Tamim El Dalati Beirute, 23 jul (EFE).- Apesar da violenta ofensiva militar israelense contra o Líbano, cujo objetivo declarado é desmontar a infra-estrutura do Hisbolá, as milícias, as associações de caridade e a comunicação do grupo xiita continuam funcionando.
"Há meses que nos preparamos para o confronto. Desde o dia 25 de maio de 2000 (data da retirada israelense do sul do Líbano) começamos os preparativos para a guerra. Temos os planos necessários", explicou à Efe Nawar Sahili, parlamentar do grupo xiita.
O Exército israelense garantiu que seus bombardeios mataram cem milicianos xiitas e reduziram à metade sua capacidade bélica.
No entanto, o Governo libanês e fontes do grupo xiita garantiram que as baixas entre os milicianos são "mínimas", e que os mais afetados pela ofensiva são os civis libaneses.
"Isso é mentira, podem acreditar em mim. Eles dizem isso porque têm de dar boas notícias. Não morreram mais de dez milicianos. Os membros da Resistência Islâmica não morrem porque a ofensiva não tem esse objetivo, já que o que eles querem é destruir nosso país e, por isso, matam mulheres, crianças e idosos inocentes", comentou outra fonte do grupo.
Além disso, o ataque com foguetes Katyusha continua - só ontem, mais de cem projéteis foram lançados contra Israel - e apesar de as tropas israelenses terem entrado no Líbano, apenas poucos quilômetros além da fronteira foram invadidos.
Não só as milícias xiitas mantêm seu funcionamento apesar da ofensiva. A rede de escolas públicas para o atendimento dos deslocados - que são meio milhão em todo o país -, administrada pelo Hisbolá, mostra uma organização superior à do Governo e de outras organizações, em alguns casos.
"Temos uma longa história de atendimento aos necessitados e, por isso, agora sabemos o que temos que fazer e como", explicou Ali Mokdad, parlamentar pelo grupo xiita.
Segundo o deputado, o Hisbolá pode garantir atendimento alimentar e médico aos deslocados protegidos pelo grupo - cujo número ele não quis precisar - durante pelo menos cinco meses, enquanto o Governo do país afirmou, no início de semana passada, que o país só dispõe de recursos para satisfazer as necessidades da população durante dois meses.
As escolas de deslocados do Hisbolá em Beirute, reconhecíveis pelo emblema amarelo com letras verdes de sua organização, estão fora de Dahie, bairros do sul que são reduto da organização.
Os próprios membros do grupo xiita pediram aos habitantes desta região que a abandonem, e agora ela está praticamente deserta.
Os meios de comunicação do grupo - rádio e televisão - também mantêm sua atividade, apesar de terem sido alvo de projéteis israelenses.
A televisão "Al-Manar" continua suas transmissões, sem nenhuma mudança substancial, apesar de a sede ter sido reduzida a escombros por mísseis israelenses.
Os noticiários da rede têm conexões ao vivo com todas as regiões do país e são gravadas em um estúdio que não mostra sinais de ter sido atingido.
Além disso, a "Al-Manar" usa grande quantidade de imagens de arquivo e canções patrióticas para manter alta a moral da população.
"Não posso responder essa pergunta", disse à Efe uma jornalista da TV do Hisbolá ao ser perguntada se sua emissora previa um ataque israelense antes da captura dos soldados israelenses que desencadeou a crise.
Segundo ela, a "Al-Manar" está fazendo "seu papel", como fazem todos os meios de comunicação. Ela reprova a mídia que não protestou contra o ataque a sua sede, um ataque - na sua opinião - à "liberdade de expressão".
O escritório de imprensa do grupo também continua suas atividades e prepara visitas diárias às regiões do sul de Beirute mais devastadas pelas bombas.
Embora Israel tenha declarado que o objetivo de sua ofensiva é acabar com o Hisbolá, a organização xiita continua funcionando até o momento, enquanto os mais afetados parecem ser os civis libaneses.
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Magal
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