Filme de Spielberg é criticado por israelenses antes da estréia

Filme de Spielberg é criticado por israelenses antes da estréia

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Filme de Spielberg é criticado por israelenses antes da estréia

Por Dan Williams

JERUSALÉM (Reuters) - O novo filme de Steven Spielberg, sobre a represália israelense ao massacre de seus atletas na Olimpíada de Munique, em 1972, ainda não estreou, mas muitos israelenses estão convencidos de que o famoso criador do longa "A Lista de Schindler" se equivocou.

Vários veteranos da agência de espionagem israelense Mossad ficaram irritados com o filme "Munique", definido por Spielberg como uma "prece pela paz", apesar de a estréia nos Estados Unidos ser apenas em 23 de dezembro e, em Israel, em 26 de janeiro.

Ex-agentes do Mossad afirmam que o filme de duas horas e meia sugere erroneamente que as décadas de luta com os palestinos é mais uma questão de acerto de contas do que autodefesa.

O filme de Spielberg pinta um quadro desolador do que aconteceu aos cinco homens enviados por Israel para assassinar os palestinos ligados ao massacre de 11 atletas olímpicos israelenses -- um evento que atraiu atenção mundial.

O longa é uma adaptação do livro "Vengeance", do jornalista canadense George Jones, que faz uma crônica das confissões dos membros da equipe que renunciaram em protesto às táticas de seu país.

"Acho uma tragédia que uma pessoa da estatura de Steven Spielberg, que fez filmes fantásticos, tenha baseado esse filme num livro totalmente falso", disse David Kimche, um alto funcionário do Mossad nos anos 1970.

"Naquela época, como agora, não tinha nada a ver com vingança", declarou à Reuters. "O objetivo é prevenir mais ataques terroristas contra inocentes."

"O massacre de Munique foi um ponto de virada na nossa atitude diante do terror e do terrorismo. Naquela época, estávamos no epicentro de muitas, muitas ameaças terroristas. Acho que poucas pessoas no mundo percebem o que acontecia então, em termos de terrorismo."

Israel nunca assumiu formalmente a responsabilidade pelos assassinatos -- tiroteios, bombardeios e invasões -- que mataram os membros da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) acusados pelo atentado de Munique.

Somente poucos israelenses não hesitaram em afirmar que a operação foi um meio de deter a violência -- e o exército israelense, mais de 30 anos depois, ainda faz operações de busca e morte de militantes palestinos nos territórios ocupados da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.

Enquanto Israel insiste que seus métodos são eficazes, muitas comunidades internacionais advertem que eles podem apenas continuar o ciclo de violência.

Spielberg, aclamado mundialmente pelo seu épico sobre o Holocausto, "A Lista de Schindler", disse em entrevista à revista Time: "Sempre fui a favor de uma resposta dura de Israel às ameaças. Ao mesmo tempo, uma resposta a uma resposta não resolve nada. Apenas cria um moto-contínuo. Há uma poça de sangue há muitos anos naquela região."

SIMETRIA? NENHUM LADO CONCORDA

Os dois lados do conflito negam que tal simetria exista. As guerrilhas palestinas estão muito aquém do poder de fogo de Israel, enquanto Israel argumenta que os ataques suicidas de palestinos islâmicos querem destruir o Estado judeu.

Em "Munique", Spielberg e o roteirista Tony Kushner inventam uma cena onde um assassino israelense se encontra com um alvo da OLP e ouve seus argumentos pela criação de um Estado palestino.

Para um diplomata israelense, a cena é muito favorável ao palestino. "Não há um contra-argumento a esse monólogo", afirmou Ehud Danoch, cônsul geral de Israel em Los Angeles, após ver o filme.

"Há uma certa presunção nessa tentativa de lidar com um conflito doloroso, que dura muitos anos, com algumas poucas declarações superficiais num espaço de duas horas e meia", afirmou. "São mensagens problemáticas."

Para os poucos israelenses que tiveram contato direto com o que aconteceu em Munique, o filme de Spielberg comete outros erros.

Gad Shimron, ex-agente do Mossad que virou jornalista, descartou a fala improvável em que o herói, Avner, fica com um peso na consciência após os assassinatos e expressa isso publicamente, passando a ser perseguido pelo seu superior no Mossad.

"Uma das melhores coisas do Mossad é que, quando você tem algo em mente, pode falar livremente. Isso não é um problema", disse.

13/12/05 14:05  ( Fonte: Reuters)

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