Por Nidal al-Mughrabi
GAZA (Reuters) - Israel lançou um novo ataque na Faixa de Gaza e prendeu mais de 200 supostos militantes na Cisjordânia neste domingo, quando o primeiro-ministro, Ariel Sharon, ordenou ao Exército usar todos os meios para interromper os disparos de foguetes a partir de Gaza.
O pior surto de violência desde que Israel retirou-se de Gaza, em 12 de setembro, depois de 38 anos de ocupação, ameaça o frágil cessar-fogo e coloca Sharon sob pressão, pois ele enfrentar um desafio da direita à sua liderança por causa da retirada.
Sharon ordenou ao Exército fazer o que considerar necessário depois que seu gabinete aprovou a retomada dos assassinatos dos líderes militantes, suspensos em fevereiro, e deu luz verde para os militares bombardearem Gaza para responder aos ataques.
"Não pretendemos fazer aqui uma ação única, mas sim uma ação contínua, com o objetivo de atingir os terroristas", disse ele aos ministros.
Sharon fez a declaração depois que helicópteros dispararam dois mísseis no norte de Gaza. Uma fonte militar disse que prédios usados por militantes foram atingidos. Ataques similares no sábado mataram dois militantes e outras 20 pessoas.
Na Cisjordânia, tropas prenderam 207 suspeitos de militância islâmica na ação mais dura em meses. Entre os presos estão os líderes do Hamas Hassan Youssef e Mohammed Ghazal, conhecido como relativamente moderado no grupo que procura destruir Israel.
Tropas estão posicionadas na fronteira com a Faixa de Gaza para uma possível ofensiva terrestre. Em uma demonstração de força, a artilharia treinou perto da divisa. A mídia de Israel disse que a operação foi chamada de "Primeira Chuva".
Moradores entraram em pânico nas ruas de Gaza enquanto aviões de Israel passavam em vôo baixo rompendo a barreira do som. Helicópteros sobrevoavam as ruas.
O presidente palestino, Mahumoud Abbas, disse que se Sharon ordenou o Exército a usar a força total, isso significa que "ele não quer paz, nem segurança, ou negociações".
EXPLOSÃO
A espiral de violência piorou quando uma explosão na sexta-feira matou 16 pessoas em uma manifestação do Hamas em Gaza. Uma das vítimas, um garoto de 12 anos, morreu no domingo em consequência dos ferimentos.
O Hamas culpou Israel e os militantes dispararam pelo menos 40 foguetes contra a região, apesar de os israelenses terem negado a responsabilidade. A Autoridade Palestina disse que a explosão foi aparentemente causada por membros do Hamas que carregavam explosivos.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e a União Européia disseram que estão preocupados com o aumento da violência e pediram cautela.
O embaixador dos Estados Unidos disse que Washington pode entender a resposta de Israel.
A violência pode influir na disputa de Sharon com Benjamin Netanyahu pela liderança do Likud.
Netanyahu disse que a retirada de Gaza traria mais violência. Na segunda-feira, mais de 3 mil membros do partido vão votar contra ou a favor da antecipação das primárias, que Netanyahu deseja.
A violência também é um desafio a Abbas, que evitou desarmar os militantes por temer causar uma guerra civil.
Devido à situação em Gaza, deputados palestinos adiaram uma votação de desconfiança ao governo do primeiro-ministro Ahmed Qurie