
Israel retirará na noite deste domingo as tropas da Faixa de Gaza e encerrará 38 anos de ocupação deste território, um acontecimento histórico que só foi possível graças à decisão de manter de pé as sinagogas das colônias desocupadas.O Gabinete do primeiro-ministro israelense Ariel Sharon, reunido este domingo, decretou por maioria que as sinagogas não seriam demolidas, o que poderia ter adiado em pelo menos 24 horas a retirada das tropas.

Os templos religiosos são praticamente os únicos que ainda estão de pé nas 21 colônias judaicas de Gaza, depois da retirada dos 8.000 colonos deste território.Os palestinos já anunciaram que teriam preferido a demolição das sinagogas por parte de Israel."As sinagogas são um símbolo de ocupação. É melhor que Israel as destrua. Sei que se trata de uma questão sensível, mas ninguém pode garantir que serão preservadas", declarou o conselheiro palestino para a Segurança Nacional, Jibril Rajub.O rabinato apelou ao Supremo Tribunal sobre esta questão, depois de ter pressionado o governo a intervir ante a Autoridade Palestina e instâncias internacionais para conservar os edifícios.Na quinta-feira, o Supremo Tribunal autorizou a destruição das sinagogas.Na manhã deste domingo, o Gabinete decretou o fim da administração militar em vigor no território de Gaza desde sua conquista em 1967.Com a decisão histórica, Israel encerra oficialmente a ocupação militar do local. A operação de retirada, chamada "Última Guarda", começará na noite de domingo.A retirada do Exército acontecerá ao mesmo tempo em todos os setores da Faixa, deve durar 12 horas e terminará na manhã de segunda-feira."As tropas já estão a bordo dos veículos blindados e esperam a ordem de retirada", afirmou uma fonte militar.A cerimônia de transferência de poderes de Israel à Autoridade Palestina, ante a retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza, que estava prevista para este domingo, foi cancelada, anunciaram fontes militares israelenses."Pelo que sabemos, esta cerimônia foi cancelada. Aparentemente porque os palestinos não querem participar", afirmou uma fonte.A cerimônia estava marcada para o posto de fronteira de Erez, zona norte da Faixa, às 15H30 locais (9H30 de Brasília), na presença do comandante da divisão israelense em Gaza, o general Aviv Kochavi, e um representante palestino.Ao mesmo tempo que as tropas israelenses concluem o deslocamento das novas linhas de defesa ao longo da Faixa de Gaza, as forças de segurança palestinas assumirão a responsabilidade pelos territórios desocupados.O governo de Israel também aprovou a retirada de tropas do corredor 'Filadélfia', uma área de vigilância entre o Egito e a Faixa de Gaza que até hoje era controlado pelo Exército israelense.Um acordo recente assinado entre Israel e Egito determina que os guardas de fronteira egípcios começarão a se deslocar pela região na próxima semana.A principal missão dos 750 guardas egípcios será impedir o contrabando de armas deste país à Gaza.A imprensa israelense recebeu favoravelmente a retirada "histórica"."Gaza, o fim", "Depois de 38 anos, este fim de semana Israel encerra sua presença em Gaza", anunciaram na primeira página os dois grandes jornais do país: Yediot Aharonot e Maariv.
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