O Parlamento israelense decidiu neste domingo suspender a ajuda financeira de US$ 50 milhões mensais em impostos que o país envia à ANP (Autoridade Nacional Palestina), segundo Roni Bar On, um dos líderes do Kadima. O dinheiro é usado para o pagamento de 140 mil trabalhadores.
A decisão ocorre um dia depois que o grupo extremista Hamas tomou posse no novo Parlamento palestino.
O Hamas rejeitou a decisão do governo israelense. Segundo porta-voz do movimento islâmico na faixa de Gaza, Sami Abu Zuhri, a decisão é "equivocada" e "nunca afetará a determinação do movimento de continuar com o que faz".
O porta-voz disse ainda que o movimento islâmico tomará "todas as medidas possíveis para evitar as sanções econômicas e de segurança que Israel impôs aos palestinos".
"Buscaremos ajuda econômica árabe e islâmica para nosso povo e empregaremos a tecnologia para que os deputados e ministros que não podem viajar entre Gaza e Cisjordânia possam comunicar-se", disse.
Abu Zuhri pediu à comunidade internacional que "impeça as medidas opressivas que Israel exerce sobre os palestinos, em vez de culpar o povo".
"Terrorista"
O governo israelense decidiu que com a incorporação, ontem, do Hamas ao Parlamento, a ANP se transformou em "uma entidade terrorista", segundo as palavras pronunciadas neste domingo pelo primeiro-ministro interino, Ehud Olmert, levando à suspensão da transferência do dinheiro.
Ban Or não deu informações sobre a suposta proibição que Israel pretende impor à entrada de trabalhadores palestinos em Israel e a movimentação palestina entre Gaza e os territórios ocupados da Cisjordânia.
No entanto, legisladores afirmaram que o policiamento deve ser reforçado nos postos de controle das fronteiras entre Israel e a faixa de Gaza e que o movimento de membros dos Hamas deve ser restrito pelo Exército israelense nos territórios da Cisjordânia ocupados por Israel.
As medidas visam enfraquecer o apoio palestino ao Hamas, grupo extremista que prega a destruição de Israel e é apontado como responsável por ao menos 60 ataques suicidas contra alvos israelenses desde 2000.
Premiê
Neste domingo, Ismail Haniyeh, líder do Hamas na faixa de Gaza, foi nomeado o novo premiê palestino. A nomeação foi anunciada por meio de um comunicado divulgado pelo grupo extremista.
AP
Ismail Haniyeh, um dos líderes do Hamas, nomeado hoje o novo premiê palestino
Nascido no campo de refugiados de Shati, Haniyeh se formou em literatura árabe pela Universidade Islâmica da Cidade de Gaza, em 1987, e se tornou um aliado próximo do fundador do Hamas, Ahmed Yassin.
Em 1992, Haniyeh foi expulso por Israel e enviado para o sul do Líbano. Um ano depois, retornou à Gaza e se tornou reitor da Universidade Islâmica. Em 1998, assumiu um cargo no gabinete de Yassin.
Em 2004, após o assassinato de Yassin e de seu sucessor, Abdel Aziz Rantisi, assumiu a liderança do Hamas.
Maioria
O Hamas obteve o controle do Parlamento palestino nas eleições parlamentares de 25 de janeiro, obtendo 74 das 132 cadeiras e dando fim à hegemonia do Fatah, que dominava o cenário político palestino há décadas.
O grupo afirma que pretende formar seu governo no próximo mês e anunciou que seu programa político não estará necessariamente de acordo com a visão do presidente palestino, Mahmoud Abbas.
Ontem, após a cerimônia de posse no novo Parlamento, Abbas fez um convite formal ao Hamas para a formação de um novo governo.
Abbas pediu que o grupo deixe de lado a violência e a pregação da destruição de Israel e aceite o acordo de paz entre os dois Estados. O Hamas, no entanto, rejeitou o pedido. "O Hamas reafirma que rejeita as negociações enquanto houver a ocupação [de Israel], principalmente quando [Israel] continua a praticar punições coletivas contra nosso povo", afirmou o porta-voz do grupo, Sami Abu Zuhri, na Cidade de Gaza.
Com agências internacionais
Israel impõe sanções a palestinos; Hamas rejeita decisão
domingo, fevereiro 19, 2006
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