JERUSALÉM - A ala militar do Hamas anunciou que não mais honrará uma trégua estabelecida com Israel depois que o Estado judeu fez disparos de artilharia ontem contra uma praia da Faixa de Gaza matando civis. "O terremoto nas cidades sionistas vai recomeçar", anunciou um panfleto distribuído por militantes em uma manifestação do Hamas ontem.
Plebiscito
O terrorista egípcio Ayman al-Zawahiri pediu ontem à população palestina que rejeite o plebiscito que o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, pode convocar neste fim de semana, que incluiria um reconhecimento implícito do direito de existir do Estado de Israel.
Em vídeo divulgado ontem pela rede catariana al-Jazeera, Zawahiri, que apareceu diante de um fundo negro e com uma arma automática apoiada atrás, criticou os líderes árabes e muçulmanos por não respaldar os palestinos nos duros momentos pelos quais estes estão passando. "Peço aos muçulmanos de todo o mundo que ajudem seus irmãos palestinos, que sofrem um assédio", disse Zawahiri.
Cessar-fogo
O chefe das Forças Armadas de Israel, general Dan Halutz, ordenou o fim dos bombardeios contra a Faixa de Gaza, após as informações de que vários civis morreram devido ao ataque no litoral norte da faixa. Fontes militares israelenses disseram que o Exército está investigando as circunstâncias do fato, que segundo diversas fontes teria deixado entre 9 e 12 vítimas fatais, entre elas várias crianças, e dezenas de feridos. Fontes palestinas aumentam para 15 o número de mortos e quase 50 o de feridos.
Ao longo do dia, tanto a aviação israelense como a frota naval e unidades de artilharia terrestres fizeram bombardeios contra diferentes pontos do norte e do sul da Faixa de Gaza.
"O Chefe do Estado-Maior ordenou o fim de todos os ataques, e continuamos investigando o ocorrido", acrescentaram as fontes, que destacaram que o "Exército israelense lamenta qualquer dano causado a civis inocentes". As Forças Armadas israelenses ofereceram também assistência às vítimas do ataque contra a praia de Gaza, e estenderam a colaboração para que os feridos possam ser atendidos em centros hospitalares de Israel.
Enterro
Milhares de pessoas participaram ontem dos funerais de Jamal abu Samhadana, líder dos Comitês de Resistência Popular, morto na noite de quinta-feira em um bombardeio israelense, enquanto seus homens prometeram vingar sua morte com atentados suicidas.
Desde o início da manhã as estradas de Gaza mostravam um forte aumento no tráfego rumo ao sul. Os acessos à cidade de Rafah, onde o corpo será enterrado, estão congestionados, informaram testemunhas. Abu Samhadana foi enterrado em sua cidade natal. Em seguida, no estádio local, foi feita uma oração por ele. O chefe dos Comitês Populares da Resistência, que há dois meses era também inspetor-chefe dos órgãos de segurança do Ministério do Interior da ANP, morreu num bombardeio da Força Aérea de Israel a uma base de treino entre as localidades de Rafah e Khan Yunes.