A idéia dos quatro mundos é um dos conceitos fundamentais da Cabala teórica. Baseia-se em inferências especulativas, a partir de partir de passagens e versículos obscuros do Tanach. Segundo a Cabala, a estrutura do universo se compõe de quatro planos hierárquicos que são nomeados como o Mundo da Emanação (Olam HaAtzilut), o Mundo da Criação (Olam HaBriá), o Mundo da Formação (Olam HaIetzerá) e o Mundo da Ação (Olam HaAssiá). Esta denominação se refere à hierarquia descendente, na direção espírito-matéria.
O Mundo da Emanação, como o próprio nome sugere, é o primeiro plano emanado da Luz original. Em conseqüência disto, a natureza deste plano é essencialmente espiritual. Ele antecede a Criação propriamente dita, mas é condição para que ela venha a ocorrer de forma latente no plano imediatamente a seguir, no trajeto descendente.
O conteúdo do Mundo da Emanação, como o reflexo emanado da Luz original, consiste nos dez atributos divinos em associação com os dez Nomes de Deus, e que se manifestarão nos planos subseqüentes de acordo com a natureza de cada um, por analogia, até o último e residual plano físico. Significa que o homem reproduz em sua natureza, os atributos divinos, de forma que, observando-se o homem, é possível entender o Divino. O Mando da Emanação é o plano do espírito.
O Mundo da Criação se constitui no segundo plano emanado da Luz original e se apresenta como o plano potencial — o projeto original da Criação. Significa que a Criação se manifesta na sua totalidade como que inscrita em semente, com a idéia. Toda genialidade do intelecto e toda profecia do espírito resultam deste plano. Aqui já há seres sutis; o Mundo da Criação contém os dez arcanjos, de acordo com os dez atributos divinos.
Conforme se apresentam no relato bíblico, e que se expressam no Mundo da Emanação. Talvez estes seres sutilíssimos expliquem o uso do verbo no plural em “Façamos o homem.~.’. Supor que o Criador estivesse planejando a criação do homem em parceria com tais seres seria inadmissível para a concepção absolutamente monoteísta do judaísmo. No caso, Deus estaria informando a sua decisão de criar o homem e o fez Ele Mesmo, O Mundo da Criação é o plano do pensamento.
O terceiro plano na direção descendente é o Mundo da Formação. Este é o plano do sentimento. Nele, já se percebe alguma densidade, ainda que rarefeita. Não há ainda matéria propriamente dita, mas a forma começa a se delinear, não concretamente, mas como as formas dos sonhos, dos devaneios, da imaginação.
Se o plano imediatamente anterior, o Mundo da Criação, se constitui no projeto original da criação, o Mundo da Formação é o espaço-tempo onde e quando o projeto ganha forma, uma forma não perceptível aos sentidos, mas acessível à mente nos estados oníricos e meditativos, O Mundo da Formação contém as hostes angelicais, em número de dez, em analogia com os dez arcanjos do Mundo da Criação e com os dez atributos divinos do Mundo da Emanação.
O Mundo da Formação, em sua concepção inferior, já apresenta materialidade, na forma dos astros. Assim, os dez atributos divinos do Mundo da Emanação, os dez arcanjos do Mundo da Criação e as dez hostes angelicais do Mundo da Formação em sua concepção superior são representados nesse plano, por analogia, pelos planetas, a Lua e o Sol.
Os termos superior ou inferior dizem respeito à trajetória descendente no eixo espírito-matéria. implicando uma indicação semelhante à geográfica, embora não-geográfica, considerando-se que o eixo espírito-matéria se constitui cm urna construção mental. Isto significa que os termos superior ou inferior se referem a uma localização imaginária para efeito de compreensão, e não, a uma avaliação qualitativa.
O Mundo da Ação ou Produção é a emanação mais remota da Luz original. É o plano denso que conhecemos através dos sentidos, no qual a densidade atinge o seu mais alto grau, constituindo-se em corporeidade. A sutileza da Luz original conclui a sua trajetória gradativa e descendente até a manifestação final na matéria.
O processo de manifestação nos quatro planos ocorre sucessivamente de forma especular: o corpo é o aspecto da forma que, por sua vez, representa a idéia que reflete a emanação primeira da Luz original. Em outras palavras, a matéria é o espírito em outro estado e vice-versa. É possível inferir, então, que a cada ser, evento ou ação no plano físico, corresponde uma contraparte espiritual que lhe é equivalente vice-versa.
O Mundo da Ação ou Produção contém a natureza co homem; os dez aspectos que se revelam em cada pla no, à sua maneira, nele se manifestam como o corpo e os atributos humanos, cm analogia com os astros, as hostes angelicais, os arcanjos, os atributos divinos e os Nomes de Deus dos demais planos. Isto explica a afirmação bíblica de que o homem foi feito ‘à imagem e semelhança”de Deus.
Esclarece também como a unidade se diversifica sem perder o caráter unitário, como tudo perpassa tudo é perpassado por tudo, e como Deus faz emanar o Seu reflexo sob as formas de universo, natureza e homem, em hierarquia gradativa e descenden te, sem, contudo, perder o caráter divino, O Mundo da Ação se manifesta como o plano dos sentidos.
Esta compreensão da estrutura do universo sugere que toda a Criação é emanação divina, como uma extensão da Divindade. A proximidade ou afastamento em relação à fonte original determinam o grau de espiritualidade ou materialidade e de sutileza ou densidade dos planos criados e tudo o que eles contêm.
Com o entendimento dos quatro planos cósmicos, é pos sível compreender também os âmbitos de atuação dos seg mentos da alma. Cada plano cósmico é adequado à ação de determinado segmento: Nefesh circula e atua no Mundo da Ação; Ruach, no Mundo da Formação; Neshamá, no Mundo da Criação; Chaiá e Iechidá pertencem aos planos superiores: o Mundo da Emanação e os planos transcendentes, no trajeto de retorno à Luz original.
Um conhecimento muito importante para nós Humanos trata se de ter uma consciência do universo como um todo
ResponderExcluirSaibamos que todo este estudo expande a
Mente humana nos tornando seres melhores