Médica alemã acusada de tortura é presa no Chile
Colônia foi fundada em 1961 por ex-nazista e pastor batista |
Gisela Seewald, de 75 anos, teria afirmado a um juiz que aplicou sedativos e eletrochoques nas crianças.
De acordo com relatos, a alemã disse ter obedecido às ordens do também alemão Paul Schäfer, o líder da colônia, que teria afirmado que as crianças estavam possuídas.
Schäfer, acusado de abusar de crianças e de ajudar a polícia secreta durante o regime militar chileno (1973-1990), já estava preso.
Ex-nazista e pastor batista, ele fundou a colônia de 13 mil hectares em 1961, depois de fugir da Alemanha para escapar de acusações de abuso de crianças.
Cinco dias
As denúncias são de que as torturas eram aplicadas em jovens que desobedeciam os adultos e demonstravam interesse pelo sexo oposto.
Em depoimentos ao juiz Jorge Zepeda, testemunhas também teriam afirmado que aqueles que protestavam contra os avanços sexuais de Schäfer também eram internados no hospital da colônia e submetidos a "tratamentos" que duravam de um a três meses.
O juiz tem cinco dias para formalizar as acusações contra Seewald. A médica chegou na Colônia Dignidade em 1963, dois anos depois do marido, Gerd Seewald, e de Paul Schäfer.
Gisela Seewald dirigiu o hospital da colônia entre 1975 e 1978. Ela e o marido ainda vivem na comunidade, hoje conhecida como Villa Baviera. No início deste ano, as autoridades chilenas assumiram o controle da região.
Outras denúncias indicam que a maioria dos moradores da colônia era obrigada a viver no local contra a própria vontade.
Além das alegações de abusos contra os habitantes da comunidade, a Justiça chilena também investiga denúncias de tráfico de armas e violação de direitos humanos durante o período em que a colônia foi liderada por Schäfer.