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Pobreza é novo inimigo de Israel - Reprodução


Pobreza é novo inimigo de Israel

NEWTON CARLOS

Israel tem um novo inimigo, a pobreza. É o que mostram, a cada ano, relatórios do National Insurance Institute, agência do governo a cargo da seguridade social.
Amir Peretz, o novo líder do Partido Trabalhista, agrupação com marcas de nascença de centro-esquerda e que exerceu o absoluto domínio da política israelense até os anos 70, trata de escapar dos termos vagos sobre uma "nova geração" no comando do trabalhismo.
Garante que ele voltará às suas raízes de batalhador contra desigualdades. Como não se vê há muito tempo em Israel, questões sociais e econômicas, e não só de segurança, estarão com forte presença no debate político e eleitoral.
É o que prometem Peretz e os seus aliados, o que levou um destacado articulista do "Jerusalém Post", o mais importante jornal de língua inglesa de Israel, a prever o colapso nas urnas do "novo" trabalhismo. "Somos hoje uma sociedade de livre mercado e ponto final", sentenciou.
O premiê Ariel Sharon e seu novo partido procurarão explorar a imagem de Peretz de velho seguidor de um socialismo ainda voltado para conceitos de lutas de classes do século 19, com crença em economia centralizada e nacionalizada e num Estado forte, com poderes reguladores.
O "Haaretz", diário liberal e independente, reduto de intelectuais, no entanto, se diz convencido de que não faltará senso de realidade. Relembra o que dizia Moshé Dayan, de que "só os asnos não mudam de idéias".
Mas discursos com elevada dosagem social não faltarão. "É preciso acabar com os demônios étnicos, lidar com as desigualdades", diz Peretz. A realidade, no caso, está a seu lado.
Quase uma em cada cinco famílias de Israel vive abaixo da linha da pobreza. A média é de uma em cada três crianças.
"Sinal vermelho, está a perigo a sociedade israelense", foi o desabafo de um ministro diante das informações levantadas pelo National Insurance Institute.
Nos anos 50 e 60, Israel foi um dos países mais igualitários entre os "ocidentais". Tornou-se um dos mais injustos a partir dos anos 80.

Guerra de 1967
Um ponto de inflexão foi a guerra de 1967. Nasser, o herói do nacionalismo árabe, preparou-se durante dez anos para a "batalha do destino".
Iria jogar Israel no mar. Israel não só sobreviveu triunfante mas também ocupou a parte oriental de Jerusalém, a Cisjordânia, a faixa de Gaza, as colinas de Golã e a península do Sinai.
Esse triunfo formidável, quando parecia em jogo a própria existência de Israel, subiu à cabeça de boa parte dos israelenses. A partir daí ganhou tons dominantes a idéia até então remota de tomar em definitivo terras ancestrais de Israel.
Fincaram-se as primeiras estacas de um "Grande Israel" com as derrotas impostas, numa só tacada, ao Egito, Síria e Jordânia.
Os desdobramentos políticos foram a criação do Likud, portador de ambições liberadas e oposição à direita ao trabalhismo afinal derrotado em 1977.
No começo dos anos 80, os gastos militares já representavam 32% do Orçamento israelense. A central operária Histadrut, de onde emerge Peretz, foi acossada pelo neoliberalismo e perdeu a condição de instrumento do controle social de grande parte da economia do país.
Os "kibutzim", espécies de cooperativa nas quais estava embutido o sonho de criação de um Israel "socializante", perderam o significado. Cada vez mais se parecem com empresas comuns.
Um importante filósofo chegou a chamar os "kibutzim" de "aldeias de povoadores da utopia". Pelo menos um deles, o Shamir, já negocia ações em "Wall Street" e na bolsa Nasdaq dos EUA, de empresas de alta tecnologia. É dono da empresa Shamir Optical Industry.


O jornalista Newton Carlos é analista de questões internacionais

 



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