REVISIONISMO HISTÓRICO
Historiador britânico David Irving diz que em Auschwitz judeus morriam apenas de tifo
Áustria prende autor que nega Holocausto
O controvertido historiador britânico David Irving, 67, foi preso na Áustria e teoricamente pode ser condenado de um a dez anos de prisão por negar que durante a Segunda Guerra a Alemanha tenha praticado o extermínio sistemático de judeus.
A prisão ocorreu na última sexta-feira, com base em mandado expedido em 1989. Mas só ontem o Ministério do Interior austríaco a tornou pública.
Irving foi até os anos 60 um historiador relativamente respeitado. Coube-lhe, por exemplo, quebrar um antigo tabu e discorrer sobre a morte de milhares de civis durante o bombardeio aliado a Dresden.
Uniu-se a partir dos anos 70 a partidários do revisionismo histórico que negavam o holocausto e procuravam construir uma imagem positiva de Adolf Hitler. Seu livro "Hitler"s War" (a guerra de Hitler) é um exemplo desse enfoque. Perdeu reputação nos meios acadêmicos e passou a fazer conferências a extremistas de direita e anti-semitas.
Foi em razão de duas delas, em Viena e na cidade de Leoben, há 16 anos, que um inquérito foi aberto, e uma ordem de prisão, expedida. O mandado de prisão, passado tanto tempo, foi agora executado. A legislação austríaca assimila a um crime a negação do genocídio nazista.
Irving estava na Província de Styria, segundo o major Rudolf Gollia, porta-voz da polícia. Depois de ser preso, foi transferido para uma prisão em Graz.
Não foi a primeira vez que Irving teve problemas com a Justiça. Há cinco anos ele perdeu no Reino Unido um processo que moveu contra a historiadora Deborah Lipstadt, uma especialista em Holocausto. A corte, com base em pareceres de outros historiadores, como Richard Evans, de Cambridge, deliberou que ele era "anti-semita, racista e interpretava incorretamente informações históricas".
Por decisões judiciais foi também proibido de entrar na Alemanha, na África do Sul -cujo regime do apartheid ele defendera- e no Canadá, onde foi preso e deportado em novembro de 1982. No ano passado foi-lhe negado visto para conferências na Nova Zelândia.
Em março último, cerca de 200 historiadores americanos pressionaram uma rede pública de televisão a desconvidá-lo para um debate em que exporia suas posições sobre o Holocausto.
Irving admite que judeus foram mortos durante o nazismo, mas nega que Hitler tivesse conhecimento e afirma que em Auschwitz a alta mortalidade de internos se devia só ao tifo. Acusou o pai da judia holandesa Anne Frank de ter forjado seu "Diário". Afirmou também que, em 1956, a população da Hungria "se revoltou contra os judeus", que a seu ver controlavam a máquina do Partido Comunista.
A Associated Press e a Reuters informaram ontem haver dúvidas sobre os procedimentos judiciais derivados da prisão do historiador na Áustria.
O procurador Otto Schneider disse não saber se existem provas suficientes para que o antigo inquérito se transforme em processo e ocorra um julgamento. Uma decisão deve ser tomada até o fim da semana que vem.
No site de Irving na internet, partidários seus afirmam que ele se encontrava "em Viena" por um período de 24 horas, a convite de "um grupo corajoso de estudantes". A Associated Press diz que, apesar das precauções tomadas, Irving foi monitorado ao deixar a Alemanha, onde não está autorizado a entrar, por meio do grampeamento de e-mails de integrantes de organizações neonazistas.
Em solo alemão ele visitou o dramaturgo Rolf Hochhuth, um crítico dos bombardeios aliados durante a Segunda Guerra e para quem Winston Churchill não passava de um "criminoso de guerra". Hochhuth já defendeu Irving, qualificando-o de "um homem honrado".
Com agências internacionais
Historiador britânico David Irving diz que em Auschwitz judeus morriam apenas de tifo
Áustria prende autor que nega Holocausto
O controvertido historiador britânico David Irving, 67, foi preso na Áustria e teoricamente pode ser condenado de um a dez anos de prisão por negar que durante a Segunda Guerra a Alemanha tenha praticado o extermínio sistemático de judeus.
A prisão ocorreu na última sexta-feira, com base em mandado expedido em 1989. Mas só ontem o Ministério do Interior austríaco a tornou pública.
Irving foi até os anos 60 um historiador relativamente respeitado. Coube-lhe, por exemplo, quebrar um antigo tabu e discorrer sobre a morte de milhares de civis durante o bombardeio aliado a Dresden.
Uniu-se a partir dos anos 70 a partidários do revisionismo histórico que negavam o holocausto e procuravam construir uma imagem positiva de Adolf Hitler. Seu livro "Hitler"s War" (a guerra de Hitler) é um exemplo desse enfoque. Perdeu reputação nos meios acadêmicos e passou a fazer conferências a extremistas de direita e anti-semitas.
Foi em razão de duas delas, em Viena e na cidade de Leoben, há 16 anos, que um inquérito foi aberto, e uma ordem de prisão, expedida. O mandado de prisão, passado tanto tempo, foi agora executado. A legislação austríaca assimila a um crime a negação do genocídio nazista.
Irving estava na Província de Styria, segundo o major Rudolf Gollia, porta-voz da polícia. Depois de ser preso, foi transferido para uma prisão em Graz.
Não foi a primeira vez que Irving teve problemas com a Justiça. Há cinco anos ele perdeu no Reino Unido um processo que moveu contra a historiadora Deborah Lipstadt, uma especialista em Holocausto. A corte, com base em pareceres de outros historiadores, como Richard Evans, de Cambridge, deliberou que ele era "anti-semita, racista e interpretava incorretamente informações históricas".
Por decisões judiciais foi também proibido de entrar na Alemanha, na África do Sul -cujo regime do apartheid ele defendera- e no Canadá, onde foi preso e deportado em novembro de 1982. No ano passado foi-lhe negado visto para conferências na Nova Zelândia.
Em março último, cerca de 200 historiadores americanos pressionaram uma rede pública de televisão a desconvidá-lo para um debate em que exporia suas posições sobre o Holocausto.
Irving admite que judeus foram mortos durante o nazismo, mas nega que Hitler tivesse conhecimento e afirma que em Auschwitz a alta mortalidade de internos se devia só ao tifo. Acusou o pai da judia holandesa Anne Frank de ter forjado seu "Diário". Afirmou também que, em 1956, a população da Hungria "se revoltou contra os judeus", que a seu ver controlavam a máquina do Partido Comunista.
A Associated Press e a Reuters informaram ontem haver dúvidas sobre os procedimentos judiciais derivados da prisão do historiador na Áustria.
O procurador Otto Schneider disse não saber se existem provas suficientes para que o antigo inquérito se transforme em processo e ocorra um julgamento. Uma decisão deve ser tomada até o fim da semana que vem.
No site de Irving na internet, partidários seus afirmam que ele se encontrava "em Viena" por um período de 24 horas, a convite de "um grupo corajoso de estudantes". A Associated Press diz que, apesar das precauções tomadas, Irving foi monitorado ao deixar a Alemanha, onde não está autorizado a entrar, por meio do grampeamento de e-mails de integrantes de organizações neonazistas.
Em solo alemão ele visitou o dramaturgo Rolf Hochhuth, um crítico dos bombardeios aliados durante a Segunda Guerra e para quem Winston Churchill não passava de um "criminoso de guerra". Hochhuth já defendeu Irving, qualificando-o de "um homem honrado".
Com agências internacionais