Hamas supera Fatah em grandes cidades nas eleições legislativas
Ramala, 16 dez (EFE).- O movimento radical islâmico Hamas venceu as eleições municipais nas principais cidades da Cisjordânia, superando amplamente o governista Fatah, de acordo com os resultados preliminares divulgados hoje.
O Hamas se fortaleceu claramente em Jenin, Nablus e El Bire, segundo fontes da Comissão Eleitoral, em detrimento do partido do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, que parece ter sofrido os efeitos das divisões internas que atravessa.
A menos de seis semanas das eleições legislativas palestinas, marcadas para 25 de janeiro, o Fatah também não conquistou uma vitória contundente em Ramala, capital administrativa da Cisjordânia, onde aparece empatado com a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP).
Seu resultado em povoados e pequenas localidades melhorou, segundo as fontes. Os resultados finais da votação de ontem em 44 municípios, com uma alta participação, só serão divulgados no domingo. Os informes preliminares dão ao Hamas em torno de 70% das cadeiras do conselho municipal de Nablus, contra cerca de 15% para o Fatah.
Nablus, habitualmente controlada pelo Fatah, é uma das cidades mais povoadas da Cisjordânia, com aproximadamente 187 mil habitantes. Muitos saíram na noite de ontem às ruas para comemorar a vitória do Hamas.
O grupo islâmico também colheu importantes vitórias em relação ao Fatah em Jenin, onde alcançou 50%, e em El Bire, vizinha a Ramala, com 72%.
Entre as grandes cidades, o Hamas só perdeu em Ramala, onde não conseguiu derrotar o Fatah, que, em uma lista conjunta com grupos de esquerda, dividiu a vitória com o FPLP.
Além das quatro importantes cidades, o pleito aconteceu em outras 40 localidades e pequenas aldeias cisjordanianas, onde os bons resultados do Fatah lhe permitiram superar o Hamas no número global de cargos municipais.
Militantes do Fatah atribuíram a pouca confiança depositada no partido pelos eleitores das grandes cidades à divisão interna que levou a entregar duas listas à Comissão Eleitoral na quarta-feira, pouco antes do fim do prazo para apresentar candidaturas.
O Fatah acredita que a situação ambígua do movimento estimulou vários ativistas a deixarem o terreno livre para o Hamas, ao não irem às urnas ontem.
O movimento governista se dividiu entre a conhecida como "velha-guarda" (também chamados "tunisianos", que acompanharam o líder histórico Yasser Arafat no exílio da Tunísia) e a "nova geração", integrada por dirigentes que se mantiveram nos territórios palestinos.
A divisão se materializou na quarta-feira, quando surgiu uma lista independente de candidatos formada por proeminentes membros do Fatah e liderada por Marwan Barghouthi, uma das figuras mais destacadas da "nova geração", e que está preso em Israel, onde cumpre penas de prisão perpétua por assassinatos de israelenses.