Sharon e Kadima batem recorde de popularidade
Sharon e Kadima batem recorde de popularidadeQuarta, 11 de janeiro de 2006, 09h04 - AFPUma semana depois de Ariel Sharon ter sofrido um grave derrame cerebral, o primeiro-ministro goza da aprovação de 70% da população e seu novo partido, Kadima, bate recordes nas pesquisas de intenção de voto para as eleições legislativas de 28 de março. Atualmente, 70% dos israelenses têm uma opinião positiva sobre o primeiro-ministro contra 14% que o avaliam negativamente. Uma pesquisa similar realizada em dezembro mostrava que 55% dos israelenses confiavam em Sharon para proporcionar segurança e acabar com a violência. As pesquisas divulgadas nesta quarta-feira apontam que apesar da população idealizar Sharon, que provavelmente não voltará a ser primeiro-ministro, não se agarra desesperadamente à sua imagem e votará naquele que é considerado seu sucessor, Ehud Olmert. O Kadima, criado no final de 2005, atrai cada vez mais simpatias por causa da radicalização à direita do Likud e da falta de carisma e líderes de peso no Partido Trabalhista. Segundo duas pesquisas, o Kadima (Avante em hebraico) obteria entre 44 e 45 cadeiras de um total de 120 no Parlamento se as eleições legislativas acontecessem hoje. Os trabalhistas, liderados por Amir Peretz, obteriam 18 e o Likud, de Benjamin Netanyahu, 15. Além disso, 44% dos entrevistados consideram Olmert, premier interino, é o político mais capacitado para ocupar o posto de chefe de Governo e 50% têm uma opinião positiva dele. Em seguida aparecem Netanyahu, com 23% de aprovação, e Peretz, com 13%. No momento, até mesmo tradicionais eleitores da esquerda não descartam a possibilidade de votar no Kadima e geralmente com a mesma explicação: a retirada das colônias de Gaza em agosto de 2005, um gesto que o deixou acima da direita e da esquerda. "Graças a um fenômeno social, Sharon se tornou uma espécie de semideus em Israel. Este homem goza de uma popularidade incrível", resumiu a psicóloga Gabriela Fischer. O Kadima recebe votos da direita pelo mesmo motivo: os eleitores consideram que Sharon aumentou a segurança de Israel e proporcionou uma fronteira segura. "Sharon demonstrou aos antecessores que é possível desmantelar colônias sem que exista uma guerra civil", afirma um editorial do Yediot Aharonot. Em uma coluna, o escritor Abraham B. Yehoshua avaliou que se o derrame cerebral de Sharon tivesse acontecido há oito meses, antes da retirada das colônias de Gaza e de sua saída do Likud para fundar um novo partido, seu desaparecimento da vida política não teria causado tanta comoção. "Sempre votei nos trabalhistas, mas agora vejo a necessidade de um centro liberal forte, que se afaste da direita irracional e impulsione o diálogo com os palestinos, que deve ser nossa prioridade, apesar do caminho longo e difícil", afirmou o cardiologista Abraham Tchervakoff. Atualmente, a campanha para as legislativas está suspensa na direita, esquerda e centro. Todos os partidos aproveitam a hospitalização do primeiro-ministro para rever suas prioridades, a ordem dos candidatos ou a estratégia. Porém, em decorrência do êxito de Sharon, até mesmo seus antigos inimigos se dizem amigos com fins eleitorais. Começando por Benjamin Netanyahu, que provocou a revolta dos colaboradores do premier ao autodenominar-se em várias entrevistas como o companheiro de Sharon e aquele que continuará seu caminho, algo que nem sequer Olmert ousou fazer. Para muitos, Netanyahu se beneficia do fato de Sharon não ter condições de responder.Na reestruturação da vida política de Israel, Shimon Peres, líder histórico do Partido Trabalhista israelense, ex-premier e prêmio Nobel da Paz, será o número dois do Kadima, atrás de Olmert, o que provocou muitas críticas. "Peres se sentou com os dirigentes do Kadima e pediu o posto número dois e, se possível, o ministério das Relações Exteriores. Sem vergonha e sem rodeios", criticou o jornal Maariv. No entanto, Peres, de 82 anos, anunciou que não desejava ser primeiro-ministro porque sua prioridade ao deixar o trabalhismo e unir-se ao Kadima era fazer avançar o processo de paz.