Zohar Sepher haZohar
IntroduĆ§Ć£o ao Zohar
O "Livro do Esplendor" Ć© o mais completo registro de informaĆ§Ć£o sobre o conhecimento e a natureza da doutrina da Cabala. Sua primeira versĆ£o foi escrita em aramaico, e sua autoria Ć© consensualmente atribuida ao Rabi Shimon bar Yohai. Foi traduzido para o hebraico pelo rabi Yehuda Ashlag (1886-1955) Ed. Hamassorah Meah Shearim, Jerusalem; em 21 volumes. Desta versĆ£o, ou de outras produzidas pelos cabalistas espanhĆ³is, foram criadas duas obras principais: uma traduĆ§Ć£o francesa em seis volumes, por Jean de Pauly, Larousse, Paris 1906; e uma traduĆ§Ć£o inglesa, abreviada em 5 volumes por H. Sperling e M. Simon, Soncino Press, London.
Esta Ćŗltima compreende a chamada versĆ£o de Mantua, de Rom Vilna. O Dr. J. Abelson observa em sua introduĆ§Ć£o a versĆ£o inglesa do Zohar (1931 por Harry Sperling e Maurice Simon) : "Ć© um conjunto de tratados, textos, extratos e excertos de textos relativos a diversos perĆodos mas assemelhando-se todos no mĆ©todo de interpretaĆ§Ć£o mĆstica da Tora, bem como na desconcertante anonimidade em que estĆ£o protegidos. Muitas de suas doutrinas sĆ£o fundamentais e suplementares e podem ser tambĆ©m encontradas nos trechos mais antigos dos Talmuds BabilĆ“nico e Palestino, bem como farta literatura apocalĆtica judaica, produzida nos sĆ©culos imediatamente anteriores e posteriores Ć destruiĆ§Ć£o do segundo Templo.
Ensaios sobre a lei judaica e interpretaƧƵes bĆblicas, que muitas vĆŖzes sĆ£o repetiƧƵes verbais de passagens contidas nos dois textos revistos do Talmud, especulaƧƵes sobre teologia, teosofia e cosmogonia, que encontram paralelo na literatura helenistica, e que em alguns casos mostram semelhanƧas com idĆ©ias contidas no Zend Avesta, o que levou a alguns estudiosos a situar parte do conhecimento do Zohar no Zoroastrismo. Teorias gnĆ³sticas sobre a relaĆ§Ć£o do homem com o divino, reproduƧƵes de crenƧas medievais concernentes a astrologia, fisiognomonia, necromancia, magia e metempsicose, que sĆ£o estranhas ao espĆrito judaico, todos estes elementos se embaralham caĆ³ticamente no Zohar, um verdadeiro depĆ³sito de anacronismos, incongurĆŖncias e surpresas"...
Para alguns autores, parte do Zohar Ć© escrito em hebraico, parte em caldeu ou aramaico. Sua estrutura corresponde aos cinco livros do Velho Testamento: GĆŖnesis, Ćxodo, LevĆtico, NĆŗmeros e DeuteronĆ“mio, usualmente referidos como Pentateuco, que foram considerados como escritura sagrada atĆ© a Ć©poca de Isaias. A estes sĆ£o acrescentados diversos comentĆ”rios, sendo: Raya Mehemna e Tikkunai Zohar encontrados na ediĆ§Ć£o da Soncino.
A histĆ³ria do Zohar
Quando Roma reinava sobre Israel, o Rabi Shimon bar Yohai era discĆpulo do Rabi Akiva. Posteriormente a morte do Rabi Akiva, Rabi Shimon e seu filho Rabi El'azar partiram em segredo para uma caverna na montanha, onde permaneceram por treze anos, atĆ© que a morte do imperador romano permitiu que voltassem de seu isolamento. Desde os primeiros tempos havia ensinamentos secretos do mistĆ©rios Divinos na Torah, que podiam somente interessar a poucos... que apenas algumas poucas almas iluminadas eram capazes de entender.
Existiam textos, mencionados no Talmud, cuja origem remontava a sĆ©culos atrĆ”s. E o Talmud conta sobre sagas dos que trabalharam para dominar este conhecimento esotĆ©rico. Os anos que o Rabi Shimon bar Yohai passou com seu filho na caverna, marcaram um ponto de mudanƧa na histĆ³ria deste grande corpo de conhecimento escondido. Na escuridĆ£o de sua caverna, sem nenhum texto para ler, o Rabi Shimon trouxe a tona os nĆveis mais profundos da memĆ³ria e visƵes armazenadas em seu inconsciente, por anos de estudo com os mestres do passado.
Assim o Zohar tomou forma - um Ćŗnico trabalho que se tornou o texto clĆ”ssico da Cabala. Em cada geraĆ§Ć£o, depois disto, poucos selecionados o guardaram e estudaram atĆ© que no sĆ©culo XIV, na Espanha, o Zohar tornou-se conhecido para nĆ£o mais ser escondido. Muitos estudaram e compreenderam as intrigantes verdades do misticismo judeu. Mas poucos puderam fazer os outros compreenderem e ver.
Para isto, o judaĆsmo deveria esperar por Safed, em 1500. LĆ” o Rabi Moses Cordovero nasceu em 1522. E lĆ” estudou com o Rabi Sh'lomo Alkabetz, autor de L'cha Dodi. Em tempo, a Cabala encontrou nele, o que a muito tempo era necessĆ”rio, um mestre inspirado com uma pena. Os poucos trabalhos publicados representaram a mais clara apresentaĆ§Ć£o, jamais antes realizada, e a luz brilhante da Cabala atingiu a Europa Ocidental e deu vida e dinĆ¢mica ao grande movimento dos Hassidim.
Ao mesmo tempo, um segundo mestre chegou a Safed: Rabi Isaac Luria, o Ari, de memĆ³ria sagrada, que descobriu o Zohar e o estudou por longos anos, transmitindo-o oralmente a seus disĆpulos, junto com ensinamentos muito complexos para serem escritos. Mas os discĆpulos anotaram tanto quanto foi possĆvel, produzindo os volumes do que agora chamamos de "seus escritos". Estes escritos entretanto sĆ³ foram revelados no sĆ©culo XX, quando o Rabi Ashlag abriu as portas, e trouxe a pĆŗblico, a nova visĆ£o, a nova consciĆŖncia, das grandes verdades da Cabala.
Este trabalho chama-se "Ten Luminous Emanations". Este grande cabalista, em meio a considerĆ”vel oposiĆ§Ć£o dos Talmudistas frente a Cabala, na Ć©poca moderna, teve como objetivo tornar a Cabala mais acessĆvel para todos aqueles cujo desejo era o entendimento dos seus ensinamentos sublimes e esotĆ©ricos. O trabalho do Rabi Yehuda Ashlag foi volumoso, e finalmente desanuviou o medo infundado das autoridades TalmĆŗdicas, mostrando que a Cabala nĆ£o era um tĆ³pico de estudo genĆ©rico e que somente os selecionados poderiam entrar na sua sabedoria secreta.
Ćqueles jĆ” espiritualmente orientados na sua busca de experimentar o Divino. Ćqueles cujas necessidades nĆ£o seriam satisfeitas com as visƵes tradicionais e dogmas estabelecidos em sua abordagem de realizar o "Mitzvot" (os mandamentos da Torah), e para os cientistas em curso de colisĆ£o com a espiritualidade. Estes agora poderiam encontrar uma forƧa renovada no conhecimento na Cabala. Rabi Ashlag, foi o tradutor do Zohar, para a lĆngua hebraica, cujo resumo "An Entrance to the Zohar", analisamos a seguir.
O DeclĆnio da Espiritualidade e a RevelaĆ§Ć£o do Zohar
Maimonides, de memĆ³ria sagrada, uma vĆŖz deu um exemplo que se aplica atĆ© hoje: Se uma linha de mil pessoas cegas caminha pela estrada, mas Ć© guiada por apenas uma pessoa com visĆ£o, todos podem estar certos de que seguirĆ£o o caminho correto. Mas se por outro lado, o primeiro da fila tambĆ©m nĆ£o enxergar, todos provavelmente se perderĆ£o junto com o seu guia...
Isto nos ajuda a entender a pergunta: Porque a Cabala (representada pelo Zohar) nĆ£o foi revelada Ć s geraƧƵes passadas, que, sem dĆŗvida, estavam em planos mais altos que as Ćŗltimas geraƧƵes, e portanto mais aptas a recebĆŖ-la ? Porque um comentĆ”rio do Zohar nĆ£o foi revelado a nenhum dos Cabalistas antes de Isaac Luria, o Ari, de memĆ³ria abenƧoada ?
A estas perguntas cabe colocar uma outra: Ć a nossa geraĆ§Ć£o (do autor Rabi Yehuda Ashlag) apropriada ?
A resposta deve ser que nosso mundo, durante os 6.000 anos de sua duraĆ§Ć£o, Ć© como um semblante (Parzuf), o qual Ć© dividido em trĆŖs partes: uma cabeƧa composta por Hokhmah (Sabedoria), Binah (InteligĆŖncia) e Da'at (Conhecimento); um meio composto por Hesed (MisericĆ³rdia), Gevurah (Julgamento) e Tiferet (Beleza); e um fim, composto por Netzah (PaciĆŖncia PerpĆ©tua), Hod (Majestade) e Yesod (FundaĆ§Ć£o).
Em relaĆ§Ć£o a isso, os Rabis, de memĆ³ria abenƧoada disseram: "Nos primeiros dois mil anos era o caos, os prĆ³ximos dois mil anos foram a Torah, e o perĆodo dos ultimos dois mil anos Ć© a Era Messianica" (Sanhendrin, 97a). Pois nos dois mil primeiros anos, que sĆ£o o aspecto da cabeƧa e de Hokhmah, Binah e Da'at, as Luzes eram muito poucas e eram consideradas o aspecto da cabeƧa sem o corpo, a qual contem apenas as Luzes do EspĆrito Primitivo (Nefesh).
Como os veĆculos sĆ£o o oposto da Luz, entende-se porque os mais altos veĆculos Hockmah, Bihnah e Da'at vieram primeiro, e foram vestidos pela mais baixa das Luzes, as do EspĆrito Primitivo (Nefesh).
Durante o segundo perĆodo de dois mil anos do mundo, cujos aspectos eram Hesed, Gevurah, e Tiferet dos veĆculos, a luz do EspĆrito (Ruah) desceu e vestiu-se no mundo.
Este Ć© o segredo (Sod) da Torah.
Os Ćŗltimos dois mil anos do mundo sĆ£o Netzah, Hod, Yesod e Malkhut dos veĆculos, e portanto neste tempo, a maior das Luzes, a Luz da Alma (Neshamah) torna-se vestida no mundo.
De maneira semelhante, no caso de cada semblante individual (Parzuf) que estĆ” nos veĆculos de Hokhmah, Binah, Da'at, Hesed, Gevurah e Tiferet, extendendo-se ao seu peito, as Luzes mantem-se cobertas e somente comeƧam a irradiar seus favores manifestos - os quais significam a manifestaĆ§Ć£o sa sabedoria sublime - somente do peito para baixo; o que Ć© o mesmo que dizer em sua Netzah, Hod, Yesod e Malkhut que estĆ£o no semblante (Parzuf) do mundo comeƧam a se manifestar, o que Ć© o mesmo que dizer nos dois mil anos finais, a sabedoria do Zohar e a sabedoria da Cabala em particular estavam escondidas do mundo. Entretanto, durante o perĆodo do Ari, de memĆ³ria abenƧoada, quando o tempo para a compleiĆ§Ć£o dos veĆculos do peito para baixo estava se aproximando, a iluminaĆ§Ć£o da sabedoria sublime fĆŖz-se manifestar atravĆ©s da alma sagrada do Rabi Isaac Luria de memĆ³ria abenƧoada, que estava preparado para receber esta grande Luz.
EntĆ£o ele revelou os pontos principais do Zohar e tambĆ©m a sabedoria da Cabala, ao nĆvel de ofuscar todos aqueles que o precederam.
Entretanto, como os veĆculos nĆ£o estavam totalmente completos, o Ari de memĆ³ria abenƧoada morreu em 5332, o mundo ainda nĆ£o estava pronto para que todas as suas palavras fossem reveladas. Assim estas palavras foram apenas conhecidas por pucos ilustres que nĆ£o tinham permissĆ£o para revelĆ”-las ao mundo.
Mas desde nossa geraĆ§Ć£o, estamos agora nos aproximando do final dos ultimos dois mil anos, e permissĆ£o foi dada para revelar suas palavras e tambĆ©m as palavras do Zohar, ao mundo.
Assim as palavras do Zohar, serĆ£o gradativamente reveladas, em sua totalidade, de acordo com o propĆ³sito do Todo-Poderoso
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