverso calibre, incluído o "Zilzal" iraniano - com um alcance de 160 quilômetros -, em 600 abrigos, dos quais 200 foram destruídos.
Kaplinsky reconheceu hoje, em declarações à rádio pública, que apesar da maciça ofensiva da Força Aérea, da Força Naval e da artilharia, os guerrilheiros islâmicos ainda estão em condições de continuar atacando todas as cidades do norte de Israel.
Hoje, o Hisbolá voltou, pelo terceiro dia consecutivo, a lançar foguetes contra a cidade de Haifa, mas não deixou vítimas, disseram as autoridades locais.
As fontes afirmaram que caíram na cidade entre cinco e seis foguetes, e que um causou danos materiais em um edifício e outro provocou um incêndio em um terreno aberto. Além disso, caíram na manhã desta terça-feira, também sem conseqüências, alguns foguetes "Katyusha" na cidade de Safed.
Kaplinsky não descartou uma operação maciça por terra contra Hisbolá no território do Líbano "se esta for necessária".
A autoridades mobilizaram hoje três batalhões de reservistas para substituir forças regulares enviadas à fronteira.
O principal objetivo, afirmou o general, é afastar o Hisbolá da fronteira e neutralizar sua capacidade de atacar a população do norte de Israel.
"Israel não admitirá viver à sombra e sob a ameaça de foguetes e de mísseis lançados contra seus residentes", afirmou nesta segunda-feira na Knesset (Parlamento) o primeiro-ministro Ehud Olmert.
Segundo pesquisa de opinião divulgada hoje pelo Instituto Dachaf, 81% dos israelenses apóiam as operações contra o Hisbolá e 78% acreditam que Olmert está administrando bem a crise.
Livni reconheceu que o cumprimento da resolução 1559 "será complicado devido à fraqueza do Governo libanês", mas disse a comunidade internacional poderá cooperar com o Executivo do país vizinho.
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Magal
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