O veterano líder trabalhista, Shimon Peres, e o incondicional pacifista e dirigente do Yahad, Yossi Beilin, promotor da chamada Iniciativa de Genebra, defenderam o apoio da IS à retirada de Gaza.
No entanto, Beilin colocou como condição para a ação a abertura de um "horizonte político", advertindo os presentes de que, caso contrário, o remédio será pior do que a doença.
"Todos apoiamos a retirada de Gaza porque acreditamos que é muito importante que uma pessoa como (o primeiro-ministro Ariel) Sharon faça essa evacuação de assentamentos, mas não devemos esquecer que este plano pode levar a uma situação ainda pior do que a atual", explicou o líder pacifista.
Para ele, a evacuação de Gaza como plano unilateral não pode ser um bom começo para nenhum processo de paz se depois não existir um "horizonte político" claro para o povo palestino, porque de nada servirá evacuar a faixa para transformá-la em "uma grande prisão" e "fechar as fronteiras" de Israel aos trabalhadores palestinos.
Frente a ele, um Peres que, de acordo com seu habitual pragmatismo e com seu cargo de vice-primeiro-ministro no governo de Sharon, defende a garantia dos avanços e a colaboração internacional para que Gaza possa caminhar em direção ao desenvolvimento econômico sem depender diretamente de Israel.
"As soluções não são imediatas, mas demoram a chegar. Por isso, devemos planejar hoje o que devemos fazer até agosto, quando acontecerá a retirada, e o que de mais importante faremos depois dela", afirmou Peres.
A reunião do Presidium, organismo presidido pelo secretário-geral da IS, o chileno Luis Ayala, deu início às reuniões do Conselho e das comissões, nas quais serão debatidas as propostas que foram colocadas na reunião preparatória de Londres, há duas semanas.
"Em princípio, será levada à votação a proposta de apoiar novamente a chamada Iniciativa de Genebra, aceita no Congresso da IS no Brasil, em 2003", disse à EFE Alón Liel, membro do "Yahad".
No entanto, Beilin não escondeu seu medo de que o trabalhismo se coloque no meio do caminho e expressou sua esperança de que Peres não torpedeie a proposta para se poupar de problemas com Sharon, que projetou o chamado "plano de desligamento" como alternativa de emergência à Iniciativa de Genebra.
"Em meu ponto de vista, o Congresso de 2003 definiu o apoio à Iniciativa de Genebra como solução compreensiva ao conflito. Por isso, espero que continue sendo assim", disse o líder pacifista, em entrevista à EFE.
A decisão sobre que postura a IS adotará em sua resolução final só será conhecida na terça-feira, quando o Conselho realizará sua reunião de encerramento em Ramala, a outra cidade anfitriã do encontro.
O Conselho, com representantes dos mais de 140 partidos políticos e filiados à IS, acontece em duas cidades ao mesmo tempo, uma israelense e outra palestina, em um claro gesto de apoio ao processo negociador.
Sob o lema "Por um Oriente Médio em paz, com democracia política e econômica: a visão social-democrata", foram à reunião cerca de 300 políticos socialistas e trabalhistas de todo o mundo, entre eles ex-governantes como o espanhol Felipe González e os ex-primeiro-ministros da Noruega, Thorbjorn Jagland, e de Portugal, Antonio Gueterres.