Palestinos oferecem novas condições para libertar soldado

Membros de grupos terroristas palestinos que seqüestraram um soldado israelense no último dia 25 ofereceram novas condições ao governo de Israel para libertar o refém.

A devolução do militar estaria sujeita à libertação de mulheres e adolescentes palestinos detidos por Israel, mas, desta vez, com um prazo determinado. A informação foi dada por mediadores egípcios que tentam um acordo entre as duas partes.

A nova proposta --um ultimato com condições bastante semelhantes às de hoje terminou às 6h desta terça-feira [zero hora de Brasília]-- aparentemente sinaliza uma flexibilização do lado palestino, que mantém refém o soldado Gilad Shalit, 19. De acordo com as fontes egípcias, Israel reiterou que não negociará, dizendo apenas que pretende soltar alguns prisioneiros no final deste ano, mas sem firmar nenhum compromisso nesse sentido.

Até o momento, nem palestinos nem israelenses comentaram o assunto.

Expansão dos ataques

Nesta quarta-feira, Israel decidiu em reunião extraordinária expandir suas ações na faixa de Gaza e criar uma zona de segurança no norte da região, com o intuito de isolá-la. Por enquanto, Israel não entrou nas zonas urbanas de Gaza, mas as decisões de hoje podem dar aval a esse tipo de ação.

Ontem Israel retomou o controle da parte palestina da passagem de Erez (norte da faixa de Gaza). Foi a terceira área ocupada pelo Exército israelense em Gaza, depois de o sul da faixa de Gaza ser invadido na última terça-feira e, o norte da região, há poucos dias.

Um dos principais objetivo definidos hoje pelo Gabinete de Segurança de Israel é atacar com mais intensidade, em Gaza e na Cisjordânia, infra-estruturas do Hamas --grupo terrorista e partido político eleito democraticamente para o governo palestino, em janeiro último.

A decisão de Israel foi tomada após um foguete palestino Qassam [de fabricação caseira] ter atingido ontem o estacionamento da escola israelense ORT Ronson, em Ashkelon, sem causar vítimas [os alunos estão em férias]. Ashkelon, com cerca de 120 mil habitantes, fica a 12 km da faixa de Gaza, de onde são lançados os foguetes Qassam.

Nesta quarta-feira, mais dois foguetes palestinos foram lançado contra Ashkelon. Ambos caíram na vizinhança localizada na região sul da cidade. Segundo informações da imprensa israelense, quatro pessoas foram afetadas psicologicamente devido ao ataque, e levadas para atendimento.

Na manhã desta quarta-feira, mísseis israelenses atingiram o prédio do Ministério palestino do Interior em Gaza, em mais um dia de ataques aéreos israelenses contra a região. A pressão israelense teve início no último dia 27, dois dias após o seqüestro do soldado. Mas a crise entre os dois lados se acirrou após a morte, com um tiro na cabeça, de um colono judeu de 18 anos, que também fora seqüestrado no dia 25.

Bunker

O soldado israelense mantido como refém na faixa de Gaza há dez dias se encontra em um bunker [esconderijos subterrâneos], segundo a edição desta quarta-feira do jornal israelense "Yediot Aharonot", que cita fontes árabes. O soldado Shalit estaria acompanhado de sete palestinos com idades entre 20 e 30 anos.

Ainda segundo o jornal, o esconderijo estava preparado previamente para o seqüestro e está repleto de comida, bebidas e remédios. O seqüestro do soldado foi preparado durante três meses.

Há informações ainda que os seqüestradores teriam desligado telefones e estariam isolados de contato assim como o próprio refém.

"Segundo fontes árabes, ninguém informou sobre movimentos suspeitos na área do esconderijo. Ninguém viu veículos ou partidas de locais subterrâneos na escuridão. Ninguém verificou a visita de um médico palestino a Gilad Shalit", informa o jornal, acrescentando que, segundo fontes de inteligência egípcias, Mashaal, que vive na Síria, não informou ao primeiro-ministro e dirigente do Hamas, Ismail Haniyeh, sobre a operação.

Portanto, de acordo com as fontes do jornal israelense, o premiê palestino não tem nem idéia do lugar onde se encontra o soldado.

Explosão

Em Gaza, uma explosão matou nesta quarta-feira dois palestinos e deixou outros quatro feridos no bairro Zeitune, segundo fontes da segurança palestina. Mortos e feridos foram levados ao hospital Shifa da Cidade de Gaza.

Aparentemente acidental, a explosão teria ocorrido quando dois homens manipulavam dinamites. A detonação ocorreu na casa da família Tajduj, muito conhecida na região. Os membros dessa família são filiados a Jihad Islâmico [grupo terrorista palestino]. A casa atingida ficou praticamente destruída.

A explosão chegou a ser atribuída a um ataque aéreo de Israel, mas a informação foi corrigida posteriormente.

Com agências internacionais